segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

JAPONESES NO ACRE

XEQUE-MATE

Aníbal Diniz

Velho Altino:

Revendo alguns arquivos no último dia de 2007, encontrei esta foto com o nosso amigo comum - o mestre enxadrístico Toinho Alves-, a quem devo não só o aprendizado tático e estratégico, mas, principalmente, a paixão incorrigível pelo jogo-arte-ciência, o Xadrez, que tanto bem-estar tem me proporcionado desde que passou a fazer parte da minha vida.

Para mim, jogar contra o Toinho, com raríssimas exceções, é derrota líquida e certa. Mas, em compensação, é algo que proporciona um prazer indescritível pela qualidade, elegância e capacidade de problematizar e criar as dificuldades que ele impõe do primeiro ao último lance.

Votos de um feliz 2008 para você e para todos os leitores do blog.

Aníbal Diniz é jornalista da assessoria do governador do Acre, Binho Marques (PT), a quem retribuo com votos de saúde, paz e amor. A entrada do Ano Novo é no Mercado Velho. Mais tarde, alguma foto da festa.

NÃO É TOP MODEL


É a deputada Rebecca Garcia (PP-AM), que enviou a retrospectiva de sua atividade parlamentar. É blogueira também. Clique aqui.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

OS 125 ANOS DE RIO BRANCO

Walmir Lopes


Altino,

localizei em meus alfarrábios, a monografia "Estudo Geográfico do Território do Acre", editada em 1955. O autor, Antonio Teixeira Guerra, era conceituado geógrafo do Conselho Nacional de Geografia. Dela escaneei a foto (acima), que o autor credita à Força Aérea Americana, e pode nos dar uma idéia, comparando-a com a foto (abaixo) do Google Earth, da mudança da paisagem urbana de Rio Branco. O livro é bem interessante e recheado de fotos de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Xapuri, Brasiléia e por aí vai.

Grande abraço.


Clique aqui: vale a pena conferir no blog do deputado Edvaldo Magalhães (PC do B) 29 fotos históricas que retratam a evolução de Rio Branco. A cidade completa hoje 125 anos. O acreano Walmir Lopes é empresário em Olinda (PE).

VAZAMENTO DE ÓLEO EM TARAUACÁ

108 mil litros de óleo diesel vazaram para um lago próximo à cidade; Guascor e Petrobrás podem ser responsabilizadas

O duto que transportava óleo diesel da empresa de geração de energia elétrica Guascor, em Tarauacá, rompeu-se no último sábado e 108 mil litros de óleo que vazaram para um lago natural antigo, próximo à área urbana. O produto era transportado de uma balsa instalada no rio Tarauacá até à empresa.

O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) já notificou a Eletroacre, empresa responsável pela manutenção do duto. Estão previstas também notificações para a Petrobrás e Guascor. O acidente aconteceu no dia 22 de dezembro.

Durante o vazamento, algumas pessoas faziam o recolhimento do óleo para fins privados. Isso aumenta os riscos de acidentes domésticos por não haver controle no armazenamento do produto.


A maior parte do óleo foi recolhida pela população. Técnicos do Corpo de Bombeiros, Imac e Secretaria de Saúde visitam neste sábado a cidade de Tarauacá para fazer uma avaliação mais detalhada da situação.

- Após a apuração dos fatos todos os responsáveis serão penalizados - assegura Cleísa Cartaxo, presidente do Imac.

Da Agência de Notícias do Acre.

GOVERNO ESCLARECE ACIDENTE

O jornalista Itaan Arruda, asssessor de imprensa do governador do Acre, Binho Marques (PT), enviou nota de esclarecimento sobre o vazamento de látex e amônia ocorrido na Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri (NATEX).


"No último dia 22 de dezembro, a base metálica de um dos tanques de armazenamento de látex da Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri (NATEX) cedeu, por volta das 3 horas da madrugada, deixando vazar 12 mil litros de látex com amônia para evitar coagulação em uma proporção de 1,5%.

Segundo apuração do Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), o sistema de drenagem, que tem a função de direcionar efluentes para estação de tratamento da indústria, não funcionou adequadamente, o que será motivo de apuração.

Uma parte do látex (3,5 toneladas) coagulou rapidamente em função da evaporação da amônia, produto de alta volatilidade. Outra parte do látex (estimada em 1 tonelada) ficou retida na tubulação e nas medidas de contenção momentos após o acidente.

Estima-se que aproximadamente 7,5 mil litros de látex (equivalente a sete caixas d’água doméstica) tenham atingido um açude nas proximidades da fábrica. O açude em questão possui cerca de 5 mil m3 de água, o que resultou em uma concentração de látex inicial na água de 0,2%.

As fortes chuvas, nos dias 24 e 25, aumentaram a diluição, deixando quase imperceptível o impacto, o que é visível pela coloração da água e do pH (medida de acidez) monitorado.

A indústria está licenciada para operar. Durante a vistoria, foi lavrada uma notificação e as atividades serão retomadas somente após esclarecimentos e demonstração do funcionamento do sistema de drenagem e integração com o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais".

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

VAZAMENTO EM XAPURI NO GLOBO

"Um exemplo de como não agir"

A jornalista Amelia Gonzalez, editora da revista Razão Social, publicação mensal do jornal O Globo que destaca os principais projetos sociais da iniciativa privada, escreveu no blog da revista que o "vazamento em Xapuri é um exemplo de como não agir". Eis a opinião dela:


"O jornalista do Acre Altino Machado tem um compromisso inadiável amanhã de manhã. Ele vai visitar a Fábrica de Preservativos de Xapuri, a convite da direção, para verificar "in loco" o desastre ambiental causado pelo vazamento de 18 mil litros de amônia no entorno da fábrica, conforme ele anunciou hoje em seu blog altino.blogspot.com.

- Soube dessa notícia anteontem e procurei, é claro, apurar melhor antes de publicar. Só pus no ar quando uma fonte do governo do Estado contou-me que era verdade -- disse Altino, por telefone, ao blog da Razão Social.

Xapuri fica a pouco mais de 180 quilômetros da capital, na BR 317, e esta fábrica já esteve para ser inaugurada umas cinco vezes, segundo Altino. Anuncia-se a visita do presidente Lula, prepara-se tudo, e é desmarcado. O vazamento, na verdade, não prejudicou de maneira tão drástica o meio ambiente, já que foi todo para uma pequena barragem de uma propriedade vizinha à da fábrica.

No entanto, o que fica de aprendizado nesse caso é que a empresa não agiu de maneira transparente. Em vez de imediatamente anunciar o acidente e tomar as providências cabíveis, a direção preferiu esconder o fato da imprensa. É um grande erro, sobretudo numa terra que se orgulha por ser o estado onde nasceu a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, que luta pela sustentabilidade, tem muitos problemas ambientais contra os quais precisa estar atenta e que, no fim das contas, carrega nas costas o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.

A fábrica foi construída num convênio com o governo fderal, com o governo do estado (quando o governador ainda era Jorge Vianna) e com recursos do BNDES. Seja como for, agora que temos este link direto com Altino Machado, ficaremos informados sobre o caso. Amanhã ele promete nos mandar notícias de lá.

Clique aqui para ler mais no blog Razão Social. Enquanto isso, os quatro jornais (sim, acredite, temos quatro diários em Rio Branco) cumprem voto de silêncio sobre o vazamento. Seguem velha tática viciada: recebem verba pública e silenciam sob a alegação de que sofrem censura. O que predomina mesmo é preguiça e má fé.

PARA NÃO ESQUECER O TERROR


O deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa, acaba de reproduzir no blog dele uma série de fotos do terror que era imposto ao Acre pelo esquadrão da morte liderado pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal.

- As imagens a seguir são fortes. São registros de um tempo não muito distante. Há dez anos o Acre tinha medo, muito medo. Mas há coisas que nem o Acre, nem o Brasil, podem esquecer - argumenta Magalhães.

Clique aqui para acessar o blog dele.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ACIDENTE ECOLÓGICO EM XAPURI

Amônia e látex vazam da fábrica de preservativos

Mais de 18 mil litros de amônia e látex vazaram para o ambiente após o desabamento de um tanque da fábrica de preservativos masculinos de Xapuri. O acidente aconteceu no sábado, 22, quando completava 19 anos do assassinato do líder sindical e ecologista Chico Mendes.

O vazamento de amônia e látex desagradou tanto ao governador Binho Marques (PT) que ele visitou a fábrica no dia do acidente, mas evitou comparecer em seguida a um evento sobre manejo e desenvolvimento sustentável, em Xapuri, previsto na programação da Semana Chico Mendes.

- O evento foi muito prestigiado por secretários e assessores, mas somente agora entendemos o que motivou aquela inexplicável ausência do governador - disse uma fonte do blog em Xapuri.

O jornalista Itaan Arruda, assessor de imprensa do governador, confirmou o vazamento. Ele disse que a chefe da Divisão de Indústria, Resíduos e Serviços do Instituto de Meio Ambiente, Maura Ribeiro, visitará a fábrica para produzir um laudo.

Embora ainda não tenha sido inaugurada por falta de oportunidade na agenda do presidente Lula, a fábrica de preservativos de Xapuri foi classificada num prêmio da Caixa Econômica Federal entre vinte projetos no Brasil que teriam resultado em melhorias na qualidade de vida da população.

O governo estadual considera a fábrica "o único empreendimento no mundo com capacidade de produzir preservativos com látex de seringal nativo".

Até aqui o governo se valeu da máxima “o que é bom a gente mostra, o que não é a gente esconde”, do ex-ministro Rubens Ricupero. Teremos que nos acostumar com acidentes assim, pois o Acre parece disposto a viver a qualquer custo a industrialização.

NOVO JULGAMENTO DE HILDEBRANDO

UOL destaca notícia com erros

O ex-deputado federal Hildebrando Pascoal poderá ser levado a júri popular no dia 17 de junho do ano que vem, às 8 horas,
no Fórum Barão do Rio Branco, pelo "crime da motosserra". Ele é acusado de amputar com uma motosserra as pernas e os braços do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, que foi assassinado por ter ajudado na fuga do assassino do tenente Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando.

A notícia ganhou destaque na página principal do portal UOL após ser publicada no site da revista Última Instância com dois erros. O primeiro, ao mencionar o dia 17 de julho como sendo a data do julgamento. O segundo, ao afirmar que o ex-deputado é acusado de amputar com uma "serra elétrica" as pernas e os braços do mecânico.

Sabe-se que Hildebrando e seu bando usaram mesmo foi uma motosserra, além de terem torturado até a morte um menor de idade, filho de Baiano, cujo corpo foi banhado em ácido.

Além disso, ressalte-se que o processo ainda não entrou em pauta. Terá que aguardar a juntada de algumas certidões. A data foi apenas reservada porque imagina-se que as certidões logo serão juntadas.


A data havia sido informada apenas à familia do acusado. Leia mais aqui.

REIS


Do artista plástico Fernando França

COMO DOIS E DOIS

Roberto Carlos e Caetano Veloso cantam umas das canções que o compositor baiano fez para o Rei no especial de fim de ano de 1975

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

BANGUELO, MAS FELIZ


Saúde, paz e amor ao Samuel e ao leitorado.

SANTA ESTRELA QUE ME GUIA

Mestre Raimundo Irineu Serra (1892-1971)


Santa Estrela que me guia

Vós me dê a Santa Luz

Os Três Reis do Oriente

Que visitaram Jesus


Viva Deus lá nas alturas

Viva a noite de Natal

Viva o dono deste dia

Que nós vamos festejar


Já fazem muitos anos

Que meu Jesus nasceu

Vamos todos com alegria

Festejar ao Senhor Deus


Meu Divino Senhor Deus

A vós eu vou pedir

Vós nos dê o vosso conforto

Para todos nós seguir


A sempre Virgem Maria

É quem vem nos ensinar

Para nós cantar com amor

Nesta noite de Natal


Do hinário "O Cruzeiro", de Raimundo Irineu Serra. Crédito da foto no HubbleSite: C.A. Grady (National Optical Astronomy Observatories, NASA Goddard Space Flight Center), B. Woodgate (NASA Goddard Space Flight Center), F. Bruhweiler and A. Boggess (Catholic University of America), P. Plait and D. Lindler (ACC, Inc., Goddard Space Flight Center), M. Clampin (Space Telescope Science Institute), and NASA.

domingo, 23 de dezembro de 2007

POVO FICA SEM GÁS NA BOLÍVIA


Amanheci hoje na Bolívia, o país que possui reserva de gás estimada em 48,7 trilhões de pés cúbicos. É a segunda reserva em importância depois da Venezuela. Mas em Cobija, capital do departamento de Pando, na fronteira com o Acre, o abastecimento é crítico. A população chega a pernoitar até duas semanas nos postos de revenda para comprar uma pequena botija do gás. O produto é transportado em caminhões e nunca tem data certa para chegar, sendo distribuído de forma insuficiente sob o controle dos militares.











E NA TERRA DE CHICO MENDES...

No Acre, 19 anos após o assassinato de Chico Mendes, o que viceja onde antes era floresta e pastagem é a monocultura da cana-de-açúcar para a produção de etanol, na BR-317, que conecta o Estado ao Peru e Bolívia.



sábado, 22 de dezembro de 2007

POETA ENVIA CARTA A EX-GOVERNADOR

A mensagem do poeta Antonio Alves para o ex-governador Jorge Viana foi lida ontem, no Palácio Rio Branco, durante a solenidade de entrega do Prêmio Chico Mendes de Florestania


"Caro Jorge.

Escrevo esta carta com dois objetivos. O primeiro, é dar parabéns pelo prêmio Chico Mendes de Florestania. Você merece este prêmio, nem que seja como uma vingança das pessoas a quem você premiou nos últimos anos, que tiveram que ficar em cima de um palco, com cara de aniversariante, escutando discursos elogiosos para depois receber um diploma, uma medalha, uma estrela ou até mesmo uma espada. Pois agora é tua vez, tenha paciência. Aproveita a boa companhia de D. Cecília [Teixeira Mendes], que é a expressão maternal da florestania e também de Mauro [Almeida] e Manoela [Carneiro da Cunha], que encontraram nos caminhos da floresta o lugar onde o conhecimento se transforma em sabedoria.

Vou te poupar de falsos elogios. Minha amizade sincera, muito mais do que na concordância, já foi bem demonstrada nas vezes em que discordei de ti, abertamente e até destemperadamente, nem sempre com razão, mas sempre com coração. São públicas e notórias as diferenças que temos, nas idéias, no estilo, nas preferências. Ainda hoje eu trocaria alegremente meia dúzia de grandes projetos que tu apoias, porque achas que são sustentáveis em escala mundial, por centenas de projetos pequenos que eu prefiro por serem sustentáveis na miudeza local. O que não troco, não vendo e não empresto, é a certeza de que tua sinceridade é também integral e nasce no amor inquestionável que tens pelo Acre, pela floresta e pelas pessoas que nela habitam.

Esse amor pelo Acre, que vejo na tua vida, justifica também as opções que fiz na minha vida e sei que enche de alegria a vida de tantos companheiros. Sentimos alegria ao lembrar as batalhas em que lutamos e tudo o que conseguimos realizar após cada vitória, assim como o aprendizado depois de cada derrota. Até na lembrança das tristezas, dos companheiros que tombaram no caminho, dos que se afastaram, das vezes em que não conseguimos realizar o que prometemos aos outros e a nós mesmos, das vezes em que fomos incompreendidos e injustiçados ou, o que é pior, as vezes em que não fomos compreensivos e justos, enfim, até na lembrança dos momentos mais difíceis dessa caminhada encontramos alegria –porque está lá, no fundo da memória e do coração, essa sinceridade com que vivemos a vida.

Daí não me arrependo de ter colocado a carinha de anjo da Marian na TV, dando adeuzinho aos invasores do Acre na campanha de 1990, pois vejo que tua filha, hoje uma moça, assim como minha filha que também era uma bebezinha e hoje já fez 18 anos, assim como as filhas e filhos de nossos companheiros que cresceram, de repente, sem que nós mesmos tivéssemos tempo de perceber, são hoje cidadãos e cidadãs do Acre e do Brasil e se orgulham do trabalho que fizemos. Hoje os acreanos são mais donos do Acre e sabem quem foi que os ajudou a levantar uma bandeira que estava caída e esquecida. Então não me arrependo -e nenhum acreano consciente se arrepende- de ter colocado nas tuas mãos a bandeira com um astro que foi tinto no sangue de heróis. Pelo teu trabalho, teu amor, teu empenho, tua sinceridade, mereces o prêmio que leva o nome do nosso saudoso companheiro Chico Mendes.

E não é falso elogio dizer isso. Podes até ter inventado o prêmio que agora recebes, mas ele não é só um prêmio Chico Mendes, é também de florestania. E de florestania eu acho que entendo um bocadinho. E digo: mesmo com os atrasos, as falhas, as insuficiências e tantos problemas que não cansei de apontar e criticar com a sinceridade e a impaciência de sempre, teu governo honrou a luta dos povos da floresta e os ajudou a conquistar, mais do que melhorias na vida, reconhecimento e dignidade. Podes ir a qualquer aldeia indígena deste Estado e serás recebido com festa.

E eis aqui o segundo motivo de minha carta: quero te fazer um convite. Sei que agora andas de helicóptero, olhando o mundo lá de cima, e que na política estás mais mineiro do que acreano, mas olha: não te afastes das origens. A água dos igarapés e a sombra da floresta ainda são a inspiração para as lutas, muitas, que terás que travar no futuro. Embora nossos filhos estejam envelhecendo, porque não aprenderam ainda o segredo do mulateiro, que troca de casca para permanecer sempre jovem, nós ainda somos e podemos ser os mesmos meninos, com força para empurrar uma canoa sobre as pedras ou caminhar horas debaixo de chuva nos varadouros enlameados.

Por esses dias o Terri [Vale de Aquino] vai subir o Amônia, o Tejo e o Bajé. O Elson Martins vai novamente até o Breu. E eu mesmo pretendo encontrar com eles lá onde o vento faz a volta, para comermos macaxeira e tomarmos um café fraco sentados no assoalho de paxiúba das cozinhas caboclas de nossos amigos da floresta. Vem com a gente, Jorge.

Nos próximos trinta anos de trabalho, vamos precisar desse fôlego, dessa energia, dessa alegria, dessa simplicidade e desse amor que a floresta nos dá de modo tão dadivoso. Você sabe que pode contar com a gente. Nós sabemos que podemos contar contigo. E a canoa já está no barranco, esperando.

Um grande abraço.

Do amigo Toinho."

Leia mais no blog do deputado Edvaldo Magalhães.

19 ANOS DEPOIS

Sílvio Martinelo

Dezenove anos da morte de Chico Mendes.

Na semana passada, fui a Xapuri com Ivete e Tiago, meu filho, estudante de Jornalismo. Ele queria conhecer Xapuri.

Ivete aproveitou para rever seus parentes, os Figueiredo/Maia.

Fomos visitar o túmulo de Chico. Não consegui rezar, como fariam os bons cristãos.

Só ler aquela mensagem que ele deixou aos jovens. Nota-se que fez um esforço para colocar alguma coisa de socialismo.

Chico tivera nos últimos anos de vida uma forte influência da Revolução Sandinista. Daí o nome do filho Sandino.

Ao lado do túmulo de Chico, o de Ivair Higino, também morto numa emboscada, cujos assassinos nunca foram punidos. Mas quem lembra ou se importa?

No cemitério, Ivete conseguiu localizar o túmulo dos seus avós maternos, os Figueiredo. A avó dela era uma índia "amansada" pelos seringalistas, que morreu com 94 anos.


Do cemitério, passamos pela Casa Branca, a Intendência Boliviana, hoje museu. Uma bandinha tocava freneticamente. Ensaiava para as festas de final de ano.

Do barranco do Rio Acre, vi Plácido de Castro esgueirando-se nas sombras da madrugada, para surpreender os bolivianos ainda de ceroulas.

"Es temprano para la fiesta", reclamaram estremunhados os "patrícios".

Entre as peças do museu, chama a atenção um recorte do jornal Correio do Acre, um dos seis jornais que circularam em Xapuri.

Entre outras notícias da edição do dia 15 de janeiro de 1918, lê-se que um certo senhor Stanley estava visitando Xapuri, por aqueles dias.

Pertencia a uma fundação norte-americana e estava percorrendo os países da América do Sul. Naturalmente, de olho na borracha que o Acre ainda produzia. Donde se prova que o Acre sempre foi globalizado.

No museu chama atenção ainda um pedaço de pão de macaxeira petrificado.

Foi achado num seringal. Seria dos índios que escondiam o pão e esqueciam ao se mudarem de uma área para outra.

Do museu, passamos pelo comércio até chegarmos à casa de Chico Mendes.

A funcionária da Fundação, irmã de Ilzamar, explica tudo sobre como ele foi assassinado, os objetos que ainda permanecem intactos, seus livros.

Não precisava. Até a ajudei a reconstituir a cena do crime.

É que no dia seguinte ao assassinato, fui o primeiro jornalista a chegar na casinha, onde encontrei o delegado Nilson Alves de Oliveira, um policial competente, decente.

O sangue ainda estava quente no assoalho, nas marcas das mãos desenhadas nas paredes.

Como naquele 22 de dezembro de 1988, senti outra vez tristeza, revolta, saudade do Chico, que aprendera a admirar e tentara em vão ajudar a livrá-lo da morte certa e anunciada.

No caminho de volta, passamos ao largo da fazenda Paraná. Cabeças de gado pastavam e mugiam (muuuuu!) debaixo dos fios do Luz Para Todos.

Na sede da fazenda, Darli ainda está lá, dezenove anos mais velho, mais cego, mais brocha, apesar das garrafadas...

... porém, vivinho Alves da Silva.

O jornalista Sílvio Martinelo é um dos proprietários do jornal A Gazeta e escreve na coluna Gazetinhas. Era correspondete do Jornal do Brasil no Acre quando Chico Mendes foi assassinado, no dia 22 de dezembro de 1988.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

OLINDA

Walmir Lopes


É, Altino, tá chegando a hora. Hora do abraço fraterno nos amigos, da trégua momentânea e multilateral entre adversários de toda ordem, com o desarme, ao menos temporário, dos espíritos em luta.

Hora de restaurar o equilíbrio das forças psíquicas, no preparo para os próximos e inevitáveis embates. Hora de combater, com as armas da reflexão sincera, aquele que às vezes se torna nosso pior inimigo: nós mesmos.

Aproveitando a proximidade dessa hora, quero, aqui de Olinda (PE), enviar os votos de um Feliz Natal e um próspero Ano Novo a você e a todos os freqüentadores do Blog do Altino, ao povo acreano em geral, do mais humilde ao mais abastado cidadão, aos políticos do governo e da necessária oposição responsável, cuja luz não devemos apagar, pois dela a verdadeira Democracia não pode prescindir.

Grande abraço.

Walmir Lopes é acreano, empresário em Olinda.

FLORESTA DIGITAL

O Acre e o Distrito Federal: 100% wireless grátis

Peter T. Knight


O Acre e o Distrito Federal têm grandes diferenças: população, geografia, IDH, PIB por capita, partidos políticos no poder. Mas têm um objetivo comum – construir redes de banda larga que devem oferecer acesso à internet sem fio grátis a todos seus residentes.

Seus governos reconhecem que o direito do cidadão à informação é fundamental numa economia cada vez mais globalizada e baseada no conhecimento – tanto para a justiça social quanto para a competitividade. Em outros estados brasileiros há municípios que compartilham esta aspiração ou já o realizaram. Mas, ao que eu saiba, o Acre e o Distrito Federal são os primeiros entre os estados brasileiros a procurar realizar este direito via construção de redes sem fio com acesso grátis e cobertura de todo seu território. Nos dois casos, a meta é chegar à cobertura de 100% do seu território até 2010.

No caso do Distrito Federal, o programa para realizar esta meta já existe e tem nome: Brasília 100% Wireless, e é responsabilidade da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT), que conta com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) para seu desenho. A rede começa a partir da fibra ótica já existente no DF e contará com uma cobertura WiMAX e distribuição local via redes Wi-Fi e Wi-Mesh, por isso será uma rede híbrida. A primeira etapa, a ser realizada em 2008, incluirá o Plano Piloto e Taguatinga, com acesso público internet para 1 milhão de brasilienses, em média. Na segunda etapa, o projeto será implantado nas demais Regiões Administrativas, dando acesso público a 2,5 milhões de cidadãos.

No Acre, a idéia é criar uma rede semelhante em ambiente bem mais difícil, dadas as condições geográficas e topográficas da Amazônia. A primeira fase abrangeria a capital Rio Branco e os municípios de seu entorno e posteriormente se estenderia aos municípios ao longo da BR 364, que corta o estado até as proximidades da fronteira mais noroeste com o Peru e, na última etapa, chegaria às sedes dos outros municípios, prevendo inclusive comunidades indígenas e ribeirinhas. Por essas peculiaridades, no Acre será necessário usar conexões via satélite para complementar redes terrestres, sempre recorrendo a tecnologias sem fio (WiMAX, Wi-Fi e Wi-Mesh) para a distribuição local do sinal. O nome provisório é Floresta Digital, e o órgão responsável é a Secretaria da Gestão Administrativa, que também coordena a OCA, o programa de atendimento ao cidadão, que pretende universalizar o acesso aos serviços públicos básicos aos habitantes da região. Construir estradas na Amazônia é uma tarefa hercúlea e extremamente custosa. As estradas digitais parecem ser a saída mais viável para encurtar as distâncias e diminuir o isolamento.

No Distrito Federal, o programa Brasília 100% Wireless faz parte de um conjunto de políticas públicas que buscam criar a Capital Digital, inclusive com implantação de vários pólos e parques tecnológicos e o projeto DF Digital, também da Secretaria de Ciência e Tecnologia do DF, em parceria com a UnB, criado com o objetivo de oferecer à população do Distrito Federal cursos de informática e internet para inclusão digital, integrado com cursos de capacitação profissional para inclusão social, tais como empreendedorismo, telemarketing, auxiliar de escritório, gestão de microempresas, dentre outros. O projeto Brasília 100% Wireless também prevê a implantação do modelo “Escola Digital” em todas as Escolas Públicas do DF.

No Acre, a Floresta Digital será parte integral do programa de Florestania (um neologismo criado no Estado para descrever os diversos jeitos de se viver na Amazônia e suas peculiaridades na relação homem, cidade e meio ambiente), procurando o desenvolvimento sustentável com base nos seus recursos naturais, acima de tudo, a floresta amazônica e sua biodiversidade, agregando valor via conhecimento cada vez mais sofisticado. Uma das bases deste programa de desenvolvimento sustentável é o Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE-Acre) que, por sua vez, faz parte de “um novo estilo de gestão de políticas públicas envolvendo processos de empoderamento, diálogo e negociação entre o governo, a sociedade civil organizada e o setor privado”.

Outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm planos de fazer todos seus municípios digitais com acesso à banda larga e pode ser que mais outros sigam neste caminho. O governo federal parece estar se movimentando para levar a banda larga a todas as escolas do país até 2010, o que poderia ser um grande apoio. Há, porém, muita demora e ainda fica para ser demonstrada se a prioridade destes outros governos é verdadeira.

Mas a cobertura total do território de estados com banda larga como um serviço grátis aos cidadãos parece ser inovação do Distrito Federal e Acre. Como financiar estes programas é uma pergunta que se apresenta, mas, combinando-se os recursos da união, dos estados e dos municípios com os aportes do setor privado e das instituições internacionais, e desenvolvendo-se parcerias com os fornecedores e as próprias operadoras, deve ser factível. Todo tipo de parceria é possível. E alguns municípios já estão mostrando o caminho. O que importa nesta altura do jogo é a vontade política de concretizar o direito dos cidadãos à informação, um direito, aliás, garantido pela Constituição Brasileira.

Peter T. Knight é consultor, empresário, escritor e agente de mudança com experiência internacional em educação à distancia, e-aprendizagem, e-governo, e-desenvolvimento, mídia eletrônica, bancos internacionais, fundações, ensino universitário e pesquisa econômica; contatos extensivos de alto nível na África (especialmente na África do Sul), América Latina (especialmente no Brasil) e no Leste Europeu e na Ásia (especialmente na Rússia). O artigo foi publicado na revista Banco Hoje, dirigida aos executivos financeiros.

GENTILEZA

Luiz Caversan


Nos anos 90, o Profeta Gentileza, um maluco de bata alvíssima e longas barbas brancas, circulava pelo Rio de Janeiro com uma placa nas mãos.

A mensagem do Profeta era simples e singela, e anos depois de sua morte tornou-se cult.

Acredito que ela encerra uma gande verdade e, por isso, quero sugeri-la como um mote para 2008.

O jornalista Luiz Caversan foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Dinheiro, entre outros. Escreve para a Folha Online.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

ÁREAS PROTEGIDAS: PARADOXO NO PERU

Exploração de petróleo pode prejudicar
área na divisa com o Brasil

Marc Dourojeanni


Uma parte do governo peruano está promovendo o estabelecimento do Parque Nacional da Serra do Divisor, para complementar o contíguo parque nacional brasileiro do mesmo nome, no estado do Acre. Para facilitar a exploração de petróleo, outra parte do mesmo governo está pretendendo tirar mais de 200.000 ha do Parque Nacional Bahuaja-Sonene, localizado no departamento de Madre de Dios e que faz parte do mesmo corredor biológico que percorre as fronteiras amazônicas da Bolívia, Brasil e Peru. Para complicar as coisas o Presidente peruano entrou na discussão com uma série de comentários imprudentes e baseados em informações erradas.

Há várias semanas a imprensa e as comunicações eletrônicas internacionais e peruanas estão alagadas com o caso Bahuaja-Sonene. Sucintamente, trata-se do fato que o Ministério de Energia e Minas do Peru propôs o corte de 209.000 ha do Parque Nacional para outorgar uma concessão para exploração de hidrocarbonetos. Este parque, estabelecido em 1996 com base em outra unidade de conservação preexistente, tem um total de 537.000 ha. Mas, os hectares que foram requeridos pelos interessados são exatamente o filé mignon da unidade, ou seja, sua área mais natural e preservada.

Esse parque foi considerado recentemente pela National Geographic Society um dos sete parques emblemáticos do mundo e, há anos, teve muito apoio financeiro tanto nacional como internacional. Mas, o escândalo se deve, em grande medida, ao fato que com essa ação o Peru estaria contrariando acordos já assinados para se beneficiar do acordo de livre comércio com os EUA. O escândalo surgiu quase que simultaneamente com a aceitação do acordo pelo Congresso americano e, claro, teve muita repercussão entre deputados e senadores tanto republicanos como, especialmente, democratas. Assim é que, umas semanas atrás, o governo peruano informou que a proposta de Energia e Minas não prosperaria.

Leia o artigo completo do professor Marc Dourojeanni no site O Eco.

SIBÁ NÃO MERECE SER A MARINA

Leila Jalul

Altino,

Pessoalmente, nada contra o senador Sibá Machado. Nada, mesmo. Sua atuação no Senado é, no entanto, repreensível, principalmente se se considerar que ele entrou na vaga de Marina Silva.

Aliás, Marina, hoje, já é passível de repreensão, pelo simples fato de estar ausente das grandes discussões. Tudo pode ser perdoado se por questões de saúde.

Posso estar errada, mas, Marina, para o Governo Lula, não passa de um oráculo. Sabe aqueles santos que a gente pode olhar mas não pode tocar?


Sibá é quase sempre inconsequente a ponto de, abrindo a boca, piorar sempre o status quo reinante. Tipo assim: por que no te callas? Vi isso na não aprovação da CPMF.

Abriu a boca, falou besteira e um aliado perguntou: por que no te callas? Se continuares falando, nem a DRU será aprovada. Te alui, hombre!

Uma pena. Nós não merecemos.

O Sibá não merece ser a Marina e a Marina não merece ser apenas um oráculo. Ela é grande demais para servir de apenas ponte para um governo equivocado.

Marina é dez. Jesus é mil.

E nós? Seremos sempre um ponto na escala positiva, se soubermos olhar para o amanhã.

TEST DRIVE

A charge do Dim, capturada do blog do Edvaldo Magalhães, me fez lembrar de quando o nosso governador Binho Marques era ator de teatro e foi protagonista da peça infantil “B em Cadeira de Rodas”, de Ronald Radde. Clique na imagem.


BOIS NA AMAZÔNIA LEGAL

Em dez anos, rebanho bovino dobrou na região

Vladimir Platonow

O número de cabeças de gado na região da Amazônia Legal dobrou nos últimos dez anos, passando de 37 milhões em 1996 para 73 milhões em 2006, um crescimento três vezes maior que a média nacional.

Atualmente, existem 3,5 bovinos para cada habitante da região, formada por nove estados (Acre, Amazonas Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). A população chega a 20,6 milhões.

No mesmo período, a expansão do rebanho bovino aumentou 33% no Brasil, saindo de 153 milhões de cabeças para 205 milhões no ano passado.

Os números fazem parte do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em todos os estados da Amazônia Legal houve crescimento do rebanho, sendo que em alguns a quantidade de bovinos praticamente triplicou.

É o caso de Rondônia, que registrava 3,9 milhões de cabeças em 1996 e chegou ao ano passado com 11,4 milhões de bovinos. No Pará a situação é semelhante: em 1996 havia 6,7 milhões de cabeças e no ano passado, 17,5 milhões.

Mesmo estados que não tinham tradição de pecuária têm registrado forte aumento na criação bovina. Caso do Acre, onde o rebanho pulou de 853 mil cabeças, em 1996, para 2,4 milhões, em 2006. Roraima, no extremo norte do país, tinha há dez anos 400 mil cabeças bovinas e atualmente tem 508 mil.No Mato Grosso, que responde por 12,7% de todo o rebanho brasileiro, o aumento percentual não foi tão expressivo, mas sim em números absolutos: passou de 20,7 milhões de cabeças em, 1996, para 23,7 milhões no ano passado.

Segundo o gerente de Pecuária do IBGE, Otávio Costa de Oliveira, a atividade tem se deslocado do Sul e Sudeste para o Centro-Oeste e o Norte do país, onde a terra é mais barata e o custo de criação é menor.

Oliveira afirma que os fazendeiros da Amazônia Legal não usam tecnologia para aumentar a produtividade da terra, por meio de manejo e adubação, preferindo expandir a área, o que afeta o meio ambiente.

“É possível aumentar a produtividade sem ter que aumentar a área. Mas a terra sendo barata, é mais lucrativo comprar novas áreas e expandir, do que investir na propriedade”.

A preservação da floresta amazônica preocupa o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Joel Naegele, que responsabiliza a falta de ação governamental na região pelos conflitos agrários e devastação do meio ambiente.

Ele diz que os fazendeiros acabam expandindo as pastagens por não terem assessorias técnicas que possibilitem aumentar a produtividade, criando mais gado no mesmo espaço de terra.

“A criação extensiva do gado [quando o rebanho vive solto no campo e não confinado] exige muita terra, que está sendo encontrada na Amazônia por causa fruto do desmatamento", diz.

O desafio, acrescenta naegele, é incentivar os proprietários rurais para explorarem melhor suas terras, com financiamento e formação adequada, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). "Mas eu realmente não acredito que o governo vá fazer alguma coisa neste sentido”.

Para o advogado José Batista Afonso, que integra a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a expansão da pecuária gera pressões sociais e ambientais em toda a região amazônica.

“Esse movimento vem crescendo nos últimos anos em função da pressão das monoculturas, como a soja e a cana-de-açúcar, que vêm ocupando os espaços da pecuária nos estados do Centro Oeste, Sul e Sudeste e empurrando o gado em direção à floresta”.

Segundo ele – que vive no sul do Pará, região de intensos conflitos fundiários –, esse processo tem duas conseqüências principais: o aumento da devastação da floresta amazônica e o prejuízo a povos tradicionais, como os índios, ribeirinhos, quilombolas e pescadores que vivem há séculos na região e perdem suas terras.

“A criação do gado acaba provocando a expulsão dessas pessoas, além do surgimento de muitos conflitos e situações de violência”, disse Afonso, que vê uma única saída para diminuir o problema: a contenção do avanço da pecuária na região.

“Há necessidade urgente de medidas e políticas governamentais que possam conter essa expansão violenta da criação de gado e da abertura de novas fazendas. Caso contrário, não sei até quando a Amazônia suporta.”

Vladimir Platonow é repórter da Agência Brasil no Rio de Janeiro.

SIBÁ FOI TRABALHAR HOJE


O senador Sibá Machado (PT) foi fotografado durante a sessão do Congresso para promulgar a Emenda Constitucional 56, que prorroga até 2011 a Desvinculação de Receitas da União (DRU).

É péssimo o desempenho dele na lista de presença do Senado. É o senador do Acre que menos compareceu às sessões (20,17%) deliberativas. Faltou a 24 das 119 sessões reservadas para votações. Esteve presente em apenas 95 sessões.

O segundo pior desempenho é do senador Geraldinho Mesquita (PMDB), que faltou 21 sessões - 17,65% do total. Dos três senadores, Tião Viana (PT) foi o que mais trabalhou. Ausentou-se apenas de 11 sessões e aparece entre os mais assíduos do Senado.

Desse jeito, Sibá pode voltar a ser coveiro. E Marina Silva que não conte mais com o meu voto caso seja candidata a novo mandato tendo ele como suplente.

FELIZ NATAL, ANO NOVO

Do Imazon:



Do paleontólogo Alceu Ranzi:

"Altino, 2007 foi marcante para todos nós. Muitas realizações, novos amigos e, especialmente, o posicionamento positivo dos órgãos públicos em relação ao Patrimônio Pré-Histórico do Acre. O Blog do Altino teve participação ativa nesses acontecimentos. O nosso reconhecimento. Agradecemos o apoio nas várias oportunidades que surgiram a partir de seu blog. Desejamos "Pax et Bonus", muita luz e que a Rainha da Floresta nos proteja a todos. Um abraço do Alceu & Cleusa e Família".


Dos freis Paolino, Rodrigo, Pedro e Heitor, da Comunidade dos Servos de Maria de Sena Madureira:

"Caríssimo Altino Machado e Família,

Sim, é verdade que nascer é bonito.

Viver é bonito.

Mas o mais bonito é saber e crer que um dia nasceu um menino chamado Jesus.

É feliz aquele que tem fé, aquele que acredita que Jesus é Filho de Deus e filho de Maria. Totalmente Deus e totalmente Homem.

Feliz aquele que acredita que Jesus fez noviciado e escola e teologia em Nazaré, ajudando Maria e José.

O curso Dele durou trinta anos.

Sim, é Natal.

Feliz daquele que continuamente nasce.

Aquele que nasce em seus irmãos. Na Cruz e na Ressurreição.

Feliz daquele que sabe abençoar quando não compreendido ou traído

Feliz daquele que perdoa sempre.

Feliz daquele que acredita na pessoa de Jesus, totalmente Deus e totalmente homem.

Que bonito Natal, ser totalmente Deus e totalmente homem na pessoa de Jesus.

A doação total à causa da Amazônia nos leva a reconhecer a fantástica criação que é o retrato de Deus.

A fantástica criação na pessoa de todas as pessoas, especialmente das mais abandonadas, os pobres e índios, doentes e desprezados.

A fantástica criação nas árvores e nas flores, nos animais e nos rios.

Sim, a todos vocês, Feliz Natal!"


Do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior:

"E aí compadre? Estou meio sumido estes tempos, em Ribeirão Preto, curtindo a mãe e a família. Creio que em janeiro estarei por aí, na ativa. Por enquanto, descanso! Um abração e bom Natal. 2008 vai ser melhor que o 2007, esperamos todos.

MÃOS AO ALTO


Até parece que os assaltantes, que tanto infernizam a vida da população do Acre, encontraram o governador Binho Marques e equipe na Estrada do Agricultor, em Plácido de Castro.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

PRÊMIO FICA EM CASA

O Prêmio Chico Mendes de Florestania será entregue a quatro personalidades, às 18 horas de sexta-feira, durante solenidade no Palácio Rio Branco com a presença do governador Binho Marques (PT), familiares do líder seringueiro e representantes de organizações não-governamentais.

Os vencedores das três categorias são o ex-governador Jorge Viana (iniciativa estadual), o casal de antropólogos Mauro Almeida e Manuela Carneiro da Cunha (iniciativa nacional e internacional), pelo conjunto da obra Enciclopédia da Floresta, e Cecília Teixeira Mendes (iniciativa de origem comunitária, rural ou florestal), tia de Chico Mendes.

Conferida anualmente pelo governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour, a premiação foi criada em 2004 pelo então governador Jorge Viana, para reconhecer e estimular as atividades, programas, ações e iniciativas que contribuem para consolidar o conceito de florestania.

Os três premiados recebem o Certificado de Reconhecimento e o troféu Castanha de Bronze, que os organizadores fazem questão de assinalar que é confeccionado com madeira certificada. Além disso, a premiada da categoria iniciativa de origem comunitária receberá R$ 10 mil.

Caso alguém queira conhecer o conceito original de florestania, sugiro a leitura de um artigo do jornalista Antonio Alves, disponível no site da Bibliota da Floresta. Clique aqui.

PRÊMIO CHICO MENDES DE FLORESTANIA

Itaan Arruda

Altino,


em entrevista coletiva realizada hoje à tarde, na Biblioteca da Floresta Marina Silva, o governador Binho Marques e a comissão julgadora do Prêmio Chico Mendes de Florestania anunciaram os vencedores da edição 2007.

São eles: os antropólogos Mauro Almeida e Manuela Carneiro da Cunha, a líder comunitária Cecília Mendes e o ex-governador Jorge Viana.

Mais tarde, te mandarei um breve currículo de todos. Mas, com certeza, tu já podes fazer as tuas avaliações sem isso.

Peço desculpas por esquecer de te avisar da coletiva. Foi mais uma falha minha. Põe na conta.

Um grande abraço.

O jornalista Itaan Arruda é porta-voz do governador Binho Marques. É impressionante como a vida inteira eles esquecem "deu". Chego a imaginar que seja porque não consideram como sendo trabalho de comunicação o que faço.

PROJETO FLORESTA ZERO

Da coluna Salada Verde do site O Eco:

A bancada ruralista fez a farra nesta quarta-feira na Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados. Por 24 votos a 1 aprovaram o relatório do deputado Homero Pereira (PR-MT) sobre o Projeto de Lei 6424/05. Para quem não se lembra, a proposição do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) permite a recomposição de áreas de reserva legal, desmatadas ilegalmente, com espécies exóticas, como dendê, eucalipto e cacau. Mais do que isso, o PL desfaz um princípio básico da ecologia, e permite que a recuperação das reservas legais seja feita fora da bacia hidrográfica onde houve o desmatamento. Mas o supra-sumo, o escândalo mesmo que o senhor Homero Pereira, ex-presidente da associação dos produtores de soja do Mato Grosso, conseguiu incluir no seu relatório foi uma anistia a todos aqueles que cometeram o crime de desmatar reservas legais. Está lá, no artigo 44.


O irônico, para não dizer o trágico desta história, é que a votação desta quarta foi precedida de uma festinha de um ano de aprovação da Lei da Mata Atlântica. Quem acompanhou os bastidores da tramitação desta lei no Congresso no ano passado sabe bem que o Ministério do Meio Ambiente e algumas ONGs ofereceram aos ruralistas, em troca de apóio, uma revisão do Código Florestal agora em 2007. Não surpreende portanto que os ‘gestores’ do ministério não tenham sequer comparecido à votação desta quarta e muito menos articulado com a bancada governista para impedir a derrota da floresta pelos ruralistas. Afinal, trato é trato.

As ONGs contrárias ao projeto (lembre-se há pelo menos uma a favor) tentaram impedir a derrota do Código Florestal. Percebendo que na abertura da sessão não havia quórum para a aprovação, pediram a um deputado ambientalista que solicitasse votação nominal. Sentindo o perigo da estratégia melar a festa, 15 deputados ruralistas apareceram no plenário da Comissão de Agricultura para garantir o quórum. Agora o PL 6424/05 segue para a Comissão de Meio Ambiente, onde se espera a jogo vire para o lado das florestas.

GENTE DA FLORESTA

Elson Martins



Altino:

Digamos que essa foto é histórica, pois foi clicada terça-feira, às 17 horas, no exato momento em que colocamos no ar, através do site da Biblioteca da Floresta, a tese de doutorado da Mary Allegretti, que estará disponibilizada para os internautas a partir das 16 horas de hoje.

São mais de 800 páginas em PDF, sobre Chico Mendes e os seringueiros que lutaram nos anos 70 e 80 para salvar a floresta acreana e apontaram caminhos para desenvolver a Amazônia com sustentabilidade.

A tese ainda nem foi publicada, portanto, sai em primeira mão no site da Biblioteca.

Na foto: Carlos Edegard de Deus, Mary Allegretti, Marcos Afonso e Elson Martins

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

ESSA IMPRENSA

Do blog Coca Mata, do estudante de direito Thiago Fialho, pérolas dos diários A Tribuna e A Gazeta:


Só a "verdadi", somente a "verdadi"


Isso que é amar os animais

SITE DA BIBLIOTECA DA FLORESTA

O conteúdo do website da Biblioteca da Floresta Marina Silva estará acessível a partir de amanhã, às 16 horas, tendo como editor o jornalista Elson Martins.

- O site vai divulgar as atividades da biblioteca e oferecer informação sobre os povos da floresta, do Acre e da Amazônia, através de notícias, artigos, fóruns, estudos e pesquissas, contribuindo para a promoção do diálogo entre saberes - explica o biólogo Carlos Edegard de Deus, coordenador da biblioteca.

O site permitirá ao usuário o acesso on-line ao acervo e disponibilizará diversos documentos, arquivos, fotografias e filmes sobre a diversidade socioambiental, Chico Mendes e a história da resistência, conquista e avanços de índios, seringueiros e ribeirinhos.

MALDITO PAC


Caso você tenha algo a receber a partir de São Paulo, por exemplo, não caia na desgraça de aceitar que alguém recorra ao PAC - o serviço de encomenda da linha econômica dos Correios para o envio exclusivo de mercadoria.

Foi postada para mim, no dia 7 de dezembro, a partir da Avenida Paulista, uma de minhas máquinas fotográficas digitais. Os prazos de entrega variam de acordo com as localidades de origem e destino.

Embora o prazo para o Acre seja de oito dias, até hoje não recebi a encomenda, cuja postagem custou R$ 29,00. Maldito lojista, a quem recomendei que enviasse via Sedex, que não demora tanto.

A encomenda, acreditem, vem de São Paulo ao Acre pela estrada. São mais de 3 mil quilômetros de chão. Desde ontem encontra-se em trânsito, entre Cuiabá e Rio Branco.

Telefonei ontem para a sede dos Correios em Rio Branco e me informaram que a encomenda chegaria hoje em avião. Fui lá na hora marcada e nada. Disseram que virá num caminhão e que poderá demorar mais um ou dois dias.

A tortura maior é acompanhar a incompetência da empresa a partir do histórico do objeto. Nada confiáveis o PAC dos Correios e o PAC do governo federal.


Confira aqui o histórico.

NA BATIDA PERFEITA

Do fotográfo Juvenal Pereira, do blog Caxiuna:

- Altino, tomara que em 2008 continuemos na procura da batida perfeita. Abraços.

NOTA 10

Mariama Morena

Altino,

escrevo para agradecer a contribuição de seu trabalho e de sua entrevista para minha monografia. Apresentei ontem o trabalho sobre os blogs e as mudanças de paradigmas no jornalismo brasileiro acreano.

Entrevistei o Toinho Alves, do blog O Espírito da Coisa, o Adaildo Neto e a Milena Quiroga, do Grito Acreano e do Coletivo Catraia, e você.

Tenho certeza que todos contribuíram para que eu tivesse a boa nota (tirei 10), e quero aproveitar para parabenizar pelo trabalho.

Acho realmente que os blogs são ferramentas que ajudam a transformar nosso jornalismo diário.

Um abraço, e mais uma vez, obrigada.

Mariama Morena, formada pela Universidade Federal do Acre, é repórter da TV Acre, afiliada da Rede Globo.

ESTAMOS CONDENADOS


O Observatório da Imprensa publica artigo sobre a imprensa acreana, de autoria do jornalista Pitter Lucena, com o título "A arte de condenar sem provas".

Achei o texto raso, óbvio, pois faz cair a mesma chuva de sempre. O que que me surpreendeu mesmo foi a editoria do OI omitir que o articulista é assessor de imprensa do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).

Embora não confesse, é evidente que a opinião dele resulta das acusações feitas por parte da imprensa acreana contra o senador, após o mesmo ter votado pelo fim da CPMF. O assunto foi abordado na semana passada em dois posts neste blog.

Esse tipo de confusão se arrasta na imprensa. Vide o caso do advogado Sanderson Moura e do assistente Ednei Muniz (foto). Moura se articula como pré-candidato a prefeito de Rio Branco, enquanto Muniz escreve "reportagens" no jornal A Tribuna e no website AC 24 Horas defendendo de modo desbragado clientes de ambos, como os "inocentes" ex-deputado Roberto Filho e o filho dele, Bebeto Júnior, acusados de tramarem o assassinato de um juiz, de uma promotora e de um oficial de justiça.

- Nós vamos denunciar Ednei Muniz por exercício ilegal da profissão ao Ministério do Trabalho - promete Marcos Vicentti, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre.

Clique aqui para ler o artigo do Pitter Lucena.

FREI LUÍS PRECISA VIVER

César Benjamin

Procuro um livro na estante de casa. Na folha de rosto, a dedicatória: “Para o César, que também caminha nas mesmas margens do mesmo rio. Gentio do Ouro, outubro de 2001.” De dentro do livro cai um cartão que já estava esquecido: “César, grato por sua inesperada suavidade, por sua lúcida e firme presença. Grato por você existir. Te abraço. Adriano.” Não consigo conter a emoção.

Entre de 1992 e 1993, durante um ano, Adriano e mais três pessoas realizaram uma caminhada de 2.700 quilômetros, das nascentes à foz do rio São Francisco. O livro que ganhei de presente quando os visitei no sertão – Da foz à nascente, o recado do rio, de Nancy Mangabeira Unger – narra poeticamente a empreitada desse grupo de heróis, cujas vidas se confundem com a luta pela vida do rio e das populações sertanejas que dele dependem.

O líder dos peregrinos era um frei franciscano, o mais franciscano de todos os franciscanos que conheci, Luís Cappio. Não lembro em que localidade o encontrei – acho que foi em Pintada –, mas nunca o esqueci. É um homem raro. Vive visceralmente o cristianismo, a sua missão. Hoje, é bispo da Diocese da Barra. Continuou o mesmo simples peregrino, um irmão da humanidade, um pobre vivendo entre os pobres. Está em greve de fome há mais de vinte dias e pode morrer.

Aboletado em Brasília, o presidente Lula acusa frei Luís e seus companheiros, contrários à transposição das águas do rio São Francisco, de não se importarem com a sede dos nordestinos. Para quem conhece os dois personagens, é patético. Um abismo moral os separa. Desse abismo nascem as suas diferentes propostas.

O Semi-Árido brasileiro é imenso: 912 mil km2. É populoso: 22 milhões de pessoas no meio rural. É o mais chuvoso do planeta: 750 mm/ano, em média, o que corresponde a 760 bilhões de metros cúbicos de chuvas por ano. Não é verdade, pois, que falte água ali. A natureza a fornece, mas ela é desperdiçada: as águas evaporam rapidamente, sob o Sol forte, ou vão logo embora, escorrendo ligeiras sobre o solo cristalino impermeável.

Há décadas o Estado investe em obras grandes e caras, que concentram água e, com ela, concentram poder. O presidente Lula quer fazer mais do mesmo. No mundo das promessas e do espetáculo, onde vive, a transposição matará a sede do sertanejo. No mundo real, apenas 4% da água transposta serão destinados ao consumo humano, em uma área equivalente a 6% da região semi-árida. “É a última grande obra da indústria da seca e a primeira grande obra do hidronegócio. Uma falsa solução para um falso problema”, diz Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra.

Graças a gente como Cappio, Adriano e Malvezzi, o Semi-Árido nordestino experimenta uma lenta revolução cultural. Centenas de organizações sociais, apoiadas pela Igreja Católica e por outras igrejas, adotaram o conceito de convivência com a natureza e desenvolveram in loco cerca de quarenta técnicas inteligentes, baratas e eficientes para armazenar a água da chuva. Ela é suficiente – corresponde a quase 800 vezes o volume d’água da transposição –, mas cai concentrada em um curto período do ano.

Eles lutam por duas metas principais: “um milhão de cisternas” e “uma terra e duas águas”. Combinados, os dois projetos visam a proporcionar a cada família do Semi-Árido uma área de terra suficiente para viver com dignidade, uma fonte permanente de água para abastecimento humano e uma segunda fonte para a produção agropecuária, conforme a vocação de cada microrregião. As experiências já realizadas deram resultados magníficos.

Para oferecer isso à população sertaneja, é preciso realizar a reforma agrária e construir uma malha de aproximadamente 6,6 milhões de pequenas obras: duas cisternas no pé das casas, para consumo humano, uma usual e outra de segurança; mais 2,2 milhões de recipientes para reter água de uso agropecuário. No conjunto, é uma obra gigantesca, mas desconcentrada. A captação de água realizada assim, no pé da casa e na roça, já é também a distribuição dessa mesma água, o que desmonta uma das bases mais importantes do poder das oligarquias locais. Armazenada em locais fechados, ela não evapora. Este poderia ser um projeto mobilizador das energias da sociedade, emancipador das populações sertanejas, se tivesse um apoio decidido do governo federal.

A proposta tem respaldo técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), que realizou um minucioso diagnóstico hídrico de 1.356 municípios nordestinos, um brilhante trabalho. O foco é a região semi-árida, mas o diagnóstico inclui grandes centros urbanos, como Salvador, Recife e Fortaleza, abrangendo um universo de 44 milhões de pessoas. As obras propostas pela ANA, as igrejas e as entidades da sociedade civil resolvem a questão da segurança hídrica das populações. Estão orçadas em R$ 3,6 bilhões, a metade do custo inicial da transposição do São Francisco.

Isso não interessa ao agronegócio, um devorador de grandes volumes de água em monoculturas irrigadas, produtoras de frutas para exportação e de cana para fabricar etanol. É para ele e para alguns grupos industriais – grandes financiadores de campanhas eleitorais – que a transposição se destina, pois esses precisam de água concentrada. Ao sertanejo, cada vez mais, restará a opção de migrar ou se tornar bóia-fria.


Para deter a marcha da insensatez, frei Luís entrega a vida, o único bem que possui. Não lhe restou outra opção, pois o governo se esquivou do debate que prometeu. Preferiu apostar na política do fato consumado. Agora, a farsa só poderá prosseguir sobre o cadáver do bispo. O presidente Lula deixou claro que considera essa alternativa aceitável. Porém, antes desse desenlace terrível, o presidente deve meditar sobre as palavras de Paulo Maldos, do Conselho Indigenista Missionário, seu tradicional aliado: “Ao redor do gesto radical do bispo está se formando uma corrente de solidariedade, de apoios, de alianças, de identificação ética, política, social, ideológica, cujos contornos são facilmente identificáveis: trata-se dos movimentos sociais, políticos, pelos direitos humanos, pastorais sociais, personalidades da Igreja Católica, da política, da cultura, que, desde os anos 80, constituíram Lula como liderança de massa em nosso país. (...) Se dom Cappio vier a falecer, será o final dessa história. Não será dom Cappio apenas que morrerá. Morrerá a referência política de Lula e do Partido dos Trabalhadores na história dos movimentos sociais do Brasil. (...) A história da liderança popular de Lula será a história de um fracasso. A morte física de dom Cappio sinalizará a morte política de Lula.”

Suplico que o presidente abra o diálogo com rapidez, por generosidade ou por cálculo: frei Luís precisa viver.

César Benjamin é editor da Contraponto.

JESUS ALEGRIA DOS HOMENS

Estava a conferir minha conta no YouTube com os 116 vídeos improvisados que servem ao blog desde janeiro de 2006.

O mais visto é aquele do pianista Arthur Moreira Lima interpretando "Jesus Alegria dos Homens" durante a passagem por Rio Branco do projeto "Um piano pela estrada".
O trecho do concerto já foi exibido mais de 7,4 mil vezes.

O segundo mais visto é o vídeo de João Donato e Gilberto Gil cantando "Lugar Comum" e "A Paz", resultantes da parceria de ambos e que estão ligadas ao nosso querido Acre. O vídeo de Donato e Gil, gravado durante a inauguração da Usina de Arte João Donato, já foi visto 5,6 mil vezes.

Todas os vídeos resultam de gravações que faço questão de publicá-las sem edição. A maioria se torna marcante pela emoção do improviso. As músicas dos dois vídeos têm tudo a ver com o Natal que esperamos. Clique aqui para conferir a lista completa.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

LOS PORONGAS NA ZONA DE OBRAS

João Eduardo

Fala, Altino. Tudo certo? Por aqui, em Sampa, tudo tranquilo, mas naquela correria dos músicos de sempre. O Fernando Rosa (dono do Senhor F, nosso selo) nos mandou um press-release sobre algumas novidades dos Porongas na "gringa".

- Manda pro Altino - sugeriu de cara Fernando, que é leitor assíduo do blog.

Grande abraço e sucesso, sempre. Segue o texto.


"As bandas brasilera Los Porongas e Vanguart participam de coletânea da revista Zona de Obras, editada em Zaragoza, na Espanha, e Buenos Aires, na Argentina. A música escolhida dos Los Porongas foi 'Enquanto Uns Dormem' e do Vanguart 'Semáforo'. A revista, em sua edição de número 50, com a coletânea, em sexta edição, já dísponível na Espanha e pode ser comprada on line, no site da publicação.

Zona de Obras é uma revista especializada em atividades musicais e culturais em geral, com colaboradores em diversos países. Além disso, a mesma equipe editorial co-edita coleções de livros e integra a "Zona de Música", junto à cadeia Musimundo, na Argentina, e Freeway, no Uruguai Em sua edição de número 4, a coletânea 'Apuestas Sonoras' traz artistas e bandas de diversos países sulamericanos, além de Espanha, México e Itália.

Senhor F no exterior
Neste ano, os artistas do selo Senhor F Discos tiveram boa acolhida na mídia especializada estrangeira. O jornal El Clarin deu destaque para o segundo disco do Supeguidis, também presente na coletânea comemorativa dos dois anos do programa 'Operación Escuchar', da Rádio Nacional-Faro, de Buenos Aires. Los Porongas, por sua vez, ganhou positiva resenha na Rolling Stone argentina, assinada por Humphrey Inzillo. As duas bandas foram destaque em edição especial sobre a nova música do Brasil da revista Brazuca, editada em Paris, e voltada para a comunidade brasileira na França e Bélgica.

A pernambucana Volver, no início do ano, teve seu disco de estréia escolhido como "melhor álbum de power pop de 2006" por um dos mais respeitados sites espanhóis do gênero. Ainda, recentemente, o programa Plastico Elastico, produzido e apresentado por Pacopepe Gil, na Rádio Onda Madri, de Madri, apresentou edição especial com a quase totalidade dos lançamentos de Senhor F Virtual. O mesmo programa veicula semanalmente artistas do selo digital."

João Eduardo é guitarrista da banda acreana Los Porongas

domingo, 16 de dezembro de 2007

SANTA ROSA NO GOOGLE EARTH


O município de Santa Rosa do Purus, com 3,9 mil habitantes, na fronteira com o Peru, agora está visível no Google Earth. O único carro com placa de Santa Rosa circula em Rio Branco, a capital (veja aqui). Caso queira fazer turismo nessa invenção acreana, prepare-se para fretar avião ou barco para viagem que dura mais de uma semana, a partir de Sena Madureira, a cidade mais próxima. Eis as coordenadas para conhecer a localidade no Google Earth: 9°25'55.12"S 70°29'23.96"W. Mais informações, aqui ou aqui, no site do IBGE.

DO TAMANHO QUE O ACRE MERECE

Edvaldo Magalhães

O governo e o governador do Acre, Binho Marques (PT), vão fechando o ano muito bem. Ninguém duvida da capacidade gerencial dele e do governo.

Também já deu para ficar claro que o planejamento de governo é consistente, tem rumo e é motivo de segurança para os que aqui moram e daqui dependem.


Sem muito barulho, Binho vai conquistando corações e mentes. Está concentrado no planejamento estratégico que construiu com sua equipe e dele não arreda pé. Vai colhendo os primeiro frutos.

Os que apostavam num governo anêmico, desbotado, na base do feijão com arroz, bateram com o nariz na parede. A marca da inclusão social, a busca da universalização dos serviços básicos de qualidade para todos vai tomando forma e conteúdo.

Na infra-estrutura dá passos largos, desdobrando e acelerando a conclusão de obras importantes como a BR 364 e a 317.


Afoito e de certa forma agressivo na captação de recursos, Binho garantiu investimentos de grande monta para os próximos anos via BNDES, Banco Mundial e Caixa Econômica Federal. O fato é que o Governo Binho já se viabilizou.

Os próximos três anos serão de muito trabalho e grandes resultados. A discrição no fazer não pode e nem deve ser confundida com ausência de ousadia na perseguição das metas.

O governo Binho é um governo laborioso. Pra quem observa, com olhar mais atento, não terá dificuldades em enxergar o quanto se avançou neste primeiro ano. Aos mais retraídos, a surpresa vai tomando conta a cada obra inaugurada, a cada convênio assinado e a cada ato “descentralizador” anunciado.

Binho vai fazendo história a cada tempo. Seu governo está do tamanho que o Acre merece.

O deputado Edvaldo Magalhães (PC do B) é presidente da Assembléia Legislativa do Acre e blogueiro.

sábado, 15 de dezembro de 2007

A "CATIGORIA"

A "catigoria" dos jornalistas acreanos é algo ainda a ser estudado. Compareci às palestras de abertura e de encerramento da Semana de Comunicação, promovida pelo Sindicato dos Jornalistas do Acre (Acre).

Nas duas ocasiões constatei que jornalista era o que menos havia no auditório, embora a entidade tenha conseguido atrair profissionais de renome para o evento.

A participação da diretoria do Sinjac se reduziu ao fotógrafo Marcos Vicentti e às jornalistas Andréia Zílio e Janne Vasconcelos, que foram os que realmente trabalharam para viabilizar a Semana de Comunicação.

Sugeri ao trio que sirva comida e bebida no ciclo de palestras do evento do próximo ano. Para eventos assim, promovidos por empresas e políticos, os jornalistas acreanos acorrem prontamente às dezenas.

Hoje à noite, por exemplo, estarão todos no Imperador Galvez, basicamente por causa da comida e bebida servidas durante a solenidade do prêmio de jornalismo José Chalub Leite.

Por lá aparece até "gente" de fraque. Pergunte-lhes quantos livros leram durante o ano ou o que fizeram para ampliar a percepção da sociedade.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

DEIXEM O GERALDINHO EM PAZ

O governador Binho Marques (PT) e sua equipe não tiveram envolvimento na produção do noticiário dos jornais A Tribuna e Página 20, que atribuem hoje ao senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB) a subtração de R$ 416,8 milhões do Estado por ter votado contra a CPMF.

A questão envolve um antigo costume da imprensa acreana, que reproduz, sem a devida apuração, press-releases de assessorias de imprensa. Os dois diários publicaram, sem assinatura, o press-release que lhes foi enviado de Brasília pelo jornalista Romerito Aquino, da assessoria de imprensa do senador Tião Viana (PT).

É necessário assinalar a possibilidade de que a interpretação contida no material não tenha sequer a concordância do senador. Mas foi o suficiente para Geraldinho Mesquita reagir como vítima na tribuna do Senado com uma argumentação que dá a entender que o governo estadual está envolvido no que ele considera campanha difamatória contra o seu mandato.

A verdade é que o governador Binho Marques tem merecido o reconhecimento por cumprir até aqui a promessa de não interferir diretamente ou de não permitir que sua assessoria interfira nas redações dos veículos de comunicação em defesa de um noticiário bajulador, embora o governo estadual seja o principal anunciante da mídia local.

Três assessores de Binho Marques disseram que o governador encarou com naturalidade o fim da cobrança da CPMF, que poderá ter algum impacto em projetos sociais no Estado. Mas todos demonstraram espanto com a interpretação do jornalista que foi assumida pelos jornais.

Até o deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa do Acre, se disse chocado com o conteúdo do material e com a reação do senador na tribuna. Geraldinho era um ilustre desconhecido do eleitorado acreano. Debandou para a oposição após ser eleito pelo povo a pedido de Jorge Viana, Marina Silva e Tião Viana.

- Aprendi com minha mãe que a melhor maneira em casos assim é o desprezo - disse Magalhães.

De minha parte, o que não me falta é motivação para não redigir esta nota pretensamente reparadora. No final dos anos 70, minha família, por ser militante do então MDB e possuir um parente vereador pelo partido em Cruzeiro do Sul, foi implacavelmente perseguida pelo então governador biônico do Acre, Geraldo Gurgel de Mesquita, da Arena, pai de Geraldinho.

Como não podia fazer nada contra o vereador Jáder Machado, Mesquita transferiu meu pai e dois tios para Rio Branco, todos funcionários públicos. Um deles, que ainda está vivo, tem pavor de avião. Na ocasião, foi amarrado e embarcado à força pela família.

- Vocês são ingratos e querem me matar. Me tirem daqui. Não quero morrer - gritava o tio dentro do avião.

Pois bem, Geraldinho Mesquita é um cadáver político insepulto no Acre. Trazê-lo para as manchetes de jornais por ter votado contra a CPMF é um destempero tão medonho quanto foi chamá-lo de "Judas" quando abandonou a Frente Popular do Acre.

Deixem o Geraldinho em paz, para que apresente evidências de que querem imputá-lo o crime de pedofilia ou da existência de um dossiê contra ele.