segunda-feira, 30 de junho de 2008

TADINHO


Do Jorge Viana, que recebe quase R$ 20 mil de aposentadoria como ex-governador do Acre, além de R$ 70 mil mensais como presidente do Conselho de Administração da Helibras, sem contar as generosas consultorias:

- Estou trabalhando muito na Helibras. Fechamos um projeto para a fabricação de um super-helicóptero e consegui convencer o presidente Lula a apoiar a idéia. Fui contratado para fazer quatro reuniões por ano e virei quase um executivo da empresa participando de encontros quase toda semana. E olha que o salário é pouco. Baixo para quem vira executivo.

Amigo Jorge, se necessitar de um gestor de crises, conte comigo. Será um prazer ajudá-lo a superar essa situação lastimável em que se encontra. Nada pior do que trabalhar demais e ganhar pouco.

Leia mais no Blog do Brãna e vamos tratar de ajudá-lo, pois foi eleito e reeleito governador com a promessa de que a vida ia melhorar. Ele merece.

BRAGA ESTÁ MAIS QUEBRADO


Do Cartunista Braga:

- Na noite da última sexta-feira fui assaltado nas proximidades do restaurante O Paço, algo totalmente corriqueiro naquele ponto turístico de Rio Branco. Escrevo agora com muita dificuldade porque a violência resultou no meu nariz quebrado, na minha mão direita luxada e em diversas escoriações, além de ter perdido a minha velha pochete com todas as coisas dentro. Também foram-se meus óculos, o que torna complicado datilografar essa mensagem. Mas a finalidade desta mensagem é para comunicar o meu número residencial (3226-4616), pois também perdi o celular".

Meu comentário: Não precisa gemer, Braga: está escrito nas estrelas que o Acre será o melhor lugar para viver na Amazônia, a partir de 2010. Já avançamos nesse sentido com a mudança do fuso horário, que nos deixou mais perto do Brasil. Prepare-se para as balas perdidas. E esse teu curativo é bem típico da estética da florestania. Sua cara agora parece uma poronga estilizada. Estamos ficando fartos das máscaras de ferro.

ÍNDIOS ISOLADOS

"Mídia erra ao noticiar fato verídico
como se fosse fraude", diz sertanista


O sertanista da Funai José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Rio Envira, distribuiu uma nota de esclarecimento em decorrência de várias notícias veiculadas na semana passada dando conta de que seriam uma fraude as fotos dos índios isolados atirando contra um avião na fronteira Brasil-Peru.


A confusão começou quando Gabriel Elizondo, correspondente da Al Jazeera no Brasil, entrevistou o sertanista em Feijó (AC) e relatou (leia) que a existência dos índios isolados na região é conhecida desde 1910. O sertanista já havia declarado isso em outras tantas entrevistas.

Porém, baseado naquele relato, Peter Beaumont, do jornal inglês The Observer, deduziu (leia) que o sertanista não fizera uma "descoberta inédita" e que a existência da tribo era do conhecimento do governo brasileiro há quase cem anos.

Embora Meirelles jamais tenha reivindicado o ineditismo, o relato da Al Jazeera e as precipitadas conclusões de Peter Beaumont, especialista em temas do Oriente Médio, muito respeitado pelo seu trabalho no Iraque, serviram para revigorar a disposição dos madeireiros de continuar explorando as terras dos índios isolados do lado peruano.

- Peter Beaumont copiou o que escrevi e tirou conclusões sobre um assunto o qual ele desconhece. Nós tivemos o trabalho de viajar até Feijó, no Acre, para entrevistar o sertanista Meirelles e lamentamos as consequências negativas do que fez The Observer - disse Gabriel Elizondo a Terra Magazine.

CTRL+C, CTRL+V
Até a holandesa Radio Nederland contribuiu para divulgar a versão equivocada (leia) de que tudo não passou de uma fábula. O website da emissora veiculou conclusões do antropólogo holandês Peter Jona, para quem houve encenação para a foto dos índios atirando flechas contra o avião do sertanista.

O comando de computador para copiar (CTRL+C) e colar (CTRL+V) afetou até o jornal espanhol El País, que se baseou na conclusão precipitada do Observer para tratar o sertanista (leia) como fotógrafo e concluir que tudo não passou de "una historia bonita, pero un fraude".

Na verdade, poucos correspondentes estrangeiros no País escreveram sobre os índios isolados. Gerhard Dilger, correspondente do diário alemão Taz, na semana passada foi um dos poucos (leia) a esclarecer os leitores de seu país a respeito das controvérsias.

A desinformação que dominou parte da imprensa internacional foi comemorada por madeireiros e autoridades do governo peruano, bem como por alguns veículos da mídia brasileira e peruana, que reproduziram diversas reportagens baseadas na "recortagem" do Observer.

O site de notícias chinês China View (leia) confundiu até a função de Meirelles, chamando o sertanista de fotógrafo: "O fotógrafo que divulgou as fotos de uma tribo isolada na Amazônia (...) admitiu que elas eram parte de uma fraude para chamar a atenção para os perigos causados pela indústria madeireira do Brasil".


As fotos dos índios isolados foram divulgadas em primeira mão por Terra Magazine no dia 23 de maio, quando o sertanista entregou à reportagem dois CDs com 1.090 fotos tiradas durante os cinco dias de sobrevôo na região da fronteira Brasil-Peru. Meirelles decidiu divulgá-las para denunciar ao mundo a exploração ilegal de madeira nas terras dos índios isolados, o que resultou em pressão da opinião pública internacional contra o governo e os madeireiros peruanos.

Farsa peruana
Em Pucalpa, capital do departamento peruano de Ucayali, região controlada pela madeireira Forestal Venao, que explora mogno em área indígena, o jornal Ahora já havia publicado, no dia 5 de junho, uma foto na qual aparecem seis indígenas, com a seguinte manchete na primeira página: "Supuestos no contactados dicen que ONG pago para fotografiarlos desnudos". As organizações WWF e Aidesep negaram as acusações.

A Survival International, uma organização que defende os direitos dos povos indígenas isolados, que ajudou a divulgar as fotos dos índios isolados após terem sido publicadas em Terra Magazine, não havia descrito a tribo como "perdida" e havia dito na época que o objetivo era mostrar ao mundo sua existência.

A organização tem buscado o direito de publicar algo no Observer para tentar corrigir o erro. O dano do artigo de Peter Beaumont é incalculável. As ilações dele têm sido consideradas muito negativas para os índios isolados, porque escreveu exatamente o que as madeireiras, petrolíferas e politicos anti-indígenas queriam ler. Também atingiu o esforço do sertanista Meirelles e de entidades como Survival e Coordenação Geral de Índios Isolados da Fundação Nacional do Índio, que defendem os direitos dos isolados e tentam dar visibilidade aos problemas que eles enfrentam.

As trapalhadas da mídia forçaram o sertanista Meirelles a enviar para Terra Magazine, para a antropóloga Fiona Watson, diretora de campanhas da Survival Internacional, e para a Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil, uma nota de esclarecimento.

Segundo Meirelles, a opinião pública nacional e internacional, abastecida por informações da mídia, podem ser ótimos aliados dos isolados na defesa de seus territórios e de seu modo de vida.

- Se a imprensa internacional insistir em publicar informações erradas, desencontradas e se ater somente à polêmica e ao exótico, estará prestando, gratuitamente, espero, um ótimo serviço aos interesses dos madeireiros ilegais, concessionários de lotes petrolíferos e minerais ou agentes do agronegócio que cobiçam e invadem o território desses povos - afirma Meirelles.

Leia mais em Terra Magazine.

sábado, 28 de junho de 2008

A QUEM ESTAMOS ENTREGUES

Entre um cerradinho e a soja


Do chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, entrevistado de Veja da semana:

- A cabeça de Lula é a do peão do ABC. O núcleo da preocupação do presidente é com emprego e salário. Vejo isso todo dia. Assim, se o banqueiro tiver lucro, tudo bem. Ele diz: "Eu prefiro que esses caras tenham lucro do que fazer um Proer para eles depois". Mesmo em relação à reforma agrária, eu não sinto que ele se empenhe tanto quanto por salário e emprego. Nem quanto ao ambiente. Vou ser bem claro aqui: ele acha importante a preservação, mas, entre um cerradinho e a soja, ele é soja. O ambiente é uma questão importante, mas não é decisiva. O que é decisivo é a economia.

ACRE PODE RECEBER BILL GATES


Bill Gates, o fundador e todo-poderoso da Microsoft, se despediu ontem da empresa. Deixará de trabalhar na gigante do software para se dedicar à fundação beneficente que tem com sua mulher, Melinda, com quem se casou em 1994.

Gates, de 52 anos, continuará sendo o presidente do Conselho administrativo da empresa que criou há 33 anos. A fortuna dele é estimada em US$ 58 bilhões, tendo sido corroída pela malsucedida tentativa de comprar a rival Yahoo! este ano.

Mas ele já avisou que tudo, à exceção de 1%, será doado. Um dos projetos da Fundação Bill & Melinda Gates é erradicar a malária.

Como ainda temos cidades com epidemia de malária, por causa disso não custa sonhar com a possibilidade de Bil Gattes passar seus últimos dias no Acre.

O governador Binho Marques tem prometido que o Estado será o melhor lugar da Amazônia para viver em 2010, no término do mandato dele.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A MULHER BRABA DO RIO D'OURO


A indigenista Paula Meirelles, 31, trabalha há cinco anos na Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, que é coordenada pelo pai dela, o sertanista da Funai José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, que forneceu para Terra Magazine, em primeira mão, no final de maio, as fotos de índios isolados atirando flechas contra um avião.

As fotos ainda hoje circulam na mídia internacional e geram perplexidade e polêmica, mas a acreana Paula Meirelles segue trabalhando na foz do Rio D'Ouro, na fronteira Brasil-Peru, numa das regiões mais remotas da Terra. Dias antes da divulgação das fotos, o zunido de uma flecha disparada pelos índios isolados a fez experimentar o maior medo de sua vida.

- Era um sábado e todos os homens haviam saído para caçar. Ficamos em casa apenas eu e a "Preta", a cozinheira. Fui ver como estava a construção da casinha nova, de madeira, quando uma flecha foi lançada. Não me atingiu e saí correndo. Acredito que eles não quiseram me acertar. Devem ter feito aquilo apenas para assustar uma mulher. Encontrei a flecha e parece com o tipo de flecha que já foi usada para atingir meu pai - relata a Terra Magazine.

Paula casou aos 17 anos e separou aos 20. É mãe de Henrique, 10, e de Ana Cecília, 13. O garoto mora com a avó materna em Feijó (AC) e a menina com o pai, em Manaus (AM). No posto de fiscalização do D'Ouro, a indigenista comanda o trabalho de quatro peões e da cozinheira "Preta". Num ambiente tão hostil e carente é inegável que a beleza dela mexe com a libido dos homens.

- Quando cheguei tive que me impor e fazer mesmo cara de braba. Não dei muita abertura para que as pessoas fizessem qualquer tipo de brincadeira. Por lá sou conhecida como a mulher braba do D'Ouro.

Leia a íntegra da entrevista na Terra Magazine.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

CÂMARA CÍVEL LIVRA JORGE VIANA

A Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre decidiu anteontem, de forma unânime, pelo fim da ação popular que tramitava contra o ex-governador Jorge Viana, em decorrência de supostas formas de propaganda publicitária ilegal e lesiva ao patrimônio público, representadas pelo símbolo de uma árvore e pelo slogan "Acre - Governo da floresta".

- Não vejo qualquer propaganda pessoal, a não ser da própria natureza, que, neste Estado, pela graça de Deus e para nosso bem-estar, ainda está em grande parte preservada. (...) A floresta é um bem do povo acreano e a árvore, ao meu ver, é o melhor símbolo para representar a floresta. Aliás, a árvore, mais precisamente a castanheira, está nas armas do próprio Estado do Acre, por dentro do círculo branco, onde se lê a inscrição "NEC Luceo Pluribus Impar" - argumenta em seu voto a desembargadora Miracele Lopes, relatora da apelação cível n° 2005.002439-7.

Segundo a desembargadora, “não se pode conceber que o símbolo, representado por uma árvore, e que está nas armas do próprio Estado, ainda que complementado pelo slogan "Acre governo da floresta", pudesse ser qualificado como propaganda pessoal à custa do erário”.

Miracele Lopes ainda assinalou que, diferente das propagandas institucionais utilizadas pela administração pública em governos passados, na gestão do ex-governador Jorge Viana não havia vinculação ao nome de quem quer que seja.

- Se a atual administração optou por priorizar a proteção ecológica em suas propagandas, ótimo; se decidiu pela proteção de nossos ecossistemas e, de forma intensa, divulga que a floresta é patrimônio de nosso povo e merece ser preservada, maravilha. O que não pode, e isto foi e está sendo respeitado pela administração, é o direcionamento da propaganda para promoção pessoal - concluiu a relatora, concedendo provimento ao recurso de Jorge Viana no sentido de reformar a sentença do Juízo da 1ª. Vara da Fazenda Pública.

O Estado do Acre e o então governador Jorge Viana chegaram a ser condenados a extrair da publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas, o símbolo representado por uma árvore e o slogan "Acre governo da floresta". Da mesma forma, a retirar o símbolo e slogan de todo o patrimônio público.

O então governador ficou sujeito a uma pena de multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento da decisão. Jorge Viana estava, ainda, condenado a restituir ao erário os valores gastos com a publicidade destituída de caráter educativo, informativo ou de orientação social, na qual tenha constado o símbolo e slogan.

Assim, a Câmara Cível, em julgamento presidido pelo desembargador Samoel Evangelista, com a participação dos desembargadores-membros Miracele Lopes e Adair Longuini, e do procurador de justiça Oswaldo d’Albuquerque Lima Neto, decidiu dar provimento à apelação do Ministério Público, para anular parte do aditamento feito à sentença do juízo da 1ª. Vara da Fazenda Pública de Rio Branco, mais precisamente no ponto em que deferiu o pedido de liminar e fixou a penalidade.

Por igual votação, acordaram em dar provimento, em parte, à apelação do Ministério Público, para anular a parte da sentença que condenou o Estado do Acre. No mérito, acordaram por unanimidade, em não conhecer do recurso do Estado do Acre, e, por igual votação, em dar provimento ao recurso de Jorge Viana, conforme os termos do voto da relatora.

Confira a íntegra do
Acórdão n° 5.072, onde consta a decisão final sobre o processo

ATAQUE AÉREO NO PERU

E X C L U S I V O
Sertanista denuncia que índios isolados
foram alvo de madeireiros peruanos



O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, autorizou Terra Magazine a publicar com exclusividade mais fotos inéditas de duas malocas dos índios isolados do igarapé Xinane, oriundos do Peru.

No final de maio, o sertanista já havia repassado com exclusividade dois CDs com 1.090 fotos (veja aqui) tiradas durante o sobrevôo que resultou nas primeiras imagens dos índios isolados no município de Feijó, na fronteira Brasil-Peru.

- Essas fotos inéditas foram encaminhadas à Fundação Nacional do Índio e não foram objeto de divulgação na mídia - afirma Meirelles.

As fotografias que até agora foram amplamente divulgadas na mídia nacional e internacional, onde aparecem índios isolados, são do grupo das cabeceiras do rio Humaitá e igarapés da margem esquerda do rio Envira, que o sertanista monitora há vinte anos, de uma etnia tradicionalmente habitante do território brasileiro.

Leia também:
Opine aqui sobre os índios isolados
Veja as fotos inéditas da aldeia de índios isolados
Sertanista teme retaliação de madeireiros peruanos
Índios isolados fotografados pela 1ª vez no Acre
Comitê fará relatório sobre índios isolados


Até hoje os índios das cabeceiras do Xinane não foram avistados durante sobrevôos. O sertanista acredita que isso pode ser conseqüência de alguma experiência trágica que os índios tiveram relacionada com aviões no lado peruano.

- Por lá, homens, mulheres e crianças fogem quando sobrevoamos, embora a gente veja com certa freqüência fogo aceso nas casas. A minha suspeita é que estejam escabreados em decorrência de alguma agressão da qual possam ter sido vítimas. Com certeza já sofreram ataques aéreos com tiros e bombas - afirma Meirelles.

O sertanista explica que algumas das fotos são de uma maloca de mais ou menos um ano e meio, tempo que deduz a partir da existência de um plantio de bananeira que não existia quando ele sobrevoou o local há dois anos.

- É uma maloca muito recente, vide os roçados novos, o chão limpo. Eles chegaram este ano. Quando sobrevoamos, os índios fugiram. Devem ter sido atacados de avião pelos madeireiros em território peruano. Eles não esperam. Já vimos eles andando pelo mato. Eles têm o corte de cabelo curto, tipo cuia, muito diferente daqueles das fotos que divulgamos no final de maio - acrescenta.

O sertanista também enviou fotos de pranchas de mogno e do lixo peruano que alcança o território brasileiro através do Rio Envira para denunciar a presença de madeireiros na área dos índios isolados.

- É importante que Terra Magazine publique as fotos das malocas dos índios que estão se mudando do Peru para o Brasil. Esses índios fogem quando escutam barulho de avião, diferente daqueles que moram aqui no Brasil. Vimos eles nas na mata. De avião, é impossível. Todos somem. Acontece que na mata ninguém anda com máquina fotográfica na mão. Quando nos encontramos, corre o índio pro lado deles e a gente pro nosso lado. É muito importante frisar que não é coincidência demais que esses parentes tenham medo de avião. Todos têm, mas os índios isolados protegidos em território brasileiro enfrentam o avião.

Veja as fotos em Terra Magazine.

ÍNDIOS ISOLADOS BRASIL-PERU

Sertanista teme retaliação de madeireiros


O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Rio Envira (Funai), divulgou nesta quinta-feira, 26, uma nota de esclarecimento sobre a polêmica decorrente das fotos dos índios isolados. As imagens foram tiradas durante um sobrevôo na região da fronteira Brasil-Peru no final de abril e publicadas com exclusividade (leia) por Terra Magazine no dia 23 de maio.

A polêmica teve origem com a publicação da nota intitulada "Confirmado: No son peruanos los nativos fotografiados en territorio brasileño", emitida pela Oficina de Comunicaciones do Instituto Nacional de Recursos Naturales, do Peru. A nota repercutiu na imprensa peruana, em diferentes sites da internet e resultou em informações desencontradas, no Brasil e no exterior, sobre as fotografias dos índios isolados da região do rio Envira, no Estado do Acre.

Segundo Meirelles, em 2004, durante um sobrevôo, além das malocas já conhecidas, foi identificado um novo conjunto de malocas na região do igarapé Xinane, afluente da margem direita do rio Envira. Com base nas informações daquele sobrevôo, o sertanista assinala ser possível afirmar que, naquele ano, não existia, no lado brasileiro, qualquer presença de povos isolados oriundos do Peru nas proximidades do paralelo de 10ºS.

- As fotografias amplamente divulgadas na mídia nacional e internacional, onde aparecem índios isolados, são do grupo das cabeceiras do rio Humaitá e igarapés da margem esquerda do rio Envira, que a Frente monitora há vinte anos, e são tradicionalmente habitantes do território brasileiro. Outras dezenas de fotos das malocas dos índios isolados do igarapé Xinane, estes sim oriundos do Peru, foram encaminhadas à Fundação Nacional do Índio e não foram objeto de divulgação na mídia. - afirma o sertanista.

A nota de esclarecimento assinala que as malocas não existiam antes de 2004 e que as evidências de atividade madeireira nas cabeceiras do rio Envira, no lado peruano, os vestígios constantes no igarapé Xinane e a ocupação recente (malocas e roçados novos constatados fotograficamente) permitem afirmar que outros índios isolados da região - mas não os fotografados - são oriundos do território peruano.

- Os jornais peruanos que estão plantando informações mentirosas na mídia internacional devem pertencer aos importadores ou exportadores de madeira que saqueiam aquela região. Se os madeireiros mandarem me matar, peço a vocês que façam uma zoada grande - pediu nesta manhã José Carlos dos Reis Meirelles à reportagem de Terra Magazine.

Leia em primeira mão a íntegra da Nota de Esclarecimento na Terra Magazine.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

HORÁRIO MUAMBA


Do Cartunista Braga.

Em tempo: pegando embalo na mudança do fuso horário imposta ao Acre, o deputado Tiziu Jidalias (PMDB-RO) quer igualar o horário de Rondônia ao de Brasília. Lá também a pressão é feita pela Mãe do Big Brother Brasil. Não vai faltar aliado daqui para nos deixar ainda "mais perto do Brasil". Logo teremos horário único no país. Dirão por aqui que era um ideal dos povos que construíram os Geoglifos do Acre.

FESTCINE AMAZÔNIA 2008

"A natureza não pode sair de cena"



Estãrão abertas até o dia 29 de agosto, as inscrições para o Festcine Amazônia (Festival de Cinema e Vídeo Ambiental) cujo tema deste ano é “Não – A Natureza não pode sair de cena”.


O Festcine Amazônia, que já é um referencial sobre temática ambiental na região, realizará a sua sexta edição, em Porto Velho (RO), no período de 10 a 15 de novembro.

Clique aqui para saber mais.

OLHA A HORA

Do marqueteiro pernambucano Gilberto Braga, da Cia. de Selva, a agência que detém as contas do governo do Acre e da prefeitura de Rio Branco:

- Quem quer plebiscito para mudança do fuso horário terá que passar mais 95 anos esperando. Foi esse o tempo que o horário passou errado. Isso é democracia.

Meu comment: Resigna-me saber que o marqueteiro vai embora do Acre na "hora" que a mamata acabar. E ela não vai demorar 95 anos.




Charges do Dim no Blog do Edvaldo.

A TERRA DO POVO PREGUIÇOSO

Era uma vez uma terra onde existia um povo preguiçoso, mas tão preguiçoso, que todos adquiriram o estranho hábito de acordar apenas com o nascer do Sol.

Até que um dia surgiu a Mãe do Big Brother Brasil e mandou que o senador Tião Viana desse um jeito de fazer com que aquele povinho parasse de ser tão preguiçoso.

No começo, Tiãozão disse que faria um plebiscito para saber se o povo queria mesmo deixar de ser tão preguiçoso e fazer parte do bando trabalhador do País.

A maioria daquele povo preguiçoso queria mesmo era continuar tendo um pouco mais de paz, acordando com o canto dos galos e dos passarinhos do reino da floresta encantada.

Tiãozão desistiu logo do plebiscito ao perceber que não iria ficar bem na fita caso não conseguisse cumprir com a ordem da Mãe do Big Brother Brasil.

Quando ninguém esperava, Tiãozão falou com Lulinha Paz e Amor e seus 300 picaretas. De repente, a Mãe do Big Brother Brasil começou a ter prejuízo porque não podia mais exibir filminhos e novelas de sacanagem sem censura, em horário nobre.

E a Mãe do Big Brother Brasil, Lulinha e Tiãozão decidiram que a terra dos preguiçosos seria eliminada por força de um decreto.

Os 300 picaretas aprovaram e Lulinha sancionou a lei que obriga o povo a dormir mais cedo e a acordar antes dos passarinhos e galos do reino da floresta encantada.

Aí fizeram uma campanha publicitária desenhando um Sol bem alegre, que usava um bigode igual ao do Zé Bonitim. E contrataram Bill Halley e seus cometas para fazer um show e cantar rock around the clock às margens do Danúbio Azul que atravessava a aldeia.

Os servos do palácio foram liberados e assistiram ao show como convidados.


- Vai trabalhar vagabundo, Deus ajuda a quem madruga - gritava a multidão de súditos no circo.

Se o povo vai deixar de ser preguiçoso ou não, ainda não se sabe, mas o ritmo mudou. Imitando o Samba do Crioulo Doido, que o povo dançava nos tempos da ditadura, a floresta encantada agora dança o Mariri do Caboclo Doido.

terça-feira, 24 de junho de 2008

DE VOLTA À ESCOLA

O governador Binho Marques (PT) antecipou ao blog que Juliana Lofego será exonerada do cargo de gerente do Departamento de Comunicação da Secretaria de Saúde.

Na semana passada (leia aqui), o sanitarista José Ruben de Alcântara Bonfim, editor associado do Boletín Fármacos, solicitou ao secretário de Saúde, Oswaldo Leal Júnior, a cópia de uma nota técnica mencionada por mim na matéria 'AC: Juiz extingue processo sobre "cobaias humanas"', disponível em Terra Magazine.

A assessora respondeu erroneamente que a Secretaria de Saúde não redigira nota técnica sobre o caso das supostas "cobaias humanas". Posteriormente, reconheceu o erro publicamente (leia), mas agravou o mesmo ao alimentar uma polêmica desnecessária, quando dois estagiários de jornalismo foram usados como escudo dela para ataques gratuitos (leia) contra o meu trabalho.

Não deixa de ser uma boa notícia: a Universidade Federal do Acre terá de volta uma professora do curso de jornalismo cujo contrato de 40 horas havia sido reduzido para que pudesse assumir um cargo de confiança bem remunerado na máquina administrativa estadual. O senão é que a Ufac não paga tão bem.

NOITE DE S. JOÃO


A frieza foi suplantada no Alto Santo pelo calor da fogueira de S. João e da presença de velhos e novos amigos.


Dona Peregrina Gomes Serra, dignitária do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo recebeu uma equipe da Tourag Conteúdo, que faz o programa SBT Realidade: a jornalista Patrícia Travassos, a cinegrafista Wlacyra Lisboa e o jornalista e produtor Rodrigo Hornhardt.

O SBT Realidade vai apresentar ao país os três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras (Alto Santo, Barquinha e União do Vegetal), que solicitaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional o reconhecimento do uso da ayahuasca em rituais religiosos como patrimônio imaterial da cultura brasileira.

O governador Binho Marques é um dos entrevistados do programa, que terá 45 minutos de duração e incluirá reportagem sobre a experiência da etnia ashaninka com a ayahuasca.


Como não havia pressa, o prefeito Raimundo Angelim e o governador até tiveram tempo para atualizar o papo com um fã deles, o garoto Samuel, que exibe discretamente o maracá. Ficaram sabendo, por exemplo, que o ex-governador Jorge Viana é personagem do passado para Samuel. Viana iniciava o segundo mandato quando o garoto nasceu.


Quem também esteve no Alto Santo foi o respeitado fotógrafo Delfim Martins, que chegou ontem ao Acre para ampliar o banco da Pulsar Imagens, tendo como foco o extrativismo da borracha e da castanha na região de Xapuri.

Atualização às 11h33 de 25/06: a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B), autora do projeto de reconhecimento do uso ritual da ayahuasca como patrimônio imaterial da cultura brasileira, também compareu ao Alto Santo.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

FOGUEIRA DE S. JOÃO

Neste Planeta, que Deus nos reservou para habitar, não existe outra que seja tão grande, dadivosa e iluminada quanto no Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo, fundado por Raimundo Irineu Serra (1892-1971), e dirigido por sua esposa Peregrina Gomes Serra. Viva S. João!

domingo, 22 de junho de 2008

A HORA DO SOL


Charge do Blog do Edvaldo.

Toinho Alves, que não viu a charge nem diria aquele
"seja feito (sic) a vossa vontade", pediu para transmitir o seguinte aviso:

- A dona da casa de oração que frequento decidiu que o relógio de lá continuará a marcar a hora antiga, baseada no Sol.

Leia mais sobre o HPTV (Horário Pós-Tiao Viana) no blog Ambiente Acreano.

OS DOIS VASOS DA VELHINHA

O indigenista Armando Soares Filho enviou a historinha, mas não cita o autor.

"Uma velha senhora chinesa possuía dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Este último estava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada da torrente até a casa, enquanto aquele rachado chegava meio vazio.

Por longo tempo a coisa foi em frente assim, com a senhora que chegava em casa com somente um vaso e meio de água.

Naturalmente o vaso perfeito era muito orgulhoso do próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.

Depois de dois anos, refletindo sobre a própria amarga derrota de ser "rachado", o vaso falou com a senhora durante o caminho:

"Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que eu tenho me faz perder metade da água durante o caminho até a sua casa..."

A velhinha sorriu:

"Você reparou que lindas flores tem somente do teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado.

E todo dia, enquanto a gente voltava, tu as regavas.

Por dois anos pude recolher aquelas belíssimas flores para enfeitar a mesa. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa".

Velho Armando, grato pela lembrança.

FOCAS NEGAM QUE SEJAM COBAIAS

Foca é a gíria usada nas redações para identificar o calouro no trabalho, o jornalista novato, bisonho. E cobaia, todos sabem, é campo, assunto ou objeto de experiências. O que segue decorre do post "Cobaias da comunicação". Cobaias ou focas agora dizem isso e aquilo e dão a volta ao mundo para evitar a questão central: a necessidade de uma autocrítica do erro no qual incorreram, que atentava contra a crediblidade de meu trabalho. Codigo de ética de jornalista ou de médico não pode se usado para abafar erros ou fortalecer corporações em detrimento da sociedade. Leia o que dizem as cobaias ou focas amestradas, agora estimuladas por Juliana Lofego, gerente do Departamento de Comunicação da Secretaria de Saúde:

De Jaidesson Peres
, estagiário da Assessoria de Comunicação da Sesacre e acadêmico do 4º período:

"Estimado Altino,

Vejo o quanto você está contaminado de paixões e intenções no seu artigo sobre a comunicação da Secretaria de Estado de Saúde.

Não somos cobaias nenhumas da comunicação. Eu e todos os funcionários do nosso setor lemos, pesquisamos e nos informamos aprofundadamente quando produzimos matérias e nos esforçamos sobremaneira para cumprirmos fielmente com nossas obrigações.

Para o seu conhecimento, ninguém é "marajá" dentro do nosso departamento. Ficaria mais adequado se você comprovasse tal embuste, pois leviandades e conjeturas são ocupações de jornalistas aéticos, desacreditados, impudicos e vis.

Somos humanos, por isso estamos suscetíveis a falhas. Não me venha dizer que você nunca errou?

O Mestre dos mestres ensinou: "Quem nunca errrou, que lance a primeira pedra".

Portanto, amigo, seria bom que você lesse o Código de Ética do Jornalista- isto é, se você freqüentou uma faculdade- e cessasse de difamar injustamente pessoas sérias e íntegras.

De Nayara Lessa:

"Sou uma jovem jornalista, nascida na cidade de Tarauacá, formada aqui em Rio Branco, ano passado. Mas nem minha juventude, nem a origem interiorana, nem o Curso Superior que me titulou jornalista, servem como antecedentes para que você, pelos anos que a vida de lhe deu, pelos cursos que fez, pela experiência que adquiriu, se julgue no direito de desprezar meu trabalho, diminuir a pessoa humana e a profissional que sou, chamando-me de 'cobaia de comunicação".

Sou uma jornalista, assim como o colega, que carrega consigo o dever, a dignidade, a reponsabilidade e, sobretudo o respeito à informação. Aprendi, com meus professores, bem como no seio de minha família, que o respeito um dos mais sólidos pilares da vida. Quando uma pessoa desrespeita outra, por ações ou palavras, comete crime tipificado no Código Penal Brasileiro. Quando um jornalista desrespeita o outro, fere o código de ética do próprio jornalismo.

Então, Altino, nesse embate, não sei qual foi sua escola de formação, e mesmo se soubesse não iria debitar a ela o teu aprendizado em indelicadeza, grosseria, pouca educação, quando insulta colegas suas, na rudeza de palavras, classificando-as de "cobaias da comunicação da Secretaria de Saúde". E, ainda não satisfeito, vai além, tenta diminuir, menosprezar nossa capacidade intelectual de ler, pensar, refletir, passar informações que não estão ao seu gosto, ao dizer: "Essas cobaias da comunicação da Secretaria de Saúde não lêem, não sabem escrever e desconhecem o que acontece na ponta do nariz delas. De bom mesmo só o injusto salário de marajás que recebem do erário".

Também é bom dizer que nós jornalistas, lidamos com informação, com notícias. Não possuímos atividades administrativas ou executoras. O nosso compromisso é com a verdade da informação. E, nesse aspecto, tenho sido criteriosa, cuidadosa, zelosa. Trabalhamos com pessoas íntegras, sérias, que zelam pelo bem-estar da vida das pessoas do Acre. E, nesse episódio, que ganhou o título que o jornalista se refere, houve vários pronunciamentos, visando esclarecer a população sobre a verdade dos fatos, no qual você é conhecedor.

O contexto em que vivemos é perigoso. Há exemplos diários de caça por audiência, caça aos leitores, baixo nível da linguagem jornalística, descrença aos valores políticos, tudo numa corrida ao capitalismo selvagem, ao sensacionalismo da notícia etc. Então, por todas essas questões, o profissional da mídia precisa TER consciência deste quadro para poder enfrentá-lo, para saber agir dentro dele, sem ser devorado, sem agredir ninguém. Para tanto, algumas regras são fundamentais, as quais passo a você:

1)Ter responsabilidade social. Quanto mais poder de comunicar, mais dever de bem informar;

2) Em todas as reportagens, matérias, ouvir sempre os dois lados da questão. O leitor deve ser o juiz, quando se lida com verdades;

3) Nunca explorar a ignorância das pessoas para ganhar público, leitores, formar opiniões danosas ao meio social;

4) Não fazer uso do sensacionalismo. A verdade pode até ser sensacional, mas o sensacionalismo é a distorção da verdade;

5) Estimular a solidariedade, promover a cidadania, divulgar os bons exemplos é um bom caminho ao sucesso profissional;

6) Na hora de decidir e editar, é prudente trocar idéias com outras pessoas, pois o consenso é o melhor caminho para o bom senso;

7) Ter cuidado com a banalização das notícias. Quanto mais sedutora for a notícia, ela irá atrair aquelas pessoas com menor capacidade de leitura, reflexão, discernimento;

8) Respeitar os colegas de profissão, mesmo quando não comungam da mesma ideologia.

Concluo dizendo do meu desejo em continuar mantendo um diálogo respeitoso com você, mesmo não concordando com sua forma de agir nesse episódio. Pois entendo que o ser humano nunca precisou tanto de esperança e solidariedade como necessita hoje. Esses são dois portais que não se sustentam sem o alicerce da ética.

sábado, 21 de junho de 2008

ERRAMOS

"Caro Altino,

Lamento profundamente o erro do Departamento de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde em resposta ao Sr. José Ruben Alcântara Bonfim, ocorrido na tarde de ontem e reparado pessoalmente.

Quero esclarecer que, apesar de a área de comunicação configurar pela primeira vez em organograma da gestão da saúde estadual, não somos objetos de experimentos científicos. Realizamos as ações com base em técnicas amplamente difundidas e estudadas em Comunicação Social. Portanto, não somos cobaias, mas sim seres humanos que, eventualmente, erram.

A imprensa também errou bastante nos últimos dias “julgando” o caso das “cobaias humanas”. Como jornalista e professora, é lamentável ver repórteres usando informações muitas vezes infundadas e sem apuração mínima para criar verdades temporárias, publicando generalizações que têm como objetivo denegrir o trabalho de pessoas comprometidas e éticas.

Respeitosamente,

Juliana Lofego
Gerente do Departamento de ComunicaçãO da Secretaria de Estado de Saúde"

Meu comentário: um erro não justifica o outro.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

COBAIAS DA COMUNICAÇÃO

O governador Binho Marques e o secretário Oswaldo Leal estão muito mal servidos na comunicação do setor de saúde, chefiada por Juliana Lofego, que também é professora do curso de jornalismo da Ufac.

José Ruben de Alcântara Bonfim, médico sanitarista e mestre em ciências, integrante da Rede Latinoamericana de Ética e Medicamentos e editor associado do Boletín Fármacos, além de coordenador executivo da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos, enviou a seguinte mensagem ao secretário de Saúde:

"Sr. Secretário,

Peço-lhe a gentileza de enviar a nota técnica citada na matéria 'AC: Juiz extingue processo sobre "cobaias humanas"', de Altino Machado, de Rio Branco (AC), disponível em Terra Magazine".

Vejam a resposta da assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde:

"Caro José,

Sobre o caso "cobaia humana" não foi feita nenhuma nota técnica.

Grata,

Comunicação/Sesacre"

Ora, ora. Eu não seria capaz de inventar tanto. O secretário Oswaldo Leal negou, em 20 de maio, o uso de "cobaias humanas". Ele afirmou numa nota técnica (leia aqui) que "a captura de mosquitos transmissores é um procedimento epidemiológico e entomológico de rotina, mundialmente adotado para o controle de vetores.".

O Ministério da Saúde também divulgou outra nota técnica (leia aqui) em que trata dos critérios usados pela instituição quanto à captura de mosquitos Anopheles por atração humana. Assinada pelo coordenador-geral do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, José Lázaro de Brito Ladislau, a nota nega "os rumores de que o Brasil, particularmente o Estado do Acre, esteja fazendo pesquisa em seres humanos envolvendo esse procedimento".

Essas cobaias da comunicação da Secretaria de Saúde não lêem, não sabem escrever e desconhecem o que acontece na ponta do nariz delas. De bom mesmo só o injusto salário de marajás que recebem do erário.

ISTO É JORGE VIANA


Do Cartunista Braga.

BARRACO FEDERAL

Deputado federal Ilderlei Cordeiro (PPS-AC)
responderá no STF à ação penal por injúria


Por decisão unânime do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Ilderlei Cordeiro (PPS-AC) responderá à Ação Penal privada (AP) por injúria à ex-deputada estadual Naluh Maria Lima Gouveia dos Santos (PT), conselheira do Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC).

Ao aceitar a queixa-crime formulada contra o parlamentar, no julgamento do Inquérito (INQ nº 2.543), o Plenário do Tribunal desqualificou, no entanto, as imputações de difamação e calúnia, também constantes da queixa-crime feita contra o parlamentar, que responderá à ação no próprio STF, por ter foro especial (o direito de ser julgado pela Corte Suprema).

Agressão verbal de madrugada, num bar
Na denúncia consta que, no dia 6 de outubro de 2006, às 2h15 da madrugada, num bar em Rio Branco (AC), o deputado processado, em companhia de outro parlamentar e de uma jornalista, ao tomar conhecimento de que se encontravam em uma mesa próxima à dele assessores da então deputada estadual Naluh Gouveia, tentou agredir um deles fisicamente e, na presença de "considerado número de freqüentadores daquele local", proferiu ataques verbais à parlamentar, xingando-a de "prostituta" e a acusando de "causar grande mal ao Município de Cruzeiro do Sul", local de origem e reduto eleitoral de Cordeiro.

Em seguida ao ocorrido, um assessor de Naluh Gouveia registrou queixa-crime contra o deputado por tentativa de agressão física a ele e por agressão verbal à parlamentar. Esta, ao tomar ciência do fato, dirigiu-se à Delegacia da Mulher, levando o boletim de ocorrência dos fatos narrados.

Na queixa-crime ajuizada no STF, ela diz sentir-se agredida em sua honra e pede a condenação do parlamentar por calúnia, injúria e difamação. O Plenário, no entanto, acompanhou o voto do Ministro Marco Aurélio, que descaracterizou as demais imputações e manteve apenas a de injúria (ofensa à dignidade ou ao decoro). No mesmo sentido se havia pronunciado a Procuradoria Geral da República (PGR).

O deputado Iderlei Cordeiro estava acompanhado do deputado estadual N. Lima e de Mirla Miranda, que não é jornalista, mas irmã de um apresentador de TV. Durante a confusão Lima defendeu Naluh, mas se recusou a testemunhar em favor dela. Fonte: STF

ARAÇÁ-BOI

Comprarei um novo liquidificador



Saiba sobre o araçá-boi no site do Inpa.

JAMBO

A chuva de pétalas não pára


quinta-feira, 19 de junho de 2008

SINAL FECHADO


Foto capturada do Blog do Edvaldo, na qual Jorge Viana lida com três telefones simultaneamente.

Ele é ex-governador do Acre, empresário, presidente do Conselho de Administração da Helibras, presidente do Fórum Empresarial do Acre, ministro virtual de Lula e é quem distribui as cartas na política da aldeia acreana.


Alguém consegue imaginar o que Jorge pensou ao ver aquelas fotos dos índios isolados atirando flechas contra um avião?.

Ou, como diz Paulinho da Viola:

"Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios...
Qual, não tem de que
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo, talvez
Nos vejamos, quem sabe?
"

SAÚDE À ESPERA DE SOCORRO







Há menos de um mês constatei que em Rio Branco, a capital da hepatite, desde dezembro do ano passado não se faz exame da doença no Laboratório Central (Lacen) da Secretaria de Saúde. Avisei ao sub-secretário Sérgio Roberto, que por sua vez delegou a um subordinado que me desse explicações sobre o fato.

O subordinado negou a falta do kit para exame de hepatite, mas acabou admitindo que havia "um pequeno problema" quando sugeri que levasse alguém para fazer exame.

No mesmo dia compareci ao gabinete do governador Binho Marques e pedi que uma de suas secretárias transmitisse a ele a situação. Ela tomou nota, mas desde então, lamentavelmente, jamais obtive resposta. Clique aqui e leia, no site do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, sobre uma realidade que atinge o país inteiro.


Faz mais de dois meses que venho tentando, a pedido de meu médico, Eduardo Farias, vice-prefeito de Rio Branco, fazer um exame de dosagem de TSH (tireóide) na Fundação Hospital do Acre. Tomei a liberdade de enviar ontem uma mensagem para o e-mail pessoal do governador comunicando-lhe que não existe o reagente para tal exame na Fundhacre.

Mesmo sem o reagente, meu sangue foi coletado no dia 24 de abril para ser estocado até que o produto fosse adquirido. Mas aceitaram fazer a coleta em decorrência da boa vontade em resolver que sempre demonstra o sub-secretário Sérgio Roberto, a quem chegaram a informar que o reagente não estava em falta. O "resultado" foi liberado após mais de um mês.

Pois bem, voltei ao médico anteontem. Tanto ele quanto eu ficamos surpresos porque o exame não fora feito. Ao abrir uma folha grampeada de papel, estava escrito "sem reagente".

Falei ontem com o médico Thor Dantas, diretor da Fundhacre, e com Sérgio Roberto, que demonstrou irritação com a situação e prometeu resolvê-la. O médico explicou que estão num cabo-de-guerra com alguns fornecedores, em decorrência de um novo sistema de compra que está sendo adotado, mas que meu caso seria resolvido. Horas depois fui informado que, além de mim, outros pacientes serão atendidos nesta manhã em laboratório particular.

Não tenho razão de duvidar da disposição verdadeira da cúpula da Secretaria de Saúde em oferecer melhor atendimento à população, mas existe gente no meio do caminho pondo a perder todo o esforço. Meu drama não é nada diante das imagens expostas aqui. O Hospital de Urgências e Emergências de Rio Branco, popularmente conhecido como Pronto Socorro, está em situação lastimável após as seguidas reformas que consomem altas somas de verbas públicas.

Das três salas cirúrgicas existentes, uma está interditada por causa das goteiras. Outra sala cirúrgica não pode ser utilizada porque o carro de anestesia permanece quebrado, não permitindo a realização de "anestesia geral", que é o tipo de anestesia mais utilizada dentro de um hospital de trauma.

O Pronto Socorro deveria contar com pelo menos três carros de anestesia, isto é, um para cada sala de cirurgia. Isso poderia possibilitar a realização de até três cirurgias simultaneamente, uma probabilidade que pode acontecer a qualquer momento, caso haja algum acidente envolvendo mais de uma vítima.

Na verdade existem os três carros de anestesia, mas dois deles estão estão quebrados há mais de dois anos. Ou seja: chegando dois ou mais pacientes graves no Pronto Socorro, um vai ser operado e o restante terá que esperar.

Além disso, um dos carros de anestesia está descalibrado, é considerado de péssima qualidade técnica e coloca o paciente em sério risco de vida se for utilizado no atual estado. Outro carro de anestesia está completamente avariado e sem nenhuma condição de uso.

Há três meses a direção do hospital afixou na parede do setor de repouso médico o seguinte aviso: "Comunicamos aos servidores que utilizam os repousos do HUERB que o Almoxarifado Central encontra-se com falta de tecidos para confecção de lençóis. Por isso solicitamos que tragam seus lençóis de casa para utilizarem no repouso, tendo em vista que em tal situação o paciente deve ser a nossa prioridade. Agradecemos a compreensão".

A última novidade da direção do Pronto-Socorro em relação aos médicos da instituição são os novos beliches. Eles foram fabricados com uma madeira conhecida na região como "lôro-bosta". Imaginem o cheiro que predomina no ambiente.

O Conselho Regional de Medicina do Acre e a Vigilância Sanitária se calam, a mudança do fuso horário do Acre parece tirar a atenção do médido e senador Tião Viana, enquanto algumas pessoas do governo tapam os ouvidos para os gemidos da população. Não vou dizer nada a respeito do Ministério Público do Acre para não acabar preso por força da sanha de alguém do parquet.

Mas um funcionário bem humorado do setor de saúde perguntou-me se sei quem é o maior frequentador do Centro Cirúrgico do Pronto Socorro. Diante de minha negativa, completou:

- O "doutor" Balde.



Atualização às 9h16: por conta da Secretaria de Saúde, foi coletado nesta manhã meu sangue no laboratório da Santa Casa para os exames TSH, T3 e T4. Estarão prontos na segunda-feira. Quando necessário, vou recorrer sempre ao atendimento público de saúde. Pago impostos para alimentá-lo, tenho direitos e farei sempre o que julgar necessário para colaborar com a sua plena melhoria. Esse é o objetivo do relato acima.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

LUA


Às 18h10 do HATV - Horário Antes do Tião Viana. A partir do dia 23 de junho entra em vigor o HPTV (Horário Pós-Tião Viana) - o novo fuso horário (uma hora a menos em relação a Brasília), providenciado a pedido da Rede Globo, em nome do qual vale qualquer propaganda enganosa: que é o horário com o qual sonhava a Revolução Acreana; que é o horário que vai nos deixar mais integrado ao Brasil ou, se preferir, a hora mais certa, que nos fará ter um "amanhecer igual ao de Brasília". Sucupira e Macondo perdem.

PERIQUITOS DA HORA



Para quem acha que só escrevo bobagens: cometi a bobagem de plantar um pé de dendê a 10 metros da janela de meu quarto de dormir. Na amanhecência, em bando, essas criaturas vêm comer os frutos. E me despertam cheio de bom humor. Aves e árvores nem sabem que o senador Tião Viana, para atender à Rede Globo, mudou o fuso horário da terra onde vivemos. O senador sabe o que faz. Melhor a leitura de "Há metafísica bastante em não pensar em nada", de Fernando Pessoa: "... a luz do sol vale mais que os pensamentos/ De todos os filósofos e de todos os poetas./ A luz do sol não sabe o que faz/ E por isso não erra e é comum e boa".

MENTIRAS DA HORA

Evandro Ferreira

Campanha de "esclarecimento" da lei que mudou o fuso horário do Acre afirma que a mudança é um ideal da revolução acreana (?!?!). É uma mentira histórica propagada com uso de recursos públicos. Onde anda o Ministério Público do Estado do Acre para coibir este abuso?

Todos já notaram que a campanha de publicidade relativa à implantação do novo fuso horário está em pleno andamento. Ela começou timidamente e de forma incompetente, no rádio, faz algumas semanas. Inicialmente, haviam informado o dia errado em que o novo horário entraria em vigor. Depois passaram uma semana mandando todos "desconsiderar' a mensagem anterior. Parecia até piada.

E a última versão da campanha, que está sendo transmitida nas rádios locais, contém uma informação no mínimo suspeita: ela recomenda a todos continuar a acordar no horário habitual.

A agência responsável pela peça publicitária está confundindo os ouvintes, que imaginam que o novo horário não irá mudar em nada as suas vidas. Muitos pensam, erroneamente, que com o novo horário irão economizar uma hora na parte da manhã e que, por isso, poderão dormir um pouco mais etc. Ledo engano: todos terão que acordar uma hora mais cedo sob pena de chegar atrasado nos compromissos matinais.

A maior parte da população ainda não se deu conta que o projeto de Tião Viana, sem pedir permissão, usurpou "para sempre" uma hora da vida de cada um dos acreanos.

E por que a peça publicitária está pregando este tipo de "peça" nos ouvintes? O que mais posso pensar que não uma tentativa de livrar a cara do autor do projeto, que fará os acreanos "acordar no escuro"?

E os responsáveis pela campanha publicitária não se limitam a isso. Quem já viu o outdoor da campanha (leiam aqui post do Blog do Altino) observa que eles tascam uma imagem do sol na peça publicitária. Deveriam colocar a imagem da lua, pois os acreanos agora terão de madrugar! Agora vão ter que acordar olhando as estrelas no céu!

Mas o mais grave da mensagem contida no outdoor é o chavão: "Ideal da Revolução Acreana". Que sacrilégio! Que mentira sem tamanho tentar associar a mudança do fuso horário com os ideais da revolução acreana!

E está subscrita pelo nosso governador Binho Marques, o ordenador das despesas do Estado. Tenho certeza que ele não está de acordo com o que está escrito nos outdoors. Tampouco os acreanos autênticos foram tocados em sua acreanidade ao lerem tamanha mentira.

Em primeiro lugar, na época em que os revolucionários lutavam para incorporar o Acre ao Brasil, entre 1899 e 1903, não existia sequer o sistema de fusos horários. Ele só surgiu 10 anos depois!

Naquela época, quem dirigia a vida das pessoas e determinava a hora de acordar, almoçar e dormir era a posição do sol. Ou seja, os revolucionários se acordavam com o raiar do sol (pouco antes das seis da manhã), almoçavam quando o sol estava a pino (por volta do meio dia), e encerravam o dia de trabalho quando o sol se punha (por volta das seis da tarde).

Em segundo lugar, todos sabem que com a mudança promovida pelo senador Tião Viana, o sol passará a surgir no horizonte dos acreanos depois das seis da manhã. E se o dia estiver muito nublado, correremos o risco de ter plena claridade matinal pouco antes das sete da manhã!

E para completar a aberração, nosso final de tarde tropical vai ser uma imitação das tardes nas regiões temperadas do planeta: o sol vai se pôr por volta das sete da noite! A mudança do fuso horário acreano é, portanto, um claro atentado contra a natureza e o relógio biológico dos acreanos de pé rachado, ou seja, aqueles que nasceram e se criaram na terra de Galvez.

Mas, além de ferir as leis da natureza que imperam na região tropical onde o Acre está inserido, a mudança da hora, feita por decreto, modifica não apenas o ideal da revolução acreana, mas o dos autonomistas, que sempre lutaram por um Acre Estado autônomo e dono de seu próprio destino. Um Acre onde os próprios acreanos poderiam decidir com liberdade e democracia "as questões acreanas". Sem depender, como ocorria quando ainda éramos Território Federal, das decisões unilaterais tomadas nos gabinetes de Brasília.

Ao se render a interesses empresariais e colocar a vaidade pessoal à frente do interesse público e da democracia, o senador Tião Viana dá uma demonstração de desprezo à pluralidade de opiniões e aos verdadeiros ideais revolucionários e autonomistas acreanos.

Nessa questão de fuso horário, regredimos por um instante aos tempos de Território Federal, pois o povo não teve "autonomia" para dizer se era a favor ou contra a mudança do fuso horário.

E como desgraça pouca é bobagem, ainda temos que assistir a esta campanha publicitária eivada de equívocos históricos. Mas o pior mesmo é saber que ela está sendo paga com recursos públicos. Onde anda o Ministério Público do Estado do Acre?

O acreano Evandro Ferreira é pesquisador do Inpa e do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre. Tem mestrado em Botânica no Lehman College, de New York, e Ph.D. em Botânica Sistemática pela City University of New York e The New York Botanical Garden. Escreve no blog Ambiente Acreano.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O DEFUNTO DA VEZ

Petistas, padres, freiras, beatas, sindicalistas, oportunistas, o escambau, esqueceram durante 20 anos do trabalhador rural Ivair Higino, assassinado em Xapuri, assim como esqueceram do sindicalista Wilson Pinheiro, outro que os fazendeiros eliminaram em Brasiléia, antes de Higino e de Chico Mendes.

Agora que os supostos assassinos de Higino foram absolvidos pelo júri popular, todo mundo se ajoelha convenientemente. Nesta quarta-feira, às 19 horas, na Catedral Nossa Senhora de Nazaré, será celebrada uma missa, organizada pela Comissão Pastoral da Terra, em sufrágio da alma esquecida do trabalhador.

Oportunismo barato, nada mais. É a mesma gente que, no Acre, cala diante do plantio da cana-de-açúcar sem respeito às leis ambientais, da prospecção de petróleo, da mudança de fuso horário, do avanço da pecuária nas reservas e projetos de assentamento extrativista, da exploração ilegal de madeira, da ameaça aos índios isolados...

Estou pensando em psicografar uma entrevista com Ivair Higino para mostrar o que ele pensa a respeito do Acre e da omissão dos "cumpanhero". Ou, quem sabe, mostrar a situação do lote onde o colono viveu.

Deveriam ler com lupa a entrevista do desembargador Adair Longuini. Clique aqui.

ADAIR LONGUINI 20 ANOS DEPOIS

"PF ajudou assassino de Chico Mendes"


O caso Chico Mendes marcou para sempre a carreira do magistrado Adair José Longuini, 55, que presidiu, em dezembro de 1990, o julgamento que condenou a 19 anos de prisão o fazendeiro Darly Alves da Silva e o filho dele, Darci Alves Pereira, como mandante e assassino do líder sindical e ecologista de Xapuri (AC).

Longuini trocou o Paraná pelo Acre tendo como sonhos a compra de terras e a carreira como advogado de banco. Seis anos depois, sem a menor experiência, teve que instruir o primeiro processo criminal de sua carreira como juiz, sob a vigilância da imprensa nacional e internacional interessada naquele crime que completará 20 anos no dia 22 de dezembro.

- Magistrado novo, há seis meses na carreira, sem prática advocatícia na área criminal, diante de um processo daquele, no início, em seguida a ação penal. Tive que me desdobrar, estudar mais para fazer o melhor - relembra Longuini em entrevista exclusiva a Terra Magazine.

O juiz dedicou-se tanto que virou professor de direito penal na Universidade Federal do Acre, onde o que ganha, segundo ele, não é suficiente sequer para pagar a gasolina do carro. Casado com a juíza Regina Longuini, pai de três filhos, foi eleito pelo critério de merecimento e tomou posse, em dezembro do ano passado, no cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Acre.

A carreira do desembargador chama a atenção pela firmeza em seguir uma linha de coerência. Além disso, Longuini realizou o velho sonho: é proprietário de duas fazendas, que somam aproximadamente mil hectares, onde cria um rebanho bovino com 1.100 cabeças.

- A área que tenho é pequena para o padrão que impera na Amazônia, tanto que estou estacionado nessas 1.100 cabeças há oito anos. Para possuir um rebanho maior, teria que investir em tecnologia ou partir para a devastação de novas áreas - pondera.

Após 20 anos, o magistrado que presidiu o tribunal do júri de Xapuri dá a entender que Chico Mendes poderia estar vivo caso a Polícia Federal no Acre não tivesse aconselhado Darly a fugir quando o seringueiro apresentou uma carta precatória, expedida pelo juiz de Umuarama, solicitando a prisão do fazendeiro por crimes cometidos no Paraná.

Longuini não poupa a conduta de dom Moacir Grechi, ex-bispo do Acre, nem do delegado Mauro Spósito, ex-superintendente da PF no Acre, que chegou a ser acusado pelo próprio Chico Mendes, um mês antes do crime, de envolvimento no complô que planejava assassiná-lo.

- De qualquer forma decidi cumprir a precatória. Chamei o escrivão e falei: "Olha, não divulgue para ninguém: temos a carta precatória e vamos fazer a prisão de Darly. Você vai fazer o mandado dentro do meu gabinete e vamos chamar a Polícia Militar, que vai sair em campo para fazer a prisão". E assim fizemos, na surdina. Na hora que os policiais saíram já não encontraram mais o Darly. Ele já havia fugido. Pude concluir posteriormente que a própria Polícia Federal foi quem avisou Darly para que empreendesse fuga para não ser preso. Isso me deixou muito aborrecido. Fiz denúncia ao então diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma, para quem enviei um extenso telegrama pedindo que o caso fosse apurado - afirma Longuini.

Leia a entrevista em Terra Magazine.

MARINA ESTRÉIA EM TERRA MAGAZINE

Marina Silva
De Brasília (DF)

É muito especial para mim estrear no território dos internautas, por meio de Terra Magazine, a quem agradeço pela oportunidade. Espero dedicá-la a um bom diálogo com as críticas e idéias de todos vocês. Também é especial por acontecer num momento novo, no Brasil e no mundo, que exige conhecimento, sensibilidade e intuição para identificar, na massa impressionante de informações que nos chega, a profundidade dos fatos e processos, a conexão entre passado e futuro, enfim, o nosso espaço de escolhas reais, sejam individuais ou coletivas.


Veja também:
Senadora Marina Silva estréia em Terra Magazine

Faz parte desse espaço uma interpelação ética da qual não podem fugir nem os países desenvolvidos nem os em desenvolvimento, entre eles o Brasil. A Amazônia, com sua incomparável floresta tropical, sua biodiversidade e sua diversidade social, talvez seja o maior símbolo dessa interpelação. Para os países desenvolvidos, a pergunta que se faz é sobre seu passado. Destruíram sua biodiversidade, arrasaram os povos originários dos lugares conquistados e provocaram, a partir da revolução industrial, alterações ambientais tão extensas que levaram à atual crise ambiental global, em cujo centro estão as mudanças climáticas.

Embora pareça paradoxal, nossa situação é bem melhor porque somos questionados sobre o futuro. Quando somos perguntados sobre o passado, estamos diante do quase irremediável. Sobre o futuro, temos a chance de projetá-lo. Isso implica dizer o que vamos fazer com nossa biodiversidade, porque temos 20% das espécies vivas do planeta; com nossos recursos hídricos, porque temos 11% da água doce disponível, 80% dos quais na Amazônia; com a maior floresta tropical e com a maior diversidade cultural do mundo. O Brasil ainda tem cerca de 220 povos indígenas que falam mais de 200 línguas.

Clique em Raposa Serra do Sol: um lugar de direito para ler o artigo completo na Terra Magazine.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A HORA DOS CARAS-DE-PAU


Que o pessoal da Companhia de Selva -a agência de propaganda que gerencia a grana das contas do governo do Acre e da prefeitura de Rio Branco- entende mais de ganhar dinheiro do que de história do Acre, todo mundo já sabia.

O que surpreende é o senador Tião Viana (PT) e o governador Binho Marques (PT) associarem a reputação de ambos a uma mentira tão deslavada - esta segundo a qual a mudança de fuso horário integra o Acre ao Brasil e, o que é pior, ao induzirem subrepticiamente que a mudança é um ideal da Revolução Acreana.

Quanta cara-de-pau em defesa da hora mais errada.

"COBAIAS HUMANAS"

Justiça extingue processo que denunciava
as pesquisas sobre malária no Acre


O juiz federal Jair Araújo Facundes indeferiu a petição inicial e julgou extinto o processo movido pela Associação Brasileira de Apoio e Proteção aos Sujeitos da Pesquisa Clínica (Abraspec), que acusava a União e o Governo do Acre de usar pessoas como cobaias em estudos sobre a malária no Estado.

O governo estadual e a União foram intimados a prestar esclarecimentos à Justiça Federal no Acre. Segundo Facundes, "é razoável afirmar que a captura por atração humana de anofelinos não ofende à dignidade da pessoa humana, não é degradante nem cruel no âmbito das normas que lhe é aplicável".

Segundo a denúncia, pelo menos seis agentes de endemias contratados pela Secretaria de Saúde teriam sido obrigados a levar, entre 2003 e 2007, no mínimo 300 picadas por dia para que fosse identificado o tipo de mosquito predominante em Cruzeiro do Sul, no extremo-oeste do país, onde existe uma epidemia de malária. Por causa da denúncia, a Abraspec entrou com ação na Justiça contra a União e o governo do Acre por considerar que houve uso de cobaias humanas em estudos sobre a malária no Estado.

No entanto, antes da ação na Justiça, no dia 20 de maio, o secretário de Saúde Osvaldo de Sousa Leal Junior, negou o uso de cobaias humanas. Ele afirmou numa nota técnica que "a captura de mosquitos transmissores é um procedimento epidemiológico e entomológico de rotina, mundialmente adotado para o controle de vetores".

O ministério da Saúde também divulgou nota técnica em que trata dos critérios usados pela instituição quanto à captura de mosquitos Anopheles por atração humana. Assinada pelo coordenador-geral do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, José Lázaro de Brito Ladislau, a nota negava "os rumores de que o Brasil, particularmente o Estado do Acre, esteja fazendo pesquisa em seres humanos envolvendo esse procedimento".

O juiz argumenta que, para se saber se a prática é desumana, degradante ou cruel, deve-se verificar - uma vez constatada a autonomia de vontade, ou seja, se as pessoas são física e psiquicamente livres para decidir - qual o sentimento da comunidade em face da prática examinada. E segundo ele, deve-se buscar, o mais possível, amostras de todas as opiniões (leigos, cientistas, acadêmicos, juristas, imprensa etc.) para se definir se a conduta é repulsiva.

"No caso dos autos tem-se que a prática da captura de mosquitos por atração humana é exercida pessoalmente por grandes e reconhecidos pesquisadores (homens e mulheres) no mundo inteiro, além de executada, também, por agentes públicos de endemia. Assentou-se também que a técnica da captura por atração humana é do (re)conhecimento público, admitida pela opinião pública como motivo de admiração e mostra de dedicação à causa da humanidade" - afirma a sentença.

Segundo Facundes, o procedimento é necessário, tem inegável reconhecimento científico por organizações insuspeitas (OMS), a opinião pública mundial tem acesso a reportagens que tratam do assunto, reconhecendo sua necessidade e até certo desprendimento de quem o realiza. Além disso, diz, os riscos de contaminação e acidentes são análogos aos de outras capturas e profissões, e é realizado também por cientistas e pesquisadores pessoal e diretamente.

O juiz responde ao questionamento da Abraspec que, por hipótese, a técnica de captura com atração humana é regular, sob a perspectiva moral, científica e jurídica apenas se observadas as normas de segurança e os protocolos internacionais, acima descritos e indicados:

"Ou seja, abstratamente, em tese, a técnica da captura do mosquito é legal, porém concretamente poderia ser ilegal por desobediência às regras previstas em protocolos internacionais, ao exigir que seus agentes fiquem nus ou sem equipamento de proteção, ou por turnos exageradamente longos, ou por não terem sido prévia e corretamente treinados ou advertidos dos riscos".

No final da sentença, Facundes destaca que o Ministério Público Federal instaurou procedimento para apurar os fatos e poderá colher elementos de prova, pareceres que demonstrem a (ir)regularidade ou ilegalidade de dada técnica de captura, ouvir pesquisadores, testemunhas, requisitar documentos, vídeos, fotografias, diligenciar e indicar que normas de seguranças eventualmente estão sendo descumpridas, enfim, "instruir eventual ação de modo a torná-la viável".


Da Terra Magazine.

O juiz Jair Facundes acrescentou a seguinte nota de rodapé à sentença: "É emblemático do tom açodado, espetacular e midiático dado a esta ação a seguinte circunstância: foi proposta por e-mail, serviço que permite a propositura de ação por peticionamento eletrônico, e autuada dia 30 de maio, sexta-feira, quando vieram os autos para despacho. Nesta mesma data, 30.5.08, antes mesmo dos originais chegarem (condição de validade da propositura), antes mesmo de folhear os autos, atendi a telefonema de jornalista do portal Agência Amazonas, perguntando-me se já havia decisão".

domingo, 15 de junho de 2008

ME VOY

Maria Emília Coelho mostra em vídeo um pouco dos impactos socioambientais causados pela Estrada Interoceânica no lado peruano.

FOLHA DA JIBÓIA