terça-feira, 17 de junho de 2008

O DEFUNTO DA VEZ

Petistas, padres, freiras, beatas, sindicalistas, oportunistas, o escambau, esqueceram durante 20 anos do trabalhador rural Ivair Higino, assassinado em Xapuri, assim como esqueceram do sindicalista Wilson Pinheiro, outro que os fazendeiros eliminaram em Brasiléia, antes de Higino e de Chico Mendes.

Agora que os supostos assassinos de Higino foram absolvidos pelo júri popular, todo mundo se ajoelha convenientemente. Nesta quarta-feira, às 19 horas, na Catedral Nossa Senhora de Nazaré, será celebrada uma missa, organizada pela Comissão Pastoral da Terra, em sufrágio da alma esquecida do trabalhador.

Oportunismo barato, nada mais. É a mesma gente que, no Acre, cala diante do plantio da cana-de-açúcar sem respeito às leis ambientais, da prospecção de petróleo, da mudança de fuso horário, do avanço da pecuária nas reservas e projetos de assentamento extrativista, da exploração ilegal de madeira, da ameaça aos índios isolados...

Estou pensando em psicografar uma entrevista com Ivair Higino para mostrar o que ele pensa a respeito do Acre e da omissão dos "cumpanhero". Ou, quem sabe, mostrar a situação do lote onde o colono viveu.

Deveriam ler com lupa a entrevista do desembargador Adair Longuini. Clique aqui.

8 comentários:

morenocris disse...

Às vezes você me assusta.

ALTINO MACHADO disse...

Não tema, menina. Não sou papa-defunto.

Saudades do Acre disse...

Altino, defuntos e coveiros à parte, gostaria de utilizar-me deste espaço e parabenizar o nosso Acre como um todo, que além da competência e beleza inegável da Brendha, pode orgulhar-se de contar entre seus filhos, com pessoas de inestimável valor profissional, humano e cultural como, entre tantos, o poeta Antonio Alves, o jornalista Elson Martins, a poetisa Francis Mary (Bruxinha), o cartunista Braga, o chargista Gean Cabral, a jornalista Mara Moreira, além do lendário padre Paolino, de Sena Madureira, cuja presença bondosa, aos 84 anos, ainda é sinônimo de socorro espiritual, material e médico, nos rincões acreanos não alcançados pelos sistemas convencionais de assistência.
Nosso Acre é pródigo em produzir seres humanos com alto valor agregado, embora produza também matéria bruta. Portanto, citei aqui apenas aqueles com os quais pude privar de alguns momentos de papo descontraído ou até mesmo de uma tarde de lazer em visita a meus parentes no seringal. Arrematando, senti a falta da Leila Jalul, com quem gostaria de ter proseado algumas gramas, no mínimo enquanto destrinchássemos um pato no tucupi.

Grande abraço.

Saudades do Acre disse...

Desembarquei às 22:30 h do dia 24/05/2008 no aeroporto de Rio Branco, após 39 anos de ausência. Descobri nesse momento, o valor que tem o sentido físico do olfato, em toda sua dimensão. Em que pese o fato de chegar à noite, ao se abrirem as portas do avião nada me provocou os outros sentidos, a ponto de me garantir estar chegando ao meu velho e querido Acre. Nem a visão do moderno aeroporto internacional, com o barulho de sua logística abafando o grito da rasga-mortalha, do rato coró, o gemido dos caborés e o canto alegre dos grilos e gias, ou soturno, dos cururus. Tampouco a brisa, que com ares de prenúncio de friagem, me acariciava insistentemente, conseguiu me convencer que eu estava de volta. Sòmente ao inspirar profundamente ainda no alto da escada do avião, identifiquei, mesclado a outros odores, mas sobrepondo-se a todos eles, o cheiro inesquecível das matas acreanas. Só então tive a certeza de estar em casa.

Aflora disse...

mandou bem, altino!!!!

Ontem_vem_chegando disse...

A Justiça reconhece a força do povo. Quem menos reconhece a força do povo é o próprio povo. Dois ou três indivíduos algumas vezes se impõem perante uma população inteira, promovendo desordens diversas. Isso indica apenas que a Evolução humana demanda tempo:sete dias do trabalho de Deus e de mais não precisa. Enquanto isso, no extinto Éden, prevalece o medo dos sete palmos de terra.

Unknown disse...

Wilson Pinheiro continuará esquecido, Altino. Era um líder que se opunha aos rumos que o capitalismo dava às terras, expulsando os 'posseiros' que restavam da população excedente que o seringalismo produzira. A luta de Wilson Pinheiro era declaradamente contra o latifúndio seringalista o qual queria ver derrubado. Ele queria ver cada trabalhador assumindo o direito de trabalhar a terra em benefício de suas famílias. Wilson Pinheiro era declaradamente subversivo, a luta sua luta jamais poderá ser endossada. Wilson é um herói da luta pela emancipação da humanidade que é uma luta anti-capitalista.

Cesário disse...

Gostaria apenas de agradecer a divulgação da missa em seu blog, mesmo com todas as controvérsias acredito na importância da divulgação, e da participação de todos.

Um abraço e um bom dia para todos.

A vida e injusta pra quem luta?
Mas não vamos deixar de lutar.
A morte na luta e injusta?
Mas não vamos deixar de lutar.

A vida se consome em luta!
Mas não vamos deixar de lutar.
A morte faz parte da luta!
Mas não vamos deixar de lutar.

A vida sem luta e vazia.
Não vamos deixar de lutar?
Não a gloria para morte.
Vamos deixar de lutar?

A vida e mais fácil sem luta.
Deixa de lutar.
Morrer e o futuro que assusta.
Mas viver é lutar.
Lutar.