PROVÍNCIA PETROLÍFERA DO ACRE

O desafio de produzir energia na floresta

George Pinheiro

Na última segunda-feira, 30 de junho, como um dos convidados do senador Tião Viana (PT), acompanhei uma comitiva à Província Petrolífera de Urucu. Estiveram lá também o governador Binho Marques PT), o deputado federal Nilson Mourão (PT), um grupo de empresários locais, secretários e altos funcionários do nosso Estado, além do embaixador da Bolívia no Brasil, Maurício Dorfler Ocampo, o diretor-executivo da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, Francisco Jose Ruiz, e a cúpula da Petrobras na Amazônia.

Após uma hora e meia de vôo, a partir de Manaus, às 8h30 da manhã pousamos em um aeroporto com toda a infra-estrutura para receber qualquer tipo de aeronaves a jato 24 horas por dia, não sem antes sobrevoarmos todas as instalações da Indústria de Extração de Petróleo e Gás, que é a maior unidade de processamento de gás natural do Brasil, em plena selva Amazônica. Fomos recebidos por seus técnicos, dirigentes e durante todo o dia recebemos as mais diversas informações sobre todo o funcionamento daquela unidade.

A primeira constatação: toda a área desmatada não deve atingir 100 hectares de floresta - isto inclui a planta industrial, aeroporto e pista, depósitos de gás e petróleo, toda a infra-estrutura de apoio de manutenção dos equipamentos, hotel, pousadas, restaurantes, depósitos, postos de abastecimentos, estação de tratamento de resíduos, esgotos, enfim todas as necessidades de uma planta industrial daquele porte, com instalações do que há de mais moderno no mundo e residência/vivência para mais ou menos duas mil pessoas, em turnos quinzenais.

O sonho de produzir petróleo e gás na Amazônia iniciou-se há quase 100 anos. Perfurou-se o primeiro poço em 1917, na cidade de Itaituba (PA), mas somente em 1948 foram iniciados os primeiros levantamentos sísmicos, e então em 1955 se produziu petróleo em Nova Olinda, mas não havia óleo suficiente.

Já em 1958, no nosso Estado, perfuravam-se, em Cruzeiro do Sul alguns poços, e ainda em 1960 e nos anos seguintes, mas logo foram abandonados, pois não havia interesse nem tecnologia para sua consolidação. Somente na década de 70 intensificaram-se as buscas na bacia do Solimões e apenas em 1988 começou a produzir efetivamente na Província de Urucu, com 350 barris/dia, chegando logo a 55 mil barris/dia, que é media de hoje - 9,7 milhões de metros cúbicos de gás natural e 1.6 toneladas de gás de cozinha.

Nos últimos anos a Petrobras investiu na Amazônia em torno de U$ 7 bilhões, que proporcionaram milhares de empregos, compra de equipamentos e serviços até sua efetiva conclusão.

Encerraos nossa visita a Urucu com o pleno orgulho de brasileiros que trabalham para o bem da humanidade, de podermos usar a nossa tecnologia e inteligência para, respeitando à natureza, podermos explorá-la em beneficio de toda a sua população, com o orgulho de ocuparmos uma região e um País que não é mais o País do futuro, mas o País do hoje, do agora, onde as riquezas desta nação podem corretamente ser compartilhadas, por todos, sem agredir a natureza.

Um País que tem uma das maiores empresas do mundo, invejada em tecnologia, recursos financeiros e, principalmente, ~e referëncia na exploração e comercialização de petróleo e gás, em terra e mar, na conservação da floresta, no respeito à natureza e na preservação da vida, e que trabalha no estreito cumprimento das leis do País, e que nos orgulha como cidadãos brasileiros.

Nós, do Estado do Acre, temos a perspectiva de encontrar petróleo e gás em 40 mil quilômetros quadrados apenas na bacia sedimentar do Juruá, sem falar do Vale do Acre, com exploração petrolífera em nossos vizinhos a não mais de 80/100 quilômetros. Com todos os indícios de sermos uma nova província petrolífera, não podemos nos dar ao luxo de não aceitar e não incentivar a exploração desta fonte de energia, de que o mundo inteiro necessita e é capaz de pagar qualquer preço e de fazer qualquer coisa para ter a sua produção e o seu controle.

Os números impressionam: o Estado do Amazonas recebeu no último ano em torno de R$ 1,5 bilhão de tributos do Petróleo. Diantes dos atuais preços no mercado mundial, os valores a serem compartilhados por sua população serão infinitamente maiores nos próximos anos.

Nós, do Estado do Acre, que temos a responsabilidade social de dirigir, produzir e de viabilizar e pensar o futuro, temos o direito de ter a nossa segunda liberdade. A primeira, política, nós já conquistamos. Agora queremos a nossa liberdade econômica. E esta somente acontecerá quando tivermos uma fonte perene de receitas, que nos dará o direito de escolher o nosso futuro, com a manutenção de nossa Floresta, de nosso meio ambiente, com sua exploração ecologicamente correta e compartilhada por toda a sua população.

Há um ano, após um acirrado debate no nosso Teatro Plácido de Castro, aqui em nossa Rio Branco, e que repercutiu nas diversas mídias, escrevi artigo defendendo o direito de sabermos se temos ou não petróleo e gás em nosso subsolo. Volto ao assunto, após esta visita a Urucu, com mais convicção e confiança de que este é o nosso momento.

Vivemos um momento próprio em nosso País, mas, principalmente, em nosso Estado, com nossos dirigentes irmanados e voltados para o desenvolvimento sócio-econômico da população. Somente uma liderança que pense e aja como estadista, como o senador Tião Viana, terá as condições políticas de viabilizá-las no atual momento brasileiro.

◙ George Teixeira Pinheiro é presidente da Federação das Associações Comercias do Estado do Acre e diretor-presidente do Grupo Irmãos Pinheiro. O empresário enviou o artigo com a seguinte mensagem:

"Boa tarde Altino,

De acordo com o que conversamos da ultima vez, estou enviando um artigo. Acredito seja o momento de retomar a discussão e você sabe que prefiro discutir sempre o desenvolvimento do nosso Estado e que temos que aceitar as opiniões divergentes. Pode publicá-lo e aceito os comentários.

Um grande abraço".

Meu comentário: Querido George, você é testemunha de minha luta em defesa da liberdade de expressão no Acre e de um ambiente que nos permita divergir livremente. O ideal seria que todos os nossos notáveis amigos, que dominam e vão continuar dominando a política em nosso Estado, pudessem agir com o mesmo empenho que agem em defesa do petróleo ou de qualquer outra coisa julgada por eles como boa iniciativa para a sociedade, sem que sentissem a necessidade de suprimir a liberdade dos ambientes onde ela é tão necessária para nos capacitar melhor. Foi por causa disso que este blog surgiu. E é por isso que aceitei convite de Terra Magazine, onde conduzirei, a partir de segunda-feira, o Blog da Amazônia com uma notícia exclusiva na estréia. A sua colaboração será sempre bem vinda porque qualifica esta modesta trincheira. Sem liberdade não dá para divergir quando julgamos necessário. Um abraço afetuoso.