quarta-feira, 30 de abril de 2008

PRA LEMBRAR DO SERDA


Essa merece esforço para tentar resumir uma longa história: a presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargadora Izaura Maia, inaugura hoje, às 15 horas, o novo Parque Gráfico do Judiciário, onde foi investido quase R$ 1 milhão em maquinário.

O parque gráfico começou em 1993, com a publicação da primeira edição do Diário de Justiça, quando as máquinas pertencentes ao antigo Serviço de Divulgação do Estado do Acre (Serda) e parte da equipe de servidores do órgão foram cedidos pelo governo estadual ao Tribunal de Justiça.

O Serda foi extinto pelo então governador Edmundo Pinto como um acerto de contas, decorrente de gastos durante a campanha eleitoral, com dois sócios informais dele - os empresários do setor grátifo Ely Assem de Carvalho, ex-funcionário do próprio Serda, e Luis Carlos Pietschmman, que virou chefe do Gabinete Civil do Acre.

As máquinas do Serda, adquiridas durante a gestão do governador Francisco Wanderley Dantas, em 1970, foram jogadas num depósito no Distrito Industrial e posteriormente, a pedido, doadas ao Judiciário.

Bem, a partir da efêmera gestão de Edmundo Pinto, o Diário Oficial do Acre passou a ser impresso na gráfica de Ely Assem de Carvalho e assim continua até hoje. Os demais serviços passaram a ser dirigidos para a gráfica de Pietschmman, que estava no mesmo hotel onde o então governador foi assinado em São Paulo, em maio de 92.


Como é praxe para a maioria dos governadores acreanos, Edmundo Pinto se tornou dono de um jornal, A Tribuna, fundado por Ely Assem de Carvalho, mas jamais apareceu no contrato social da empresa. Ambos compraram com dinheiro público, claro, uma máquina com capacidade de imprimir 70 mil jornais por hora, embora A Tribuna circule, em média, com 300 exemplares.

O velho maquinário e os abnegados servidores do antigo Serda ainda hoje servem ao Tribunal de Justiça, que se vale deles todos os dias para a divulgação de sua jurisprudência, por meio de publicações diversas, periódicas ou não.

O Diário da Justiça é distribuído gratuitamente e está acessível na web. Enquanto isso, a firma E. A. Carvalho (tendo como preposto a CJ A. Chagas) continua faturando com a impressão, venda de assinaturas e de anúncios no Diário Oficial do Estado, que nunca esteve acessível na web, embora a exigência constasse no edital de "licitação".

Mas agora já são outros 500 de um acordo com os governadores petistas, que envolve, entre outras mumunhas, o cabresto que o jornal ostenta. O governador Binho Marques estava decidido a mudar isso, mas foi impedido pelo sistema político que o elegeu. Senadores, deputados e ex-governador preferem tirar uma casquinha do viés corrupto instituído por Edmundo Pinto.


Parabéns aos funcionários do antigo Serda e aos desembargadores, que compreenderam, ao menos nesse caso, que é necessário separar o público do privado.

Um comentário:

Unknown disse...

Altino, falando nisso, por onde andarão as linotipos, a tipografia, etc, etc, peças de inestimável valor histórico?