terça-feira, 28 de abril de 2009

INTEGRAÇÃO BRASIL-PERU

Alan Garcia ignora questão ambiental ao pleitear construção de seis hidrelétricas na Amazônia Peruana


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ter conseguido tranqüilizar ao presidente Alan Garcia, do Peru, que tem se mostrado bastante ansioso em tentar convencer o governo brasileiro a viabilizar a instalação de seis hidrelétricas em território peruano. Lula considera a integração energética “crucial” para o desenvolvimento brasileiro.

As hidrelétricas podem ser construídas pelas estatais Eletrobras e Eletroperu e podem merecer financiamentos do BNDES no valor de US$ 4 bilhões. Os ministros de Minas e Energia dos dois países assinaram em Rio Branco (AC) um memorando de entendimento para o apoio aos estudos de interconexão elétrica na fronteira Brasil-Peru.

A Cordilheira dos Andes oferece rios que correm em direção à região amazônica, mas o Peru reconhece que depende da ajuda do Brasil para gerar energia. As hidrelétricas que estão sendo negociadas pelos governos dos dois países serão instaladas numa região complexa.

Trata-se de uma área considerada pelos cientistas como abrigo da maior biodiversidade do planeta, ainda habitada por tribos de índios isolados e onde nascem os rios que formam o Amazonas, o maior rio do mundo.

Confrontados com essa questão pelo Blog da Amazônia, apenas o presidente Lula se dispôs a tomar uma posição. Alan García pareceu visivelmente constrangido ao ser instado a assumir algum compromisso em defesa do meio ambiente e das etnias indígenas, especialmente as que vivem em isolamento. Madeireiros peruanos com freqüência invadem o território brasileiro para a retirada de mogno de áreas indígenas.

Quando Terra Magazine revelou ao mundo, em maio do ano passado, as fotos dos índios isolados, pintados e nus, atirando flechas contra o avião de um sertanista do governo brasileiro, Alan García chegou a declarar que se tratava de uma encenação montada por ambientalistas interessados em inviabilizar o desenvolvimento da Amazônia Peruana. Desde então, o governo peruano tem sido alvo de campanhas internacionais. Elas exigem sobretudo proteção para os índios isolados que fogem para o território brasileiro fustigados pela ação dos madeireiros peruanos.

O presidente Lula foi mais habilidoso ao expor o que pensa. Leia mais no Blog da Amazônia.

Um comentário:

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altino,

A situação de todos os habitantes da região fronteriça do Brasil com o Peru já é muito difícil e preocupante. Pior ainda para os índios isolados que não possuem voz e são sempre tomados como atraso e obstáculo ao "desenvolvimento".

Nós estamos particularmente preocupados com os povos isolados que se encontram na cabeceira do Rio Chandles, próximo aos Igarapés Chandlecha e Riozinho e com os estão no PNSD na cabeceira do Igarapé Tapada por que não são assistidos de nenhuma forma pela Funai. Assistidos no sentido de terem suas terras inerditadas e suas sobrevivências garantidas.

Com a vinda dos dois presidentes tentamos por diversos meios encontrar uma forma de entregar-lhes a nossa proposta para garantir a vida daqueles povos. Naturalmente que que não obtivemos sucesso. Mas, creia, vamos continuar o nosso trabalho porque sabemos que temos a obrigação de denunciar e apontar soluções ao invés de ficarmos tomando cafezinho na anti-sala do pequeno poder.

Entristesse muito ver o povo, tido como organizado, batendo palminhas ao invés de ir para as ruas mostrar o verdadeiro Acre. O Acre real. Mas seguimos cantando, denunciando e anunciando tempos novos.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha