sexta-feira, 30 de maio de 2008

DEU NA TERRA MAGAZINE

Uma semana depois, a mídia vê "índios invisíveis"



Claudio Leal


A descoberta de índios isolados, no Acre, às bordas da fronteira amazônica com o Peru, provocou, na quinta-feira, 29, e sexta, 30, um frêmito na mídia brasileira e internacional. Magicamente, o trabalho do sertanista José Carlos Meirelles e as fotos de Gleilson Miranda, divulgadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), ganharam as páginas da BBC, UOL, Estadão, Globo, G1, Survival International, além de despachos da Reuters e AP. À noite, freqüentaram as principais redes de televisão.

No farto material jornalístico, mil sensações em torno das fotos dos índios de etnia ainda desconhecida, nas cabeceiras do Igarapé Xinane. Belo, belo. Ótima oportunidade para o leitor de Terra Magazine, do Portal Terra, reconferir uma semana depois as mesmas fotos, as mesmas informações e saber que anda clicando no local certo.

Veja também:
Índios isolados são fotografados pela 1ª vez no AC
Meirelles matou um índio em "situação dramática"

"Saiba mais": com exclusividade, uma semana antes, o repórter Altino Machado publicou, nesta Terra Magazine, as mesmíssimas fotos e os mesmíssimos fatos. A reportagem trazia detalhes do "primeiro contato" e um precioso perfil do sertanista Meirelles. As imagens dos índios, feitas por Miranda (sim, dona Dolores, elas não são da AP), ocuparam o quadrante superior do Portal Terra e o banner desta revista, em 23 de maio. Desde então, correram a "blogosfera". Verificável no Google.

No Acre, os índios isolados são conhecidos como "invisíveis". E, de fato, passaram por "invisíveis" durante seis longos dias.

"Uncontacted tribe photographed near Brazil-Peru border", estampou a Survival International, na quinta-feira, 29, seis dias depois de Terra Magazine. Certamente que a língua inglesa é universal. Donde, a partir da Survival International a informação se re-espalhou.

Ao clicar aqui, os ausentes podem conferir o texto original de Machado e as fotos de Gleilson. Vale um confronto com o material posteriormente publicado.

O relato do sertanista Meirelles sobre os "índios invisíveis" foi reproduzido pelos jornais Le Monde, The Guardian, New York Times, Corriere della Sera, El País, entre outros.

No Brasil, seis dias depois, Altino foi contactado pela Folha de S. Paulo, que o ouviu e o republicou na edição desta sexta-feira, 30, como manda a boa regra: "A Funai tirou mais de mil fotos. Meirelles decidiu repassar o material fotográfico ao jornalista Altino Machado, que publicou três fotos no site 'Terra Magazine'", diz a Folha. E o correspondente do Guardian da distante Inglaterra, Tom Phillips, entrou em contato com Machado.


Cláudio Leal é da equipe da Terra Magazine.

9 comentários:

Andreia Fanzeres disse...

Compartilho com voce, Altino, a revolta ao ver notícias copiadas e coladas sem preocupaçoes com os créditos na internet. Ainda mais grave é quando os jornaloes passam por cima dos repórteres que fazem o trabalho de todo o dia nos confins da Amazonia, sem serem reconhecidos. Parabéns pelo protesto e pela notícia.

Unknown disse...

Altino, o titulo de sua ultima postagem deveria ser: EU JA SABIA....
É vergonha ver esses "grandes jornalecos" divulgarem essa noticia com tanto atraso e como se fosse exclusiva. Parabens a voce pelo furo. Esse fato só confirma o tipo de midia que possuimos e a quem ela interessa. Forte abraço.

Anônimo disse...

Altino, a primeira reportagem foi sua, os créditos são seus e da equipe do Sertanista. O que vier depois do furo é o depois é o depois. No mais é rir dos que chegaram uma semana fazendo banzeiro. Um abraço.

Jean Freire disse...

Altino,
Com essa da "grande mídia" de divulgar a notícia sem dar os créditos a quem é de direito, lembrei de um dito que o meu velho avô gostava de usar: -"Quando o menino é bonito, todo mundo quer ser o pai, todo mundo quer embalar..."
É isso aí!

Anônimo disse...

Altino, o Jefson Dourado, da TV Acre, é outro que demonstrou ser mal caráter. Citou na reportagem que foi uma ONG que primeiro divulgou as fotos. Quando você deu o furo internacional, um colega do Jefson mandou pra ele a cópia de sua reportagem e somente agora ele foi fazer aquela reportagem que saiu na Globo. Pior é que sabem dessa história há tempo, tiveram avião para ter acesso ao local e tudo mais, mas acharam que o VT não renderia. E agora deu no que deu. Mais uma prova de incompetência de nossa imprensa. Parabéns pelo trabalho que deve estar causando inveja a muita gente. Continue mostrando que você é o melhor jornalista do Acre. Abraço.

De um admirador anônimo.

ALTINO MACHADO disse...

Comentário do jornalista João Maurício Rosa:

"Não há fotógrafo do mundo que não inveje o trabalho do Gleison Miranda no sobrevôo do Envira. O Odair Leal comentou comigo há algumas semanas. Mesmo assim, nosso colega Jefson Dourado, da Globo no Acre, não mencionou o nome do autor das fotos na reportagem que foi ao ar no Jornal Hoje. É lastimável. Mas reconheceu a incompetência do jornalismo convencional brasileiro quando disse que as fotos foram destaque no mundo inteiro, destacando, com brilho nos olhos, a CNN e o NYT. Se tivesse acessado seu blog quase uma semana antes...."

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altino,

Infelizmente o jeito de "fazer" notícia da grande mídia é quase sempre deturpando as informações, dando crédito a quem não os tem e omitindo créditos dos reais detentores destes.
Seja como for sou solidário a você na indignação e creio mesmo que não se pode ficar calado nestes casos.
Parabéns a você, ao fotógrafo e ao grupo da FUNAI. Aproveito para dizer mais uma vez que precisamos, o governo brasileiro em especial, interditar as áreas dos índios em situação de isolamento que estão no alto rio Chandles, dentro do Parque Estadual e os que estão na cabeceira do Igarapé Tapada, dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor. Esses povos estão gravimente ameaçados e precisam com urgência serem protegidos.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Altino, o que é mais importante: a notícia ou o repórter que a "descobriu"? O Meireles deu as fotos pra você primeiro, mas poderia ter feito isso pra qualquer um. O mérito é todo dele. Acho que os jornalistas em geral exacerbam o orgulho de ter seu nome abaixo do título da reportagem. Mas será que o leitor liga pra isso? De tudo, o bizarro da situação mesmo é que precisa sair no exterior pra mídia tupiniquim se dar conta de que é importante. Esse, para mim, foi seu maior mérito. Você sabia. Um abraço e parabéns pelo furo.

Internacionalistas Mundo Afora disse...

Anônimo, aposto que você não é artista e nem pesquisador e, certamente, não sabe o trabalho que dá escrever uma artigo.
Todos gostamos de ter nossos trabalhos reconhecidos e sermos respeitados enquanto profissionais.
Roubar a autoria de um trabalho é um dos piores tipos crime que se pode cometer contra alguém.
Infelizmente, a maioria, como você, considera isso normal, e as coisas terminam ficando por isso mesmo.