sábado, 7 de novembro de 2009

O TEJO É MAIS BELO










O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

2 comentários:

Rosangela Barros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosangela Barros disse...

Esqueci-me de falar, ontem, das belas imagens fotográficas, que ilustram o Belo rio Tejo de Alberto Caeiro, tão belas quanto a Beleza do Meu Rio que espirou-me as seguintes palavras:

Rio Acre

Quero rio do Rio...
De tanto rir!...
Do meu Rio

Riso do meu Pranto!
Do Manto não Preto...
Mas Branco
Do Branco rio!
Do meu Rio Branco!...

Que os marujos portugueses
Com suas Brancas Máscaras
Na Negra Colonização
Não ultrapassaram
Suas Longas Margens

E assim fiquei protegida
Pelo Branco rio
do meu Rio Acre!...