quarta-feira, 18 de março de 2009

AOS INDÍGENAS E À SOCIEDADE DO ACRE

Francisco Pianko

Desde que assumi a Secretaria dos Povos Indígenas do Acre em fevereiro de 2003, no segundo mandato do governador Jorge Viana, e depois a Assessoria Especial dos Povos indígenas, na atual administração do governador Binho Marques, sempre tive a oposição de algumas pessoas ou grupos contrários às políticas publicas que colocamos em prática com o objetivo de acabar com o assistencialismo e a dependência reinantes no passado.

Um dos aspectos importantes da nossa política foi a descentralização das ações e das decisões, que deixaram de passar pelo crivo das entidades intermediárias e passaram a acontecer diretamente com as comunidades. As entidades eram e continuam sendo respeitadas, mas enquanto organismos representativos com missões definidas, de acordo com as deliberações das comunidades.

Nesse processo, as comunidades passaram a gerir seus próprios projetos, abrindo espaço para o surgimento de novas lideranças em praticamente todas as aldeias indígenas do Acre.

Isso desagradou fortemente algumas pessoas que se diziam lideranças indígenas, a maioria delas há muitos anos distante das aldeias, que queriam manter o controle da política e dos projetos destinados às comunidades.

Não encontrando o mesmo espaço de antes, essas falsas lideranças, que acabaram com a credibilidade e levaram importantes entidades à falência, como a UNI e outras, começaram a me atacar e me acusar de estar fazendo uma política de enfraquecimento do movimento.

Essas acusações de ordem política não encontraram ressonância nas comunidades, que estão cada vez mais organizadas, lutando pelo fortalecimento das suas identidades e dispostas a conduzir seus próprios destinos.

Agora, num ato criminoso de total irresponsabilidade, essas pessoas, tendo a frente a advogada Joana Dárc e a Sra. Letícia Luiza Yauanauá, que se opõe desde o início à minha presença na Assessoria Especial dos Povos Indígenas, chegaram ao extremo de levantar falsas denúncias de ordem pessoal contra mim, com o objetivo de me indispor com as comunidades indígenas e também com a sociedade acreana da qual também faço parte.

Fui espontaneamente ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para dizer que essas denúncias não têm qualquer fundo de verdade e que sou o primeiro a exigir a máxima rapidez na apuração, para que eu possa processar cada uma das pessoas que estão me caluniando e injuriando perante a sociedade.

Lamento ainda mais que uma denúncia vazia, que nem sequer foi investigada pelas autoridades, seja tornada pública em forma de julgamento prévio, causando prejuízo irreparável à minha imagem e tamanho transtorno frente à minha família, ao meu povo e à sociedade.

Sou inocente dessas acusações absurdas e a prova disso é que sempre viajo para as aldeias acompanhado por uma equipe de trabalho, que pode falar sobre a agenda que cumprimos nos nossos deslocamentos.

Espero confiante na justiça!

Francisco Pianko é Assessor Especial para Assuntos Indígenas do Governo do Acre. A nota de esclarecimento é uma resposta às acusações, publicadas no site AC 24 Horas, segundo as quais Pianko teria cometido abuso sexual (leia) em aldeias indígenas. O site publicou erroneamente a foto do índio Benke (irmão de Francisco) como sendo do assessor do governador Binho Marques. Atualização às 18h10: a foto de Benke foi suprimida após a publicação desta nota.

2 comentários:

Grupo de Choro Afuá disse...

Aquela brincadeira tradicional:"quexada", queria explicitação. Talvez o que aconteceu foi apenas uma brincadeira tradicional. Uma coisa tenho certeza, no AC24h eles mostram a denúncia documentada. Não sei o que é mais selvagem: o ato de estuprar, seja virgem ou não; o ato de denunciar; ou o de negar. Lembre-se sempre dessa frase para nunca usar quando estiver em apuros: "não tenho medo da onça". Pois certamente um dia estará sem armas e poderá encontrar aquele animal que julga não temer. A onça então perguntará: - tens medo de mim? A resposta certa para representar o orgulho e a prepotencia é: Não! Então a onça mostrará o instinto. O remédio seria sempre está armado e a melhor arma é a negação.

Mambira xixica disse...

Isso é uma vergonha! O cacicão que foi colocado para defender os pobres índios, botou literalmente para lascar! Bulinando as pobres indias. Foi o mesmo que colocar rapoza para cuidar do galinheiro. Agora tá aí! A casa caiu!
Desde o governo passado que este zumzumzum corre nos corredores dos meios de comunicação, porém, ninguém teve coragem se indispor com o governo.
Foi-se o tempo que índio se contentava só com apito.