sábado, 21 de março de 2009

"BANDO DE URUBUS"

O governador Binho Marques (PT) questionou duramente a moralidade dos jornalistas que pediram a exoneração do assessor de Assuntos Indígenas Francisco Pianko, acusado no Ministério Público Federal de cometer abuso sexual contra menores nas aldeias.

Sem citar nomes de jornalistas, Binho Marques disse que não vai atender apelos de pessoas sem moral para exigir o afastamento de um integrante de sua equipe. Sílvio Martinello e Luis Carlos Moreira Jorge, ambos colunistas políticos de A Gazeta, foram os únicos que pediram abertamente a cabeça de Pianko.

O governador chegou a afirmar que "estão com saudades do tempo da roubalheira".

Isso me fez lembrar de dois episódios narrados a mim, na semana passada, pelos jornalistas Roberto Vaz, Ely Assem de Carvalho e Luis Carlos Moreira Jorge.


O primeiro, logo no início da gestão do governador Orleir Cameli, quando ele começou a negociar com os deputados estaduais a aprovação de uma autorização para aplicar R$ 42 milhões do Fundo Previdenciário do Acre na construção de casas populares.

Sabedora que Cameli se valia do pagamento de propina para fazer com que os parlamentares ajudassem-no a desviar a verba do Fundo Previdenciário, a imprensa começou a criticar o projeto. Os sindicalistas do PT reforçaram o coro dos descontentes e a situação se complicou.

Mas logo Cameli conseguiu serenar os ânimos e até obteve apoio da imprensa após designar o secretário Alércio Dias como interlocutor de um "cala-boca" de R$ 1 milhão para cada veículo de comunicação, exceto o jornal Página 20.

Até hoje Cameli jura que pagou e os empresários juram que não receberam.

O segundo episódio ocorreu mais adiante, quando o governo começou a atrasar em até seis meses os repasses mensais de verba para as contas dos veículos de comunicação.

Foi então que reuniram-se Narciso Mendes (O Rio Branco), Ely Assem de Carvalho (A Tribuna), Roberto Vaz (TV5), Roberto Moura (TV Gazeta) e Sílvio Martinello (A Gazeta).

Eles decidiram exigir uma providência diretamente a Orleir Cameli. E certo dia foram recepcioná-lo no aeroporto de Rio Branco.

Quando avistou os donos dos veículos de comunicação na sala de desembarque, Cameli deu meia volta e pediu para ser resgatado por seu motorista na pista do aeroporto.


Os cinco empresários perceberam a manobra e seguiram o governador pelas ruas da cidade até a casa dele. Cameli não percebeu que fora seguido e se refugiou em sua mansão.

Logo em seguida, os empresários estavam todos no portão da casa. Disseram ao porteiro que o governador aguardava-os, foram autorizados a entrar e se acomodaram nos confortáveis sofás da ampla sala-de-estar.

Cameli percebeu uma certa algazarra na casa, saiu da suíte e foi ver o que acontecia na sala. Estava apenas de cueca, mas decretou:

- Bando de urubus! Se retirem de dentro de minha casa, agora! Vamos! Bando de urubus! Saiam, saiam!

Sílvio Martinello e Roberto Moura ficaram atordoados com a reação. Na hora de sair avançaram em direção ao corredor que ia dar na suíte do governador:

- Seu Martinello e seu Moura, o caminho da rua é por ali. Pra fora, já! - esturrava Cameli.

O mais prosaico desse balaio de gatos é que os empresários de comunicação recebiam do governador Orleir Cameli e repassavam uma parte para a manutenção do jornal Página 20, naquela época o único que fazia oposição.

Cameli e Binho têm ascendência árabe, mas Binho não é Cameli.

4 comentários:

Unknown disse...

O que seria da "imprensa" acreana se não fosse a mamata que o governo repassa... o Ely assem, além dos prédios que ele aluga pra governo e pmrb ainda é gestor de um latifundio chamado diário oficial. Não temos imprensa, não temos jornais sérios, nossos jornais vivem da baba que o governo solta, exceto por alguns profissionais que estão na estrada a muito tempo e por alguns concludentes de jornalismo que conheço nossa imprensa está viciada, ou melhor, não temos imprensa, temos apenas um bando de urubus.

Hércules

Cartunista Braga disse...

Deve ser uma visão do inferno o Orleir só de cueca, né não?

Unknown disse...

Hahhahahahahahahahahhahahhahha
Kakakaakakakakaakakkakakakaka

Unknown disse...

Bela ficção...