sábado, 26 de dezembro de 2009

OS QUE AMAM A TERRA

Fátima Almeida

Avatar, filme que está em cartaz em todo o país é recomendável, sobretudo para adolescentes, não só pelos efeitos especiais e o fato de ser um filme de ação sobre a velha luta do bem contra o mal, mas precisamente porque, neste filme, roteiro e direção de James Cameron, o mal está representado pelas forças armadas norte-americanas com seu aparato bélico a serviço de empresários interessados em extração de minérios nas áreas indígenas. Se as coisas continuarem assim, as novas gerações não vão aceitar nem tolerar que as reservas indígenas ainda existentes venham a ser violentadas por governos e seus aliados empresários, interessados em atividades lucrativas baseadas em exploração de minérios, petróleo, corredores de exportação e outras.

James Cameron dirigiu Exterminador do Futuro, quando iniciou essa discussão no cinema norte-americano sobre o domínio da máquina sobre os seres humanos. Naquele filme, recai sobre a mulher o destino de salvar a humanidade do império da máquina. Nós mulheres temos nossos corpos conectados com os ciclos da natureza, como se verifica com os períodos menstruais, a gravidez, o ciclo de amamentação. Podemos, por isso, apresentar maior sensibilidade ecológica, coisa mais difícil para a maioria dos homens depois da consolidação do patriarcado.

No filme desenrolam-se dois cenários, dois universos distintos, dois sistemas de valores. De um lado, o modus operandi do sistema capitalista cuja perseguição ao lucro é o princípio que rege o comportamento humano, que determina o modo imperialista e que condiciona a indústria armamentista. De outro o universo indígena de religiosidade anímica, de organização social baseada no coletivismo e não no individualismo, de convivência harmônica com o ambiente. Os efeitos especiais, em três dimensões, criam um mundo mágico e de encantamento. Tem o que se chama de velhos clichês, cenários e personagens já vistos em O Senhor dos Anéis e Guerra nas Estrelas além de que, tratando-se de James Cameron, é uma homenagem ao matriarcado.

No entanto, é recomendável tomar um ônibus leito ou mesmo um avião e ir ver o filme em Porto Velho capital mais próxima, onde, segundo me contaram, já existe um bom cinema no shopping. Em Rio Branco só existe um cinema, que exibe o filme dublado, sem recursos técnicos para se apreciar o visual de acordo com a proposta do filme, em 3D. O espectador paga R$ 16,00 para ter proveito de apenas 50% do filme, com muito esforço auditivo.

Na índia, Avatar é alguém que encarna um ser iluminado que reaparece entre a humanidade de tempos em tempos. No caso, Jesus Cristo foi um Avatar. No filme, eles denominam como avatares seres híbridos, com uma parte ocidental, e outra indígena, quanto ao fenótipo, ao genótipo e valores culturais. O herói do filme, ao final, muda de lado. Ele renuncia ao personagem ocidental e faz opção pelo coletivo, pela devoção à Mãe Terra. Mensagem do filme: o bem está do lado dos que amam a Terra.

Um comentário:

Adir disse...

Mais uma piada. Quem ama a TERRA?
Hehehehe