domingo, 1 de junho de 2008

A CANA E O CANO


Declaração do presidente Lula hoje, em Roma:

- Não queremos plantar cana na Amazônia porque sabemos que a terra lá não é produtiva para cana. Então não adianta fazer investimento lá.

Perguntar não ofende: então por que os governadores "ambientalistas" do PT no Acre insistem em investir dinheiro público no empreendimento privado da usina Álcool Verde? Por que os políticos desse pedaço da Amazônia tentam consolidar o empreendimento sem respeito às leis ambientais? A cana da primeira safra da usina está perdida por causa disso, conforme mostra a foto que tirei na semana passada. Lula, que molda o discurso à cada platéia, mentiu mais uma vez. Clique aqui e leia mais sobre a cana-de-açúcar no Acre.

9 comentários:

Unknown disse...

Caro Altino, eu não sou um especialista em agronomia. Preciso, portanto, apoiar-me nos especialistas da área. Desde os anos setenta, lá por 1976 - 77, liderei um grupo que deveria oferecer um documento que apoiaria a posição acreana quando o governo da União pretendia decidir em qual cultura apoiaria o pró-alcool. Aprendi com o engenheiro agrônomo que integrava nosso grupo, Takaoka, (espero que não esteja errando a grafia) que a cana, tomando em consideração as variedades existentes, naquele momento, não permitiria resultados economciamente satisfatório na região.

Considerando a posição de um dos maiores especialistas nacionais em economia agrícola, o ex-ministro Roberto Rodrigues, agrônomo, professor universitário e consultor requisitado do agrobusiness, a situação continua a mesma. O problema é que a cana é dependente de condições de temperatura e umidade, em determinada fase do desenvolvimento da planta com as quais não contamos na Amazônia, principalmente, no Acre.

Não faz muito tempo, numa entrevista num jornal da tv, se não me falha a memória na rede Globo, o ex-ministro, repetiu a mesma informação para defender a tese que o agro-negócio não usaria a Amazônia para a produção de etanol. O presidente vem repetindo essa tese.

. disse...

Quando a regiao norte, resolver investir pesado no agronegocio, sera a maior potencia, esse o medo do sul, sudeste e centro-oeste. Justifica-se assim todas as formas dessa regiao de barrar o agronegocio da amazonia, sobre a farsa de preservaçao

Anônimo disse...

Caro mjlima.ac;

Não é o que aparece na foto que ilustra esse post.

A cana parece que nasceu e cresceu muito bem, obrigado. A planta tá tão bonita quanto as do nordeste.

Esse negocio de cana aqui, é igual é igual a BR-364, no papel é uma maravilha, toda asfaltada. Na realidade é outra.

Aqui em se plantando tudo dá. Nosso povo é que tem a cultura de índio, preguiçoso.

Válber Lima disse...

Altino, você que tem acesso irrestrito, reproduz aqui no blog o artigo do Meilelles publicado na Folha de hoje !!!

Alma Acreana disse...

Caro Altino,
Aliás a mentira não é novidade no Governo Lula e o que não falta é pessoas que são coniventes com ele. Em relação ao comentário acima citado de Felix Guaspar, primeiro não podemos comparar a cultura do índio com a nossa, portanto os índios não são preguiçosos, isso chama-se falta de conhecimento; segundo dizer que um povo como o acreano que construiu sua história com sangue e bravura é preguiçoso, é no mínimo um total desconhecimento da história ou não conhece nosso povo direito. Se tem algo bonito neste Estado, é o seu povo, e, é esse povo chamado de "preguiçoso" que sustenta e põe na mesa dos engravatados e manda chuvas deste estado o pão de cada dia.
A platação da cana-de-açucar é um projeto, ao meu ver, elitista, que visa tornar o Brasil um Grande potência a custa da exploração dos mais pobres.
Com respeito,
Isaac Melo

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altino,

É lamentável ler um comentário típico de incautos, eivado de preconceito e ignorância como o Felix Guaspar. Preconceito e racismo é "crime" e quem os pratica, portanto, é criminoso.

É sabido que no entorno dos canaviais cresce o número de miseráveis, bem ao contrário do que apregoa os desinvolvimentistas. O debate sobre o modelo de desenvolvimento para a Amazônia é oportuno mas precisa ser mais objetivo e menos ideológico.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha

Unknown disse...

Caro Felix Guaspar (é Guaspar mesmo ou seria Gaspar?)

O senhor que citei costuma usar uma imagem bem interessante para ilustrar seus argumentos. Diz ele que "a cana é um canudo cheio d'água e são condições especiais de clima que transformam essa água em sacarose" que é a base da atividade econômica (garapa da cana contém de 15 a 20% de sacarose). Esta transformação da água em sacarose depende de condições climáticas e não das condições edáficas. A exuberância da planta - seu tamanho como mostrado na fotografia - é resultado das condições do solo, mas esse tamanho não se traduz em potencial econômico exatamente por não contarmos com essas condições climáticas na Amazônia.

A falta de informação nos faz prisioneiros de uma miragem: a exuberância dos canaviais. Miragem porque ali estão "canudos cheios d'água" e nada mais.

Anônimo disse...

Caro Altino.

Na verdade, o que percebemos quando passamos pela estrada é o jardim clonal da Alcool Verde, ou seja, as variedades de cana que estão sendo testadas para ver qual se adapta melhor para o plantio no Ace. Desse jardim clonal é que sairão as mudas para os plantios definitivos que estão programados para atingir 30 mil hectares na região de Capixaba.
A Cana vai produzir bem? Acredito que sim, pois sou cliente do açucar mascavo produzido pelo Grupo Opção do km 57 da estrada de Boca do Acre, que agora também estão produzindo rapadurinha para a merenda escolar. Se a cana deles é produtiva é sinal que também servirá para produzir açucar e o alcool da Alcool Verde! Sinceramente, desde que não ocorra a concentração de terras e a espulsão dos pequenos agricultores, sou a favor da cana, que em termos de biomassa por hectare, produz bem mais que o pasto (que também é gramínea) e a capoeira. A Cana produzida através de cooperativa de produtores familiares, com reaproveitamento do bagaço para o gado, e sem queima na colheita, pode ser uma boa opção para a geração de trabalho e renda para os assentamentos, afinal, esta região de ocupação mais antiga (vide ZEE) já desmatou mais de 70% da área e precisa de uma alternativa. O bom seria, para cada hectare de cana plantada em área de pastagem degradada outro hectare de recuperação de APP ou Reserva Legal, assim com 30 mil hectares de cana teríamos 30 mil hectares de floresta recuperada com potencial futuro para abastecer de madeira certificada as industrias florestais do Acre.

Unknown disse...

Parabéns Anônimo (12:26 PM)!

Falou pouco mas falou bonito. Para mim, essa explicação foi boa. Voto pela cana-de-açúcar.

PS: Com orgulho, sempre digo por aí que conheço você Altino (mesmo que seja por e-mail).

Abraços.