sábado, 31 de outubro de 2009

REPÚDIO DA CONFECOM

A Conferência Estadual de Comunicação do Acre repudia veementemente os critérios estabelecidos de forma draconiana e antidemocrática pela Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação, pois ferem o princípio constitucional da igualdade dos entes federados, impedindo que as deliberações da Conferência Estadual ocorressem de forma soberana.

A Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação autorizou a imposição de conteúdo não aprovado pelos Grupos de Trabalho da Conferência de Comunicação do Estado do Acre.

Isto aconteceu com o claro objetivo de favorecer os grupos empresariais que não estão dispostos ao diálogo transparente e democrático e que não representam plenamente a vontade da sociedade acreana.

Os grupos empresariais vão usar a Conferência Nacional de Comunicação para consolidar a sua hegemonia e seus interesses em detrimento da maioria da população brasileira.

Neste sentido, esclarecemos que as propostas apresentadas como divergentes no relatório final da Conferência Estadual de Comunicação do Acre, na verdade foram propostas rejeitadas pela maioria dos Grupos de Trabalho.

Por isso, repudiamos categoricamente que a I Conferência Nacional de Comunicação deste País, que poderia marcar o início do processo de democratização das mídias, sirva apenas para legitimar a triste condição da comunicação brasileira.

Meu comentário: outra moção da Confecom repudia a política de comunicação do governo petista do Acre, considerada excludente, cerceadora da liberdade, sobretudo com uso da censura prévia. Daqui a pouco o documento.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO

Alcione Carolina

Tem início hoje, na Usina de Artes João Donato, a partir das 19 horas, a etapa estadual do Acre na Conferência Nacional de Comunicação. Serão dois dias para escolha de 10 delegados da sociedade civil e 10 do mercado que irão defender na Conferência Nacional as propostas extraídas do debate público ocorrido aqui em Rio Branco.
As incrições podem ser feitas aqui.

Esse processo é importante e inaugural. Nunca o Brasil teve uma conferência nacional, um debate público em todo os estados brasileiros para conversar sobre comunicação. É a primeira oportunidade que todos nós temos de debater e propor que tipo de comunicação queremos para o nosso país, cujo tema é “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, o que aproximou a cultura digital desta importante agenda nacional.

A discussão percorre três eixos:

Produção de Conteúdo
conteúdo nacional; produção independente; produção regional; garantia de distribuição; incentivos; tributação; financiamento; fiscalização; propriedade das entidades produtoras de conteúdo; propriedade intelectual; órgãos reguladores; competição; aspectos federativos; marco legal e regulatório.


Meios de Distribuição
televisão aberta; rádio; rádios e TVs comunitárias; internet; telecomunicações; banda larga; TV por assinatura; cinema; mídia impressa; mercado editorial; sistemas público, privado e estatal; multiprogramação; tributação; financiamento; responsabilidade editorial; sistema de outorgas; fiscalização; propriedade das entidades distribuidoras de conteúdo; órgãos reguladores; aspectos federativos; infraestrutura; administração do espectro; publicidade; competição; normas e padrões; marco legal e regulatório.

Direitos e Deveres
democratização da comunicação; participação social na comunicação; liberdade de expressão; soberania nacional; inclusão social; desenvolvimento sustentável; classificação indicativa; fiscalização; órgãos reguladores; aspectos federativos; educação para a mídia; direito à comunicação; acesso à cultura eà educação; respeito e promoção da diversidade cultural, religiosa, étnico-racial, de gênero, orientação sexual; proteção a segmentos vulneráveis, como crianças e adolescentes; marco legal e regulatório.

Aproveitando o ensejo, socializo as propostas resultantes da Conferência Livre Comunicação para a Cultura, ocorrida em Pernambuco, com ampla participação da sociedade civil, via pontos de cultura, pontões de cultura digital, pontos de mídia livres dentre outras ações estimuladas nacionalmente pelo Ministério da Cultura.

Mais informações em:
http://proconferencia.org.br/
http://confecom-acre.blogspot.com/

Alcione Carolina participa como representante do Ministério da Cultura, que integra a comissão organizadora da Conferência Nacional de Comunicação.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

FÓRUM NACIONAL DE MÍDIA LIVRE

Convite dos organizadores do I Encontro Nacional de Blogs Políticos e II Fórum Nacional de Mídia Livre.

Participarei como palestrante no Encontro Nacional de Blogs Políticos, que ocorrerá nos dias 5 a 6 de dezembro, na Universidade Federal do Espírito Santo, na cidade de Vitória.

O objetivo é construir uma rede de blogs políticos no Brasil, bem como debater os principais desafios ao desenvolvimento de uma blogosfera autônoma e sustentável no país.

Atualmente, censuras, processos judiciais e suspensão de posts ameaçam a liberdade de informação na internet e constrange a atividade pública dos blogs no país.

A programação será realizada na forma de conferências livres, com acesso gratuito, mas com inscrições limitadas.

Ao final do evento, que acontecerá como parte da programação II Fórum Nacional de Mídia Livre, os organizadores querem lançar a rede de blogs políticos do Brasil, como parte de uma processo ampliado de cobertura online da política, a partir de 2010.

Saiba mais no blog do II Fórum Nacional de Mídia Livre.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

IMAGENS DO DEBATE NO MEDIAON


Marcante a experiência de ter participado de um debate nesta quarta-feira do MediaOn, maior fórum de jornalismo da América Latina, com tuiteiros de todas as regiões do país interagindo em tempo real.

Estavam lá a jornalista Camilla Menezes, filha do técnico Mano Menezes, e Danilo Gentili, do CQC, ambos responsáveis pelos perfis mais acessados do Twitter.

O debate sobre o poder de blogs e twittes no jornalismo online foi mediado por Marion Strecker, diretora de conteúdo do UOL.


As fotos de Reinaldo Marques, do portal Terra, podem ser melhor visualizadas com um clique nas imagens.



Camila Menezes tem uma amiga do Acre com quem estudou no Rio Grande do Sul e de quem recebe eventualmente bombons de cupuaçu


Não deixei Danilo Gentilli se aproximar demais de Camila Menezes, mas não serviu para impedir que ficasse fazendo caretas de reprovação para a moça. O moço é mesmo um insano.

Meus colegas Vagner Magalhães e Hermano Freitas, ambos repórteres do portal Terra, que relatam todos os debates no evento.

Saiba mais no site do MediaOn ou no portal Terra.

MPF ACIONA JUSTIÇA FEDERAL


A Justiça Federal vai avaliar se um helicóptero adquirido recentemente pelo governo do Acre está sendo usado para fins publicitários.

De acordo com uma ação civil pública do Ministério Público Federal, existe uma enorme desproporção da estrela vermelha pintada na fuselagem do aparelho, que faria confundir a estrela constante na bandeira do Acre com a estrela símbolo do PT. O partido cumpre o terceiro mandato consecutivo à frente do governo estadual.

O helicóptero, modelo Esquilo AS 350 B2, foi comprado por R$ 7,9 milhões com recursos quase totalmente provenientes de convênio do governo estadual com o Ministério da Justiça, por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Foto: Eduardo Duarte

Leia mais no Blog da Amazônia.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O NOVO JORNALISMO ACREANO

Josafá Batista

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Acre (Sinjac), Marcos Vicentti, anunciou hoje em entrevista ao programa Boa Tarde Rio Branco a realização de um evento público para discutir um "novo jornalismo"; algo capaz, segundo ele, de adequar-se "ao novo momento que o Acre vive atualmente".

Taí uma coisa que não pretendo perder (como diz a Beth Passos, "nem sob tortura!"). Entre outras questões, quero saber o que é esse "novo momento" e quais as suas implicações REAIS para a vida das pessoas: sem desconsiderar a beleza dos nossos novos, verdes e belos monumentos e praças, a miséria, o desemprego e a violência não só se mantém nos mesmos espaços da cidade como também dispararam em intensidade!

Que novo momento é esse que não tem implicações práticas na vida da maioria das pessoas?

Obviamente isso tem a ver com o tipo do jornalismo que se pratica hoje, não só no Acre como no resto do país: diferentemente da velha concepção positivista, a História não é escrita por "grandes homens" e suas "grandes realizações". A História é escrita por processos sociais, sendo tais processos ao mesmo tempo manifestos e ocultados ao longo da sua realização.

Não é por acaso, por exemplo, que o PROCESSO do desgaste da política tradicional acreana tenha produzido as novas lideranças políticas que governam no Acre atualmente, assim como não é coincidência que essas lideranças lutem para ocultar o seu próprio desgaste ao colocar-se, na própria imprensa, como a quintessência final, a realização da História da política acreana - e nesse processo costumam inclusive negar fatos históricos concretos, como rebeliões de presidiários, corrupção, violência urbana, negociatas com os barões da nossa mídia etc.

Curiosamente o mesmo processo é seguido por muitos críticos (ou supostos críticos) desta trajetória. Altino Machado e Toinho Alves, só para citar dois intelectuais orgânicos dessa nova fase histórica, fazem crítica ao poder no exato tom que os atuais donos desse poder usam para criticar os donos - antigos - do mesmo poder.

Altino e Toinho - e há outros - não se colocam como atores de um processo social, não reconhecem que a crise do jornalismo sintomatiza uma crise de um sistema inteiro.

A crise da nossa imprensa é mero sintoma da crise de comunicação social.

A crise não é de informação, de notícia. A crise é de expressão, da - falta de - debate, da percepção muito clara da população de que este tipo de jornalismo atual só transmite um único tipo de visão da sociedade: a visão dos proprietários, dos salvadores de coisa alguma, dos coronéis de barranco high-tech ávidos pelo tilintar do erário público em seus bolsos sem fundos...

A origem da crise é até meio óbvia: não pode haver comunicação social se os meios de produzi-la são restritos a meia dúzia de comerciantes da informação.

A solução para as crises, a da imprensa e a da comunicação, não é outra senão a democratização dos meios de comunicação. É o controle social das empresas que produzem a ação comunicacional, e com elas o próprio ato de comunicar.

Absurdo? Absurdo é alguém desconhecer hoje em dia a origem suja das pomposas empresas de comunicação que atuam no Acre hoje, todas erguidas sobre camadas de dinheiro público, e portanto social.

Portanto, a César o que é de César, a Deus o que é de Deus, e ao povo o que é do povo!

Josafá Batista escreve no Blog do Josafá

TERRA MAGAZINE


Na redação da Terra Magazine, acompanhado de Cláudio Leal, Diego Salmen e Marcela Rocha. Para animá-los ainda mais, trouxe castanhas cristalizadas, bombons e salames de cupuaçu.

FUNDO PREVIDENCIÁRIO DO ACRE

Ednei Muniz

O governador Binho Marques (PT) afirmou nesta segunda-feira, 26, durante o “Seminário de Previdência do Estado do Acre”, que o Fundo Previdenciário Estadual é uma verdadeira bomba-relógio. Disse, ainda, que a saúde financeira do mesmo poderá não ser satisfatória para arcar com o pagamento das aposentadorias que virão no futuro próximo.

O problema, bastante previsível à época em que começou a ser produzido, é grave e precisa entrar na pauta de todos os sindicatos, e demais instituições, imediatamente. O alerta já foi dado, sabiamente, pelo governador.

Para ilustrar a situação, e também para ajudar na reflexão do problema, faremos alguns comentários, inevitáveis, diga-se, a cerca do histórico do Fundo Previdenciário Estadual desde que foi criado.

Desde o nascedouro, em 1994, o Fundo Previdenciário nunca deixou de causar polêmicas. Já no ano de sua criação, o então governador Romildo Magalhães pegou emprestado R$ 1,5 milhão para complementar as despesas de pagamento dos servidores públicos, referente ao mês de julho, e também para garantir o repasse do duodécimo dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como do Ministério Público e do Tribunal de Contas, referente ao mês de agosto daquele ano. Na época, o procedimento contou com o aval de todas as instituições interessadas. Ninguém disse nada, até mesmos os sindicatos assinaram em baixo. Detalhe: o procedimento foi ilegal.

Em 1996, mais especificamente em 30 de março, o governo, mais uma vez contrariando a lei, solicitou ao Fundo um empréstimo de R$ 7 milhões para, novamente, pagar os salários atrasados dos servidores. A medida foi adotada após o governo argumentar que o Estado passava por dificuldades financeiras, o que foi desmentido pelo Tribunal de Contas logo em seguida, ao afirmar que havia disponibilidade financeira de R$ 13 milhões.

Levantamentos realizados à época confirmaram que no período de 1º de abril de 1994 a 31 de março de 1996 foi descontado dos servidores para o Fundo Previdenciário R$ 26 milhões. No entanto, nesse período todo, apenas R$ 7 milhões foram destinados efetivamente para as contas do fundo.

Até hoje não se sabe ao certo onde o dinheiro foi parar. Segundo o Ministério Público Federal, Orleir Camelir teria argumentado que seria para investimentos em casas, mas que nunca saíram do papel. Os fatos chegaram a constar do pedido de impeachment do ex-governador, que como já narrado por mim em outra oportunidade, acabou em cachaça e coca-cola em pleno salão nobre da Aleac. Ainda existe gente afirmando que alguns deputados foram comprados com dinheiro do fundo.

Enfim, o tempo passou, veio o atual governo e tentou evitar o pior (é preciso reconhecer), mas, ao que tudo indica, as feridas do passado foram mais profundas do que se imaginava na época negra em que instituições públicas e sindicatos, entre a cruz e a espada, assinavam acordos ilegais para destruir a aposentadoria futura de pobres trabalhadores.

Por fim, fica a pergunta: quem pagará a conta?

Edinei Muniz é advogado

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ACRE NÃO É HOLOGRAMA


Pérola no Twitter da socialite carioca Narcisa Tamborindeguy:

- Estou bebendo uma agua de coco importada do Acre.. viu? tá ai a prova pra quem acha que o acre é um holograma..

Meu comentário: Que loucura! Não dá para acreditar nela porque a água de côco do Acre é importada de Rondônia.

TUDO NO MUNDO SE ACABA


O jornalista Antonio Alves, assessor do governador do Acre Binho Marques (PT), faz esclarecimentos no blog Tempo Algum a respeito de sua recente desfiliação do partido para participar da campanha da presidenciável Marina Silva.

Veja o que diz Toinho Alves, um dos principais estrategistas da esquerda no Acre, sobre a coligação Frente Popular:

- Hoje é muito maior, mais poderosa e mais conservadora. Mas isso é natural: assim como as pessoas, as organizações e instituições também envelhecem. A Frente Popular foi um importante instrumento de ação política para esta geração. As novas gerações criarão outros instrumentos. Tudo no mundo se acaba, não é mesmo?

Leia mais no blog Tempo Algum.

FESTCINE AMAZÔNIA

domingo, 25 de outubro de 2009

SORVETE DE SKOL

Sorvetes e picolés de cerveja Skol lideram há anos a preferência de adultos e crianças na Chaumas Sorveteria, no Bairro XV, em Rio Branco (AC).



LULA, CRISTO E JUDAS

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE

“Se Jesus Cristo nascesse no Brasil e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”. (Lula, em entrevista a Folha de S. Paulo, 22/10/2009).

Vamos ver se isso é verdade. Supunhetamos que Jesus nasceu em Belém. Podemos imaginar as circunstâncias. Foi assim: estamos na periferia de Belém do Pará, em 1980. Uma caboca bonita, do pé roxo e de olhar triste, chamada Maria, e seu marido Zé, trabalhador de uma serraria, visitam a prima Isabel. É de noite. Faz um calor amazônico. Eles sintonizam a Rádio Aurora, emissora concedida à cunhada do senador Gilvan Borges (PMDB/AP–vixe!). Eis que de repente o programa “Alô Alô Amazônia”, entre tantos avisos para os ouvintes do interior, coloca no ar um anúncio surpreendente:

- Alô, alô, Dona Maria! Alô, alô, Dona Maria, no bairro do Jurunas, Rua Mundurucus, esquina com a Travessa dos Apinagés! Gabriel, o Anjo do Senhor, anuncia que a senhora vai conceber e dar à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e reinará eternamente na casa de Jacó e seu reino não terá fim.

O último que soube da notícia foi seu Zé, coitado, ali, num cantinho, fumando um Continental sem filtro. Tentando disfarçar, Maria disse pra prima:

- Erraste, maninha! Eu, hein! A buchuda aqui és tu!

Acontece que uma buchuda sempre reconhece a outra. Bebel, grávida de seis meses de Zacarias, ex-jogador do Paissandu, avaliou com um olho clínico a barriga da prima e saudou:

- Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre.

A caboca Maria confessou, então, a recente gravidez e cantou o mais belo carimbó já gravado pelo Pinduca - o Magnificat:

- “Dona Maria chegou, chegou, com a mandioca / Glorificando ao Senhor, Senhor, com a tapioca”.

E completou:

- O Senhor fez em mim maravilhas / Santo é seu nome. Saciou com tapioca os famintos / deixou os ricos sem nada. Derrubou do trono os poderosos / e exaltou os humildes”.

Esse era o programa de vida da criança que ia nascer.

Entre os doutores

Pronto! Acabamos de parir o Cristo brasileiro do Lula. Ele nasceu num casebre, perto do Forte do Presépio, no dia 25 de dezembro de 1980, no segundo ano da presidência do general Figueiredo, sendo governador do Pará o coronel Alacid Nunes. O tetrarca de Ananindeua era Jader Barbalho, conde de Abacatal. Naquele mesmo ano, nasceu o PT, comandado por Lula, líder das greves históricas de quase 200 mil trabalhadores do ABC paulista, com piquetes e assembléias gigantescas em estádios de futebol.

Os pais de Jesus iam todos os anos, em outubro, para as festas do Círio de Nazaré. Numa dessas, o menino, que tinha apenas doze anos, se perdeu no meio de dois milhões de romeiros que seguiam à procissão. Maria e José registraram o desaparecimento na Delegacia do Jurunas, na av. Roberto Camelier. Três dias depois o acharam num auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), no Campus Universitário do Guamá, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.

Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com a sabedoria dele. E sua mãe lhe disse:

- Meu filho, que nos fizeste? Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.

Ele respondeu, conjugando o verbo saber como nenhum brasileiro o faz:

- Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu País? Estava conversando com doutores formados na França - Rosa Acevedo, Edna Castro, Raul Navegantes – mostrando pra eles meu compromisso com os famintos, os humildes, os cativos.

O menino cresceu em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. Fez tudo o que tinha de fazer. Foi batizado no bosteiro do rio Guamá, viajou pelo Marajó e baixo Amazonas, operou milagres – o maior deles foi sobreviver em condições de extrema miséria. Falou em comício, um deles com o palanque armado em cima de uma montanha:

- Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!

Eram promessas carregadas de esperanças, sonhos, utopias. Esse era seu programa! Para difundi-lo, arregimentou doze militantes, entre eles alguns pescadores e feirantes do Ver-o-Peso.

Foi aí que o conde de Abacatal resolveu tentá-lo, levando-o para a Jaderlândia, em Castanhal. Mostrou-lhe, o viveiro de rãs, os bois no pasto, as terras e as fazendas Rio Branco e Campo Maior, os cofres cheios de grana desviada do Banpará, e disse-lhe, com mesóclise e tudo:

- Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos e todos os projetos financiados com dinheiro da Sudam, que agora são meus. Tudo isso será teu, se renunciares a teu programa, te prostares diante de mim e beijares minha mão.

Beijo de Judas

Jesus Paraense respondeu, então, ao conde de Abacatal:

- Saca fora, capiroto! O meu reino não é o deste imundo. Está escrito: o Espírito do Senhor paira sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para anunciar aos cativos a libertação e a redenção.

Com essa atitude, Jesus Paraense recusou a coligação, mostrando que Lula se equivocou, não sobre a necessidade de fazer aliança, sem a qual não existe vida política, mas com a escolha dos parceiros.

Coligar é saudável. Mas com quem? Para que? O próprio Jesus Nazareno fez isso. Ele não precisou vir ao Brasil para atrair Judas, com quem de fato se aliou. Judas Iscariotes se tornou militante de seu partido, era o apóstolo responsável pelas finanças. Afinal, custa dinheiro fazer campanha pela Galiléia, Cafarnaum, Nazaré, etc. Judas, o cara que arrecadava fundos para as viagens, era uma espécie de delúbio sem mensalão. Mas quando Judas contrariou o programa traçado no Sermão da Montanha, Cristo rejeitou a aliança com ele e preferiu ser crucificado entre dois ladrões.

O erro de Lula, portanto, foi não definir os limites das alianças. Quando ele afirma que, aqui no Brasil, Cristo se aliaria a Judas, está tentando justificar seu pacto com Renan Calheiros, Sarney, Collor, Jader Barbalho, não em torno de princípios, mas do mais abominável fisiologismo, do toma-lá-dá-cá, trocando apoio por cargos, prebendas e favores, exatamente como fez o FHC.

Lula –eu acho– foi o melhor presidente do Brasil. Quem não concordar, que me indique outro: Deodoro ou Floriano? Prudente de Moraes? Sarney, Collor, Itamar? No entanto, Lula foi só isso: um presidente um pouco melhor que os seus antecessores. Mas ele não inovou, não avançou, não reformou, não revolucionou nada, como a gente esperava de um metalúrgico nordestino, sofrido e inteligente, num país sempre governado por doutores. Ao contrário, manteve e fortaleceu as forças políticas retrógradas, não tocou nas estruturas corrompidas, podres e arcaicas do Brasil.

Lula governou, renunciando a muitos itens do programa do PT, numa aliança na qual quem tem a hegemonia em diversas áreas é o Judas, que matou a utopia e impôs suas práticas políticas, sua metodologia, sua falta de princípios. O dano que isso causa à juventude não tem tamanho. Sinceramente, Lula poderia fazer muito mais na oposição, cobrando, exigindo, fiscalizando.

Se Cristo, imitando o Lula, aceitasse beijar a mão de Judas, a Última Ceia seria a primeira de tantos rega-bofes e acordos políticos. Através de decretos secretos, Pilatos nomearia tia Isabel para a Direção Geral de Creches, o primo João Batista para a Superintendência dos Cemitérios e até o Anjo Gabriel para o Conselho da ANAC, ganhando uma baba. Com o pacto, a governabilidade estaria garantida e Cristo não seria crucificado - é verdade - mas também não mudaria o mundo. Com essa base governista, sua gestão seria medíocre e seu reino teria fim, como o de Lula terá.

O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti.

sábado, 24 de outubro de 2009

DONA KATE NÃO GOSTOU


Leio no Twitter de dona Kate Helena, mãe do publicitário Davi Sento Sé, da Companhia de Selva, a agência que detém as contas da prefeitura de Rio Branco e do governo do Acre, que ela não gostou nada de minha participação no Ineo.

- Altino falou, falou e não disse nada. Vergonhoso reconhecer que um jornalista n sabe comunicar... Resumo: Altino só falou do blog dele.

Ainda bem, dona Kate, pois mais vergonhoso mesmo seria se eu ficasse a falar de seu filho e da Companhia de Selva...

Dona Kate passará, "eu passarinho".

SANHAÇU


Pra que reclamar da vida se ele tece o ninho na ponta da viga, bica as frutas sobre a mesa e ainda canta todos os dias para mim?

DEU NO BLOG DO HOLANDA


O Blog do Holanda disponibiliza com exclusividade um vídeo com o depoimento, na íntegra, de Martini Martiniano, o homem que denunciou a existência de uma máfia com raizes na polícia, no Judiciário e no Ministério Público do Amazonas.

Semanas depois do depoimento, Martiniano foi encontrado morto em sua cela, no presídio do Acre. A Policia diz que foi suicídio, mas parentes e até policiais afirmam que havia uma conspiração para assassiná-lo.

Martini conta tudo - do dinheiro que pagou para conseguir um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Amazonas, a fuga em uma lancha para Juruti, no Pará. Ele também fala do envolvimento de policiais em corrupção, do desvio de recursos do Pólo Moveleiro e de suas relaçoes com o mundo político e empresarial do Amazonas.

O vídeo foi cedido ao Blog do Holanda pelo promotor Cândido Honório, acusado por Martini de participar do complô para assassinar o então procurador Mauro Campbell Marques.

O promotor conseguiu o vídeo porque é investigado pelo Ministério Público e, como parte na ação, teve direito e acesso ao depoimento.

Honório diz que é possivel, com muita atenção, verificar que Martiniano depõe num clima de conspiração de seus inquisidores.

Clque aqui para assistir ao vídeo no Blog do Holanda.

ELE É O CARA


Vou logo avisando: só aceitei posar na foto para Lamlid Nobre porque Marcelo Tas não se conteve após dois dias:

- Quero tirar um foto contigo, Altino - E apontou aquele dedão.

Ter participado com ele do Ineo, em Porto Velho e Rio Branco, valeu a pena. O melhor momento foi ver na platéia o ex-governador do Acre Jorge Viana e o secretário de Comunicação Aníbal Diniz.


- Comunicação é saber ouvir. E ouvir é mais relevante do que ficar dizendo qualquer coisa o tempo todo - ensinou Tas.

Grande Tas falando de corda em casa de enforcado. Nem faz noção do impacto de suas palavras no ambiente acreano. Espero que sua visão democrática sirva para serenar os ânimos daqueles para quem comunicação é mero instrumento da política.


Com
disse certa vez o jornalista Antonio Alves, o governo do Acre não exerce censura.

- Ele simplesmente edita os jornais dos quais é uma espécie de arrendatário, quase dono.

E assim continua.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

MARCELO TAS DE VOLTA AO ACRE


Está de volta ao Acre o jornalista, blogueiro, diretor de TV e apresentador do CQC Marcelo Tas. Dessa vez, para participar do seminário iNeo’09, na Usina de Artes João Donato, onde vamos debater o impacto das novas tecnologias e das mídias sociais nas empresas, no universo acadêmico e na vida das pessoas.

Ainda estamos em Porto Velho nos preparando para partir logo mais para Rio Branco. Tas está ansioso. Ele já perambulou praticamente pelo Acre inteiro em outras duas viagens de trabalho, quando conviveu quase um mês com os índios das etnias kaxinawá e ashaninka.

Em Rio Branco, o iNeo’09 começa às 13 horas. Será encerrado, por volta das 18h45, com uma palestra de Marcelo Tas sobre inovação e criatividade na era digital.

As imagens provam que é dos carecas que elas gostam mais.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

RIO BRANCO AVANÇA


Rio Branco (AC) contará, a partir desta sexta-feira, 23, com uma moderna unidade de tratamento de resíduos sólidos urbanos, que será inaugurada pelo prefeito Raimundo Angelim (PT) no Km 22 da BR-364.

Leia mais no Blog da Amazônia.

O QUE DIFERE ACRE E RONDÔNIA


Quem vive em Porto Velho (RO) sempre encara Rio Branco (AC) com uma doce inveja, sobretudo agora, após a dinâmica econômica e social decorrente da construção das hidrelétricas no Rio Madeira.

Essa dinâmica tem agravado os problemas estruturais da cidade (saúde, educação, segurança, transporte, habitação) com a chegada de milhares de migrantes.

Desde abril, a repórter Eliane Brum, da revista Época, virou persona non grata em Porto Velho ao relatar essa realidade em "A cidade que não estava lá".

Houve grande euforia quando a construção das hidrelétricas foi anunciada como a redenção de Rondônia. Agora, porém, o momento é de preocupação.

Quem defendia com intransigência as hidrelétricas, começa a repensar porque já sofre com os problemas sociais que deverão permanecer em Porto Velho após a conclusão das usinas de Jirau e Santo Antônio.

O jornalista mineiro Frederico Perillo, que vive há oito anos em Rondônia e visita o Acre todo mês, não hesita numa breve comparação.

- Dispomos de economia mais forte, mas nosso maior problema é que não contamos com gestores públicos com a competência de um Jorge Viana ou mesmo de um Binho Marques. Essa diferença favorece o Acre, que se sustenta em sua marcante identidade cultural.

Junto com outro jornalista, Domingos Júnior, Perillo organiza o seminário Ineo, para o qual o estou me dirigindo agora. Vamos debater o impacto das novas tecnologias e das mídias sociais nas empresas, no universo acadêmico e na vida das pessoas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

PRIMEIRA INFÂNCIA E CULTURA DA PAZ

Marina Silva

A primeira infância é o momento em que as crianças de fato apreendem o mundo e formatam para sempre sua compreensão da realidade. Se elas estão inseridas num contexto familiar ou comunitário privadas de cuidado, afeto, educação e segurança, olharão para a vida sem os instrumentos necessários para enfrentar seus obstáculos.

É essa atenção com a infância que vai permitir a construção de valores positivos e dará aos pequenos um olhar de esperança, uma percepção de sua dignidade, uma autoestima capaz de livrá-los das armadilhas existentes pelo caminho.

No país em que mais da metade das famílias são chefiadas por mulheres, que se dividem entre o trabalho e o cuidado de suas crianças, faltam creches para atender à população. A maior parte das crianças brasileiras, então, não conta com a devida atenção dos pais e do Estado no momento mais importante, que é o da primeira infância.

Os resultados dessa carência são os piores possíveis. Desamparadas, indefesas, essas crianças se sentem "jogadas no mundo". Entre os adolescentes, a maior causa de morte é a violência. A gravidez de adolescentes é também um problema crônico em todo o Brasil. Em 2008, foram mais de 485 mil partos realizados em meninas de 10 a 19 anos na rede pública de hospitais. Essas crianças já crescerão com baixa expectativa de ter aquele cuidado especial que só um ambiente familiar acolhedor é capaz de dar.

Os indicadores relativos à infância no nosso país têm melhorado, sem dúvida. Mas estão ainda muito aquém do necessário e do que pode ser feito. Falta ao país a consciência de que a prioridade deve ser a de investir na formação do próprio povo, e em especial na educação e no bem-estar das crianças. Não somos, ainda, como nação, a "mãe ou pai gentil" que devemos ser se quisermos dar o salto civilizatório que pretendemos.

Por isso é tão louvável a criação e as iniciativas promovidas pela Rede Nacional Primeira Infância. Fundada em 2007, ela reúne organizações que atuam em prol da promoção e garantia dos direitos da criança até os seis anos de idade. Entre muitas ações, a Rede vem discutindo a elaboração de um Plano Nacional da Primeira Infância, que defina objetivos e metas para políticas públicas para crianças dessa faixa etária.

Após mais de um ano de consultas públicas e debates, a proposta será apresentada durante a 2ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, que acontecerá de 27 a 30 de outubro no Senado Federal. Com a presença de diversos especialistas, a programação incluirá, além de uma conferência, oficinas, apresentação de filmes e mesas-redondas, tendo como um dos temas centrais a prevenção da violência na primeira infância. Confirma a programação completa no endereço www.senado.gov.br/sf/senado/programas/infanciaepaz e participe!

É mais do que urgente congregar e aprofundar todas as políticas para que atendam às necessidades dessa parcela tão frágil da população, que chega a quase 20 milhões de pessoas.

Hoje é comum apontar para a crescente importância política e econômica do Brasil. Analistas do mundo todo concordam que nosso país deve ter um papel cada vez mais decisivo. Mas só terá real importância se na base da aspiração nacional estiver o objetivo de dar expectativa de vida mais digna e feliz para a nossa população.

A riqueza que o país gerar deverá servir, em primeiro lugar, a esse propósito. Que só será verdadeiro e possível se começar pelos cuidados com a infância, para que nossas crianças cresçam num ambiente de paz, esperança e solidariedade

Marina Silva é professora de ensino médio, ex-ministra do Meio Ambiente, senadora do Acre pelo PV e colunista da Terra Magazine.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

TAS EM RONDÔNIA E ACRE


Com o tema “Novas Tecnologias e Mídias Sociais” o iNeo'09 debaterá em Porto Velho (quinta-feira, 22, no auditório da Uniron no Porto Velho Shopping) e Rio Branco (sexta-feira, 23, na Usina de Arte) essa silenciosa revolução no comportamento e no consumo das pessoas.

O convidado especial é o jornalista e apresentador do CQC Marcelo Tas, um dos maiores especialistas do país em novas tecnologias e mídias sociais. Tas fará a mediação da mesa de abertura “Geração de negócios nas redes sociais” e a conferência de encerramento “Inovação e Criatividade na Era Digital”.

Como palestrantes e debatedores dos demais painéis foram convidados profissionais de mercado e professores de Rondônia e Acre. A programação completa está disponível no site Ineo.

O seminário discutirá as novas tecnologias a partir de uma perspectiva multidisciplinar, mas haverá painéis específicos sobre Comunicação, Direito e Administração de Empresas. Além do acesso à programação integral do seminário a inscrição dá direito a certificado de participação e material de apoio.

Maiores informações e inscrições no site Ineo e e-mail oficinadecomunicacao@yahoo.com.br. Inscrições presenciais na Uninorte e Lojas Zinguer.

A realização do iNeo’09 em Rio Branco é de Fred Perillo Comunicação, Cultura e Conteúdo, em parceria com a agência Cia de Selva. Patrocínio institucional do Sebrae.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PROCISSÃO DO SABER

Giselle Lucena e Helder Cavalcante Jr


Rio Branco é bem diferente das cidades da Antiga Grécia. Além disso, os moradores da capital do Acre não têm disponibilidade para ir à academia diariamente em busca de explicações para o real, envoltos pelas inquietações humanas. Mas, como qualquer outra programação propícia para as tardes de sábado, como tomar sorvete, fazer churrasco ou jogar futebol, há aqueles que optam por discutir e dividir idéias, amadurecer pensamentos, conhecer crenças, modos e jeitos, filosofar.

Existe em Rio Branco, com reuniões quinzenais aos sábados, uma Sociedade de Philosophia que geralmente se reúne na Biblioteca da Floresta. Porém, o último encontro aconteceu pela primeira vez fora do lugar de costume. Foi marcada uma concentração para às 15h30, no Café do Theatro. Quando o professor Marcos Afonso chamou os presentes para uma breve conversa, antes que se dirigissem para a Catedral Nossa Senhora de Nazaré, constatou-se que todos realmente estavam ali por conta da reunião da Sociedade de Philosophia.

E não pense que é aquela turminha metida à “cult”, de cacoetes que expressam superioridade pedante e estereótipos afins. Não, nada disso. São funcionários públicos, comerciantes, professores, estudantes secundaristas e acadêmicos, mães, pais, filhos e avós. Gente comum – ou nem tanto – que participa desses encontros quinzenais da Sociedade Philosophia.

Os encontros, regados aos mais diversos recursos de comunicação para garantir dinâmica, participação e a concentração dos integrantes, são coordenados por Marcos Afonso, que é também filósofo, jornalista e amante das artes e do conhecimento. Na Sociedade Philosophia, olfato, audição, visão, tato e algumas vezes até paladar são despertados para ampliação da consciência e fortalecimento do saber. Sons, imagens e vídeos sempre acompanham as reuniões. Nesse sentido, aquele “blá-blá-blá” chato e monótono passa longe.

Todos se dirigiram rumo ao templo católico para conhecer mais sobre a história deste lugar marcante para a história do Acre e aprender sobre os filósofos São Tomás de Aquino e Santo Agostinho.

- Como disse o jornalista Altino Machado, esta caminhada é a procissão do saber - assinala o moderador Marcos Afonso, antes de iniciada a pequena marcha.

Cerca de 50 pessoas de diferentes crenças, idéias e idades participaram e conheceram o pensamento cristão na filosofia. Ouviram histórias de templos e mosteiros, religião, política, economia, ideologia.

- Já havia entrado na Catedral antes apenas em casamentos e em uma formatura. Não sou religiosa. Por isso, vir para cá e aprender é uma sensação totalmente diferente - afirma Juliete Matos, estudante de Ciências Sociais.

A Sociedade Philosophia foi fundada em maio de 2008. As temáticas das reuniões são guiadas pelo romance “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder. O livro, traduzido em mais de 50 línguas, foi publicado em 1991 e traz as idéias de Sócrates, Aristóteles, Descartes, Spinoza, Kant, Hegel, Marx, Freud e muitos outros.

- O professor tem uma forma muito original de falar sobre filosofia, mostrando que não é apenas teórico. E a gente percebe que ele acredita e sabe do que fala e assim faz a gente se concentrar e se envolver. Os encontros são muito criativos e dinâmicos. Aqui, a gente aprende a gostar de filosofia - elogia Vasti Quintana, gestora pública.

O auxiliar público José Mascarenhas confessa que não compreendia a universalidade da filosofia e imaginava que as reuniões fossem chatas.

- Participei da Oficina “Ética e Cultura no Tempo e no Espaço” e me interessei em participar também da Sociedade. Cancelei vários compromissos e vim. É o primeiro encontro que participo e já anseio pelo próximo - conclui Mascarenhas.

KAREN AIACHE



Vale a pena ver mais fotos dela no Flickr.

VERDE E ÁGUA

Saulo de Sousa

Não sem verde,

Não sem água.

Não tem árvore,
Mas tem sede.

Não tem rio, nem peixe.
Não tem música, não tem sabiá.

Quem irá falar que ouviu o mapinguari gritar?

Tem verde,
Tem água
Que mata a sede da castanheira.

Tem música, tem sabiá,
E o povo da floresta diz:
Do varadouro ouvi o mapinguari gritar.


Saulo de Sousa escreve no blog Sallinos.

ROSA DOS VENTOS

Antonio Alves

Entrei no Movimento Marina Silva, na internet, que já passa de dez mil associados. Nele vejo textos interessantes, de gente simples que quer participar de uma coisa boa e expressar suas esperanças e também de pessoas experientes ou até estudiosos de assuntos diversos, num fórum aberto a todos os pensamentos.

Participei da Conferência de Cultura e juntei-me a um grupo de rebeldes que quer agitar a Conferência de Comunicação.

Formalizei minha desfiliação do PT e vou assim desatando alguns nós que ainda me restringem a um tempo partido, para chamar Drummond mais uma vez, “tempo de homens partidos”.

Leia mais no blog Tempo Algum

domingo, 18 de outubro de 2009

DILMA: NEM COM UM TIRO DE CANHÃO

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE



A sala de embarque do aeroporto de Brasília, para onde vim a trabalho, está entupida de gente, nessa sexta-feira. Vou tomar um chá de cadeira de três horas. Conformado, abro o lepitope para escrever o taquiprati. Levanto a cabeça em busca de assunto e quem é que vejo? Meu amigo, o senador João Pedro (PT-AM). Conversamos, rapidamente, sobre o seu projeto de Universidade Pan-Amazônica. Mas eis que, de repente, passa na minha frente, cavalgando lépido e fagueiro, o meu tema: Jáder Barbalho (PMDB, vixe, vixe!).

- Oba! É ele, o meu tema! - grito com meus botões.

A passagem fugaz de Jáder Barbalho, trotando em direção a um portão de embarque, me inspira. Deixo a Universidade Pan-Amazônica de lado e começo a escrever uma carta para a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, usando o modelo epistolar criado pelo finado Waldick Soriano, em uma de suas músicas. Aí vai a carta.

Fé de mais

Dona Dilma, saudações! Escrevo essa carta, mas não repare os senões, para dizer o que sinto e o que penso sobre suas recentes alianças políticas. Leio nos jornais que a senhora esteve na procissão do Círio de Nazaré, em Belém, depois de haver participado do Dia Nacional da Marcha para Jesus, organizada pela Igreja Renascer. Cabem elogios ao seu ecumenismo, embora falte visitar um templo de candomblé e reverenciar a pajelança cabocla do Marajó, sem a qual o ecumenismo é superficial, de fachada.

Leia no Blog da Amazônia.

sábado, 17 de outubro de 2009

PARECE, MAS NÃO É

Segue o comentário mais espirituoso que ouvi a respeito de minha participação (leia) na Pré-Conferência Estadual de Comunicação:



- Às vezes penso que o governo faz tudo isso combinado com você, Altino. E quando alguém pergunta sobre isso, digo que é verdade - disse a jornalista Lamlid Nobre.

Meu comentário: parece, mas não é combinado, embora o secretário de Comunicação e suplente de senador Aníbal Diniz apareça bastante sereno na imagem captada por um leitor no instante que eu falava.

A etapa acreana da Conferência Nacional de Comunicação será realizada nos dias 30 e 31, na Usina de Artes João Donato. Participe, você que vive reclamando pelas esquinas.

COMUNICAÇÃO PÚBLICA SEM TRUQUES

João Veras

A propósito da Conferência Nacional de Comunicação, também acho que é fundamental compreender a comunicação social no Acre muito além da idéia que aqui se tem dela como instrumento de propaganda governamental. Nesse sentido, não quero ficar analisando, neste momento, o que acontece fora daqui e fora dela (estaria alguma coisa mesmo fora?), muito menos entreter-me em discussão teórica sobre o nome, papel e “fenomenologia” das novas tecnologias no campo da comunicação. Não quero o desvio.

O que desejo é o enfrentamento direto das questões que envolvem as políticas governamentais de comunicação daqui. Interessa-me questionar a comunicação relacionada à cidadania local.
Prefiro o que está ao meu alcance como, inclusive, cidadão consumidor da gestão dos meios de comunicação públicos no contexto republicano.

E
já faço isso aproveitando a visibilidade do debate, que o governo local, não por gosto, mas por desgosto, foi levado a “abrir”, empurrado pela avalanche política do movimento popular Pré-conferência Nacional de Comunicação - este que também empurrou o governo federal - e, com o mais legítimo interesse e a mais profunda franqueza, questionar se a política de comunicação pública, praticada pelo chamado Sistema Público Estadual de comunicação do Acre, continuará sendo tão-só instrumento de propaganda dos feitos e idéias governamentais.

Se ele continuará impedindo que a pluralidade e diversidade de idéias, manifestações e informações locais seja objeto de suas transmissões igualmente locais. Se ele continuará selecionando, sob critério da não-crítica, as caras e assuntos merecedores de difusão pública. Se ele continuará censurando o que não é espelho de dividendos eleitorais.


Se ele continuará forjando uma imagem unívoca daquilo que tem denominado de acreanidade. Se ele continuará sendo alheio à pluralidade e diversidade da produção artística e científica locais. Se ele continuará sendo antidemocrático, também no aspecto da participação social na formulação de sua política de difusão radiofônica e televisiva (alguém conhece o Decreto Estadual 2.097, de 11/05/00?). Se continuará dominando, com mão de ferro, a imprensa local com a sua política de “distribuição” de verbas de mídia de governo.

O que me interessa tem cheiro de terra, de tempo imediato, de realidade, de mudança. Não me interessa simulações e truques. Apesar de saber que continuaremos envoltos em truques e simulações, apesar de saber que a caravana da insatisfação social passará enquanto os cães da comunicação continuam ladrando e lambendo suas patas de cifras, votos e enganos, com ou sem “conferências-tur” rumo à capital federal.

João Veras é advogado no Acre. Leia mais no blog da Confecom-Acre

GOVERNO DO PT SUFOCA A MÍDIA

Participei nesta sexta-feira, 16, de um debate sobre comunicação, na Bilbioteca Pública, transmitido ao vivo pela estatal TV Aldeia para todo o Acre.

O tema era "Meios para a Construção dos Direitos e Cidadania na Era Digital", tendo como horizonte as conferências Estadual e Nacional de Comunicação. Como o tempo era curto, aproveitei a oportunidade para quebrar o decoro:

- Estou feliz de estar aqui porque um debate sobre comunicação era tudo o que o governo do Acre menos queria. Está sendo forçado a fazê-lo visto que sofreu pressão do governo federal e da sociedade. A realização da Conferência Nacional de Comunicação fez parte dos programas de governo do presidente Lula, mas só está sendo realizada agora ao término de seu segundo mandato. O governo do Acre era um dos poucos que tentava evitar este debate.

- A sociedade acreana é testemunha de que o PT sempre se beneficiou politicamente de minha atividade profissional. Fui ingênuo demais ao acreditar que a chegada do partido ao poder no Acre fosse contribuir para o avanço da livre manifestação do pensamento nos meios de comunicação do Estado. Sinto-me ultrajado ao constatar que retrocedemos aos níveis do começo dos anos 1980, quando o país era governado pela ditadura militar e a Arena comandava a cena política no Acre.

- Se fosse adotado o mesmo tipo de controle que o governo do PT exerce hoje sobre quem e o que se pode ou não ser veiculado nos veículos de comunicação, nos anos 1980 não teriam surgido jornalistas como o secretário de Comunicação Aníbal Diniz, o assessor especial do governo Antonio Alves, além deste blogueiro, que podiam se manifestar com mais liberdade quando o Acre era comandando pela Arena e, posteriormente, PMDB.

- Nos primeiros dias de seu primeiro mandato, o governador Jorge Viana reuniu parte de sua equipe para dar o recado de como seria a relação com a mídia. Ouviu a todos, depois pegou um exemplar de A Gazeta que estava sobre a mesa dele e sentenciou: "Vocês acham que isso é imprensa? Não. Isso é política". E desde então verbas públicas têm sido usadas para forçar a imprensa a cultuar a imagem dele, do governo, do PT e de alguns outros poucos aliados seus.

- A comunicação do governo petista do Acre sempre teve ojeriza ao ambiente libertário que se formou com o advento da internet. Parte do princípio de que prevalecerá para a história aquilo que estiver impresso em papel, especialmente nas páginas do jornais. Daí porque tenta varrer de suas páginas qualquer opinião crítica ou questionadora. Com isso, espera-se que um dia, daqui a 500 anos ou mais, ao consultar as páginas amareladas de A Gazeta, Página 20, O Rio Branco ou A Tribuna, algum desavisado descubra que o Acre já foi governado pelos deuses Jorge Viana, Tião Viana, Binho Marques e cia.

- Jorge Viana era governador quando certa vez disse para que eu me preparasse para assumir a editoria do Página 20. OK, respondi. Dias depois foi "nomeado" o jornalista Leonildo Rosas para o cargo. O secretário de comunicação Aníbal Diniz se justificou: "Altino, em respeito a você, convenci o Jorge a não indicá-lo para a editoria. Após o fechamento do jornal você jamais iria aceitar, por exemplo, mudar a manchete por alguma razão política. Nós precisamos de pessoas que sejam capazes de encurtar o tempo e a distância entre o que queremos e o que precisa ser realmente feito".

- O governo jamais permite que a imprensa, que é financiada com verba pública, faça qualquer crítica de suas ações. Criou até um agência para unificar o noticiário. Entrevistas coletivas são organizadas selecionando-se a dedo profissionais que não estejam dispostos a fazer qualquer questionamento.

- Ao cercear a abordagem dos fatos mais relevantes do Acre, o governo petista contribui para a imbecilização da mída local, temperada pela futilidade de seus colunistas sociais e pela cobertura dos casos de polícia, onde as vítimas da violência crescente são expostas com mãos decepadas, cabeças esmagadas ou corpos fatiados por facões. A mídia muda o foco de suas lentes tentando chamar a atenção de público exausto com as caras e bocas dos políticos que todos os dias aparecem como deuses nos jornais, rádios e TVs.

- O sufocamento da imprensa pelo governo petista está sendo danoso para a sociedade acreana.
Se o governo não mudar, a sociedade vai mudar o governo.

A semelhança do Acre com o Maranhão e Rondônia é mera coincidência. Um dia contarei detalhes mais sórdidos desta fase infeliz de nossa história.

REVOLTADO COM A OI

De Nelson Lucas, leitor em Porto Velho (RO):

Altino,

Sei que esse comentário não tem nada haver com o post. Porém como seu blog é o mais conceituado do Acre e creio eu que um dos melhores da Região Norte também serve como utilidade pública.

Cara, é uma vergonha essa conexão de internet da Brt (agora OI). O que se pode fazer para que os usuários não fiquem pagando por serviços que não correspondem ao que a operadora oferece?

O ADSL até que quebra um galho mas mesmo assim vive tendo problemas = conexões falham, donwloads super lentos, e isso tudo é com velocidade boa, e nem precisa falar da 3G que simplesmente é uma bosta.

Sei que é difícil, pois a empresa abrange todo estado e não temos opções, mas algo tem que ser feito. Isso é simplesmente uma vergonha.

Se não quiser postar isso, ao menos lance uma matéria criticando essa operadora e os seus serviços. Há não ser que você esteja satisfeito com o serviço de internet que usa.

Estou revoltado. Reclamar não adianta pois nunca resolvem nada, apenas enchem lingüiça.

Grande abraço.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ACRIANO É ALIENÍGENA

José Augusto Fontes

Acadêmicos, membros de institutos, de grupos e de casas ligadas às Letras e à Educação, em bom número, publicam livros didáticos, gramáticas, dicionários e obras afins. A eles é interessante renovar, em dados períodos, as edições de suas obras, por razões técnicas, editoriais e comerciais. O surgimento de uma reforma na língua, como, por exemplo, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, tão comentado por estes tempos em razão das muitas novidades, das mudanças aqui e ali, das normas fixadas e também de diversas esquisitas regras novas, algumas até engraçadas, outras imponderáveis, até injustificáveis, é um momento assim bastante propício à renovação de obras e ao lançamento de outras, como dicionários, gramáticas e guias. E essas ocasiões são propícias exatamente porque o sucesso de vendas é bem palpável. Ainda que as reformas digam pouco, ou quase nada, as gramáticas e dicionários lucram bem, tanto aqui quanto além mar.

Mas há limites que devem ser respeitados, em se tratando de determinadas grafias, limites tais que não podem ser suplantados por interesse ou argumento secundário, seja qual for, ainda que internacional. Tais limites marcam tradições etimológicas, históricas e culturais, dentre outras várias, como acontece com grafias que denotam a naturalidade de um povo. A palavra acreano é uma dessas.

Leia mais:

Acreanos reagem ao gentílico "acriano" do Acordo Ortográfico

O Acordo, a Reforma e seus ilustres articuladores, invariavelmente, sabem disso. Têm que saber. E se ignoram, é porque são e foram muito descuidados, ocupados com outros interesses. Mas o importante é saber que as línguas são do povo, dos seus falantes, e não de acadêmicos ou gramáticos. As línguas têm contexto e história, têm tradições, e não apenas regras. O fundamental da linguagem é viabilizar a comunicação, e não, ao avesso, criar dificuldades, inventar regras. Estabelecer acriano como grafia correta (e pretensiosamente única), revela falta de conhecimento sobre a etimologia, a tradição e a história, tanto da palavra quanto do povo que ela representa. Além de falta de conhecimento, é pura falta de respeito!


Já escrevemos meses atrás neste mesmo espaço sobre a grafia acreano e o alienígena acriano, esquisito e incabível. O texto está disponibilizado no site. Ali dissemos, dentre outras coisas, que essas reformas não devem ter comointenção modificar a tradição lingüística, tampouco alterar substancialmente a grafia de palavras vinculadas, por exemplo, pela historiografia ou pela tradição, ou vinculadas à naturalidade de um povo. Reforma como essa, com a intenção disfarçada de padronizar a escrita entre nações lusofônicas (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) ou de buscar maior reconhecimento internacional, está baseada mesmo em interesses comerciais.

Se o pressuposto do Acordo era unificar, esse pressuposto afundou lá pelo Tejo. Portugal, especificamente, que retrata a concepção da Língua Portuguesa, ainda não adotou efetivamente as regras da Reforma. Aliás, Portugal historicamente (como mencionamos no texto anterior) rejeitou regras gerais oriundas de reformas e até deu início a consolidação de regras bem peculiares, a seu talante. E nada há de extravagante nisso. A tradição lingüística, as situações históricas, as variações sociais em face dos falantes e os usos específicos de Portugal com relação ao Português são mesmo diferentes em relação à mesma aplicação no Brasil ou na Guiné-Bissau! Isto parece óbvio. É até possível unificar em linhas gerais, em usos genéricos, mas não é possível, sem máculas, estabelecer regras únicas para situações peculiares de casa país. Generalidades são burras, em regra.

Se a academia para para o bom senso, a palavra acreano não para para dar passagem ao acriano, pois ele é alienígena. Você notou algo estranho nas linhas logo acima? Não explico, mas informo. Ocorreu que a Reforma retirou o acento que antes existia em pára. Por isso, esse para para, E aí o usuário da língua que se vire para entender. Pode?

Vejamos alguns outros exemplos. Aqui no Brasil nós teremos que escrever a palavra corréu deste jeito. Ainda que cientes de escrever “certo”, também ficamos cientes da esquisitice. É uma grafia dúbia, feia, esquisita. Pouca gente vai entender o contexto. Corréu (que o editor do meu Word insiste em querer consertar), significa um réu que agiu em companhia de outro, em determinado fato considerado crime, em tese, e assim passou a ser chamado por haver sido denunciado em conjunto com o outro réu. Virou corréu. A palavra era escrita co-réu. Fica ao critério do leitor considerar qual a grafia mais simples para a comunicação no Brasil. E principalmente, se a Reforma ajudou ou complicou...

E há muitas outras. Pense sobre coerdeiro e me diga o que você entende sobre tal palavra. Herdeiro sem ‘h’ e o hífen retirado dão ou não dão a impressão de referência a cordeiro? Antes era co-herdeiro. Pense, reflita muito, debata-se e me diga, era melhor antes? A Reforma facilitou?

Voltemos ao acreano. Não é nem mais a possibilidade de ficar mantida a aceitação da dupla grafia, acriano e acreano. O Leitor conhece alguém que escrevia acriano, ao invés de acreano, antes dessa invencionice da Reforma? Havia a possibilidade da opção por uma ou outra grafia, mas eu tenho convicção de que sequer um por cento (1%) dos falantes do Português, no Brasil ou alhures, conhecia ou escrevia acriano. Nas escolas, no serviço público privado, na comunicação, nos jornais, nas conversas, nunca se viu acriano, sequer como opção considerável. E agora, é essa Reforma que vai mandar nos nossos usos e na nossa tradição?

Então, pergunte-se o leitor, a quem e a que interessa essa regra nova? Qual a utilidade prática desse acordo? Com que base, seus mentores se acharam acima de tudo, a ponto de desrespeitar a significação histórica, cultural e etimológica de determinadas grafias?

Nada de muito importante foi “unificado” com a tal mudança descuidada, mal pensada e desrespeitosa! Só filigranas. Tanto assim que a relutância dos portugueses persiste. E a de muitos brasileiros. Quanto aos acreanos, qualquer pesquisa pode demonstrar que a imensa maioria nem mesmo ouviu falar de acriano. E isso também comprova que tal grafia é alienígena.

A palavra acreano representatradição, tem conteúdo histórico, é palavra vinculada e inteiramente ligada à naturalidade de um povo. É palavra patenteada pelo sentimento e consagrada pela etimologia. As línguas são usadas no convívio das pessoas, nas interações, na estruturação social, acompanhando a tradição histórica, exatamente, para facilitar o entendimento. A ortografia nada mais é que uma convenção sobre uma parte do uso da língua, relacionada à escrita. Por isto, mera reforma ortográfica não é capaz de gerar a mudança social muito maior que seria modificar a grafia da naturalidade de um povo . Como é óbvio, usos, costumes e tradição não acontecem por imposição! Só o uso reiterado pode provocar a história lingüística!

Como dito no texto anterior, acreanodiz respeito a uma naturalidade. Quem nasce no Estado do Acre é acreano. Há também os acreanos por opção. E é assim há muito tempo, o que envolve toda uma História, uma bela e respeitável História. Há tradição e sentimento. Ser acreano não é algo que se adjetiva ou diminui por acordos, regras ou tratados. Ser acreano é algo único, é aptidão revolucionária, é a caracterização de um povo, e isto não é mutante. Ser acreano é perene! A palavra acreano também é perene, inclusive, pela aplicação da ortografia etimológica, que preserva palavras e suas letras de origem. Mudar acreano para acriano desvirtua e desnatura o que é natural, subtrai toda a carga histórica, detona o arcabouço cultural e fere o sentimento de um povo. Há componentes históricos e culturais inestimáveis. Há tradições imutáveis. Sendo assim, está bem adiante de mera regra ortográfica, que não passa de uma convenção bem restrita e de pequenos grupos, se comparada à convenção social, histórica e etimológica de um povo inteiro.

O próprio texto do Acordo sustenta estas afirmações. Na Base V, que trata especificamente do caso das vogais átonas (parte que modificaria, em tese, acreano para acriano), se lê no item 1º que “ o emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras...”. Antonio Houaiss, um dos idealizadores da Reforma, pronunciou:“Uma língua é muito mais que um meio de comunicação; ela é, sobretudo, um patrimônio historicamente construído pelas sociedades que a falam e, em muitos casos, também a escrevem... As variedades de uso fazem parte da língua e jamais estão sujeitas aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer autoridade pública... Unificação ortográfica nada tem a ver com uniformização da língua. As línguas são como são em virtude do uso que seus falantes fazem dela, e não de acordos de grupos ou de decretos de governo”. (Escrevendo Pela Nova Ortografia’. 2ª edição. Rio de Janeiro: Instituto Antonio Houaiss. Publifolha, 2008).

Quem escreve acriano é desinformado, descuidado e obedece, cego, a uma regra que nada diz. Aliás, quem escreve acriano obedece a uma regra de intenções pouco claras. E assim fazendo, comunga com os interesses menores daquela, é servil. Quem escreve acriano supõe estar obedecendo um Acordo, mas nem mesmo sabe a quem está servindo. Quem escreve acriano é ingênuo. E se tornará tolo e vazio, porque também tola é a regra, já que vazia de sentido lógico, prático, muito menos histórico, cultural ou etimológico. E mais. Quem escreve acriano desrespeita o Acre, sua história e sua gente, preferindo respeitar uma regra órfã, desafinada e desgovernada, que não conhece a academia das ruas, a língua dos mortais nem a linguagem do uso diário, comunicativo, que possibilita o entendimento simples e efetivo.

Reforma e unificação em nome de quem e para quê? Será que Estados Unidos e Inglaterra, que falam inglês, aceitariam abrir mão de suas peculiaridades no trato do mesmo idioma, em detrimento das tradições de cada povo e de suas peculiaridades? Será que abririam mão do costume etimológico e da história, perdendo cada um, os seus traços individualizados? Ao contrário, como indica a lógica, o correto é manter a tradição linguística e a etimologia histórica dos termos e expressões, de acordo com os falantes, com as naturalidades e as regiões que usam um idioma, sem descaracterizá-lo, em prol de interesses menores e, em certos casos, puramente comerciais.

Acrianoatenta contra a história do Acre e de seu povo, atenta contra um estado político e jurídico estabelecido e solidificado. E mais, atenta contra a soberania do acre, quanto a dispor de sua identidade, de sua tradição, de seus costumes e da vontade de seu povo, pois a mudança nos atinge inteiramente contra nossa prática histórica, etimológica, social, tradicional e política. E para quê?

A toda hora é possível ver anúncios sobre a venda de um novo dicionário, atualizado pela Reforma, de uma gramática ‘reformada’, conforme o Acordo, de obras várias para entender o que mudou, para aprender como ficou etc. Pululam livros, gramáticas, dicionários e outras diversas publicações à venda, em face do “acordo”, sequer em uso efetivo na maioria dos países “acordantes”. Imaginem o retorno para autores, editores e editoras, livrarias, distribuidoras e gráficas. Não é tão difícil imaginar. Isso sem falar no grosso, que é a compra e venda de livros didáticos para a rede escolar, pública e privada, aqui, ali e alhures. Ainda que a Reforma não nos mostre claramente suas intenções, essa turma agradece. E os acreanos, vão apenas bater palmas?

Pasquale Cipro Neto, conhecido professor de Português, com várias obras publicadas, questionado sobre a Reforma Ortográfica, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, fez duras críticas às mudanças. Para o professor, a sua implementação produziu somente problemas para os cidadãos. Vejamos um trecho:"A reforma gerou confusão. O texto foi mal escrito e houve desperdício de dinheiro, água, papel e energia elétrica por um acordo que entrou em vigor precipitadamente, pois nem sequer Portugal ainda o adotou."(site Folha on line, junho de 2009).

Para os acreanos, na parte que nos toca, o momento não é mais de consultar academias ou imortais. Nem sequer é de pareceres. O momento é de afirmar que a palavra acreano é significativa, tem uso secular, possui história ímpar, traduz cultura sólida e representa um povo, que tem direito fundamental à expressão da sua naturalidade. Além das academias, há todo um ordenamento jurídico para assegurar isto. E a palavra acreano está acima das academias e dos institutos, das reformas e dos acordos, pois é mais imortal que todos eles!

O acreano José Augusto Fontes é poeta, cronista e juiz de direito.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

TERMO DE HOMOLOGAÇÃO

Está na edição de hoje do Diário Oficial:

"Estado do Acre Secretaria de Estado de Planejamento


TERMO DE HOMOLOGAÇÃO


CONCORRÊNCIA PARA REGISTRO DE PREÇOS E TÉCNICA DE PREÇOS Nº.002 /2009
Comissão Permanente de Licitação - 02

Para que produza os efeitos legais em sua plenitude, HOMOLOGO a decisão da Comissão Permanente de Licitação 02, referente à Concorrência para Registro de Preços e Técnica de Preços n°002/2009 a favor da EMPRESA EPM EXPERTS LTDA, com o valor de R$ 1.942.980,00 (um milhão novecentos e quarenta e dois mil e novecentos e oitenta reais).

Rio Branco-Ac, 22 de setembro de 2009.
Gilberto do Carmo Lopes Siqueira
Secretário de Estado/SEPLAN"

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FARRA DA VERBA SECRETA NO ACRE

Justiça condena o ex-governador Orleir Cameli a devolver os R$ 24,7 milhões que desviou do erário


O ex-governador do Acre Orleir Cameli foi condenado pela juíza substituta Evelin Campos Cerqueira, da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco, a devolver R$ 24,7 milhões que foram desviados por ele e sua equipe da rubrica "Suprimento de Fundos - Verba Secreta" durante o período de sua administração, de 1995 a 1998.


Orleir Cameli foi acusado de improbidade administrativa numa ação civil pública movida pelo Ministério Público do Acre. Ele se apropriou de milhões de reais sem nem sequer apresentar um recibo de pagamento. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Acre constatou que não houve prestação de contas do montante sacado da "verba secreta".

A "verba secreta" eram confiada a vários membros do governo estadual, condicionada à prestação de contas. Os recibos apresentados foram assinados pelos supridos, não havendo qualquer nota fiscal ou recibo de terceiro atestando que as verbas foram empregadas no interesse público.

Muitas vezes os secretários de Orleir Cameli passavam os valores em espécie para o governador. Alguns emprestaram seus nomes para constar nos documentos contábeis, sem terem administrado os recursos.

Cameli, que estudou até a quarta série do antigo primário, nasceu em Cruzeiro do Sul, no extremo-oeste do país, a partir de onde se tornou um dos empreiteiros mais poderosos da região Norte.

Chegou a possuir quatro CPFs e durante sua gestão foi flagrado no aeroporto de Cumbica (SP) contrabandeando um Boeing do EUA carregado de muamba. Responde a dezenas de processos e já condenado por invadir terra indígena para exploração de madeira.


A gestão de Orleir Cameli era tão corrupta que chegou a merecer do jornal O Globo a manchete "Um campeão da falcatruas na cadeira de governador". Cameli era o principal alvo do PT quando o partido era oposição no Acre, mas virou aliado e colaborador financeiro dos petistas.

Desde então suas empresas passaram a executar várias obras no Estado, especialmente em dois lotes do asfalmento da BR-364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Atualmente, é o maior entusiasta do setor privado estadual em defesa do nome da presidenciável Dilma Rousseff.

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EXPERTS DEMAIS

Empresa faz proposta de R$ 700 mil para realizar "planejamento estratégico" do Judiciário e começa a trabalhar antes da licitação e do contrato


Faz uma semana que o Judiciário do Acre reuniu (leia) no Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco, seus magistrados e servidores para iniciar o planejamento estratégico plurianual da instituição.

A empresa responsável pelo trabalho é a EPM Experts Ltda., que funciona na sala 103 do edifício Adonay Santos, no centro de Rio Branco.

Na tarde desta quarta-feira, 14, compareci ao escritório da empresa e um de seus diretores revelou que o planejamento estratégico do Tribunal de Justiça poderá custar R$ 700 mil ao erário.


A proposta de planejamento terá que ser concluída até o dia 4 de dezembro e será submetida à apreciação dos desembargadores que compõem o Tribunal Pleno Administrativo.

- Na verdade nós estamos fazendo um investimento de risco. Apresentamos a nossa proposta e se o Tribunal de Justiça aderir ao registro de preço do governo estadual seremos contratados. Do contrário, se tiver que ser licitado, como já estamos trabalhando, teremos prejuízo. A proposta de R$ 700 mil é um preço razoável e estamos trabalhando no limite - disse um diretor da empresa.

Segundo ele, a EPM Experts Ltda. já presta serviços de consultoria ao governo estadual via Secretaria de Planejamento e foi recomendada ao Tribunal de Justiça pelo secretário Gilberto Siqueira.

A empresa tem sede em Belo Horizonte (MG) e dado o volume de trabalho no Acre acabou abrindo uma filial nesta terra boa e promissora.

O que se questiona é como a EPM Experts Ltda, sem que tenha havido o devido processo licitatório, já esteja à frente do planejamento estratégico do Tribunal de Justiça quando está em jogo uma soma vultosa de verba pública para uma atividade relativamente simples.

A reportagem consultou por telefone o desembargador Arquilau de Castro Melo, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, para saber como conduz o planejamento estratégico daquela corte.

- Decidimos realizar o nosso planejamento estratégico a custo zero. Entendemos que a melhor maneira de alcançarmos nossas metas é envolver toda toda a nossa equipe de servidores. Ela é que realizará o planejamento. Ninguém melhor do que ela para isso, embora também pudéssemos ter recorrido ao Sebrae do Acre que faz isso muito bem - afirmou Arquilau Melo.

Fecha o pano.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PRESENÇA NO MEDIAON

Viagem marcada para São Paulo, onde participarei da terceira edição do MediaOn, entre os dias 27 e 29, no Instituto Itaú Cultural.

O MediaOn é um fórum internacional criado por jornalistas e profissionais da internet para debater os rumos de suas atividades e as tendências da informação no mundo digital.

No dia 28, das 17h30 às 19 horas, participarei do Painel 4 - Jornalismo sem intermediários - twitters e blogs aproximam fonte e consumidor de informação.

Qual o impacto, no jornalismo, das ferramentas que permitem que as fontes da informação entrem em contato direto com o público?

Casos de sucesso de uso de blogs e twitter por jornalistas

O que significa, para a indústria da comunicação, não-jornalistas se tornarem distribuidores de informação?

Como as empresas lidam com blogs e twitter de seus profissionais

Debatedores:

Danilo Gentili – Repórter do CQC, programa de jornalismo e humor da TV Bandeirantes

Altino Machado – Blog da Amazônia, de Terra Magazine

Camilla Menezes – Twitter de Mano Menezes


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