quinta-feira, 29 de novembro de 2007

UMA NOITE DE TERROR


A família do líder indígena Joaquim Tashka Yawanawá viveu momentos de terror ontem, às 20 horas, quando a casa dele foi invadida por três homens armados, caracterizados como policiais. A mulher de Joaquim, os pais dele, de 80 anos, além de duas crianças, de três e sete anos, foram ameaçadas de morte e trancadas num dos quartos da casa durante um assalto.

A jovem Débora Yawanawá, sobrinha dele, conseguiu esconder-se quando os homens chegaram e anunciaram o assalto, e usou o telefone celular para avisar Tashka. Ele estava no centro da cidade, acionou o 190 e imediatamente começou a voltar para casa no seu automóvel.

No Parque da Maternidade, encontrou quatro policiais militares, parou para lhes pedir ajuda, mas os policiais se recusaram sob a alegação de não poderiam se ausentar do local.

Ao chegar em casa, Tashka encontrou um "policial" no portão, que foi logo perguntando se o mesmo estava armado. Ao negar, teve uma arma apontada para a cabeça e a chave do carro arrancada da mão.

Os três bandidos usavam camisetas pretas, coturnos e coletes a prova de bala. Dois estavam encapuzados. O que estava na frente da casa chamou os demais bandidos. Com a arma encostada na cabeça do líder indígena, recomendou que não ousasse chamar a polícia.

Levaram o carro, dois notebooks Apple, um Ipod, uma câmera fotográfica Panasonic, um modem, um roteador e uma câmera de filmagem Sony, mas disseram que queriam mesmo era dinheiro.

- Existe uma falha enorme. Que polícia é essa que não socorre um cidadão numa situação como a que vivi? A polícia chegou 20 minutos após a saída dos bandidos. Se os quatro policiais a quem pedi socorro tivessem me atendido, teriam encontrado os bandidos na minha casa. Além disso, demorei a fazer o boletim de ocorrência. Tive que percorrer três delegacias e todas estavam com a rede de computadores fora do ar. Papai, que veio da aldeia para tratamento de sáude, no começo pensava que aquilo era uma brincadeira. Está desde ontem sem conseguir dormir - relata Tashka.

O carro dele foi encontrado ainda ontem a noite, pois os bandidos tiveram que abandoná-lo numa estrada próxima quando a gasolina acabou.

Indulto e fuga
A insegurança deverá se agravar neste final de ano no Acre, quando a Justiça costuma conceder indulto de Natal aos bandidos supostamente bem comportados. Trata-se de uma gente que não nutre qualquer sentimento cristão, mas que todos os anos se aproveita para barbarizar famílias em festa.

No site AC 24 Horas, o juiz da Vara de Execuções Penais de Cruzeiro do Sul, Fábio Costa Gonzaga, já anuncia que aproximadamente 90 presos que cumprem pena em regime semi-aberto terão o direito de comemorar o Natal e o ano novo com a família. A Justiça deveria escalonar o presente à bandidagem no decorrer de cada ano.

Nem convém lembrar os casos de presos que têm conseguido fugir nos últimos dias do presídio de "segurança máxima" do Acre. Quero ver se Hildebrando Pascoal vai conseguir escapar também e cumprir a promessa de acertar as contas com algumas personalidades.

8 comentários:

Anônimo disse...

A onda de violência é reflexo da falta de pessoas capacitadas a dirigir a secretaria de segurança pública do Acre. Alguém já viu a "cúpula" em alguma blitz como nos tempos do Del. Valter Prado? Quantas vezes o secretário reuniu-se com os agentes?
O argumento é sempre a falta de estrutura, viaturas etc... Já viram quantos carrinhos coloridos da polícia estão desfilando estes dias (comprados na Recol é claro para não perder o costume.)?
Quanto as recentes fugas, é fruto da "humanização" promovida pela Senhora importada do Paraná para gerir o sistema penitenciário.A dita senhora acha nossos presídios um lixo, defende um tratamento VIP para os presos, tipo hotel cinco estrelas. Acho que passeios externos estão incluídos no pacote.

Cidadão indignado com a falta de política de segurança pública.

. disse...

"Levaram o carro, dois notebooks Apple, um Ipod, uma câmera fotográfica Panasonic, um modem, um roteador e uma câmera de filmagem Sony" ... realmente faz muito tempo que indio nao quer mais apito... é a florestania e suas revoluções

Anônimo disse...

Altino publica ai o comentário que fiz e vc censurou, por favor. Foi o primeiro e você não publicou.

O indio é seu amigo é isso? Ou eu estou errada?

Anônimo disse...

Quer dizer que índio não quer mais apito? É Leandrius? Dá uma volta pelado, numa dessas aldeias...

ALTINO MACHADO disse...

Censurei, sim. Achou ruim, registra queixa na "poliça". É meu amigo, sim. Mas não é covarde como você e sua lógica intolerante e canhestra.

Anônimo disse...

Altino, cheguei ao seu blog através do Wilson Rezende. Quero comentar sobre a forma como vi aqui retratada a questão da segurança pública. A sociedade precisa lançar um olhar mais reflexivo sobre as prisões. Enganam-se os que pensam (a maioria)que os presídios estão cheios de "bandidos". Ao contrário, a grande maioria da nossa população carcerária é composta de autores de delitos sem violência e há um enorme abuso da pena de prisão. E isso sim, gera violência e "bandidos" porque as nossas prisões são a universidade do crime. Prende-se um adolescente, um jovem por qualquer delito como uma briga, um furto qualquer, por uso de droga (que todos estão sujeitos) e, com isso, essa pessoa fica estigmatizada, dificilmente retomará o rumo da sua vida, e acaba sendo arrastado para o mundo do crime. Portanto, a violência e a insegurança pública vêm do próprio estado com seu lastimável sistema penal. Prisão deveria ser só para criminosos violentos, assassinos, pessoas realmente perigosas. E, por incrível que pareça, esses são os que menos vão para a prisão. Tenho um blog que trato deste tema, se quiser conhecer: http://jornalrecomeco.blogspot.com/

Unknown disse...

Diante de uma violência que pôs em risco a vida de mulheres e crianças, um
comentário como o de Leandrius é, simplesmente, revoltante. Para ele aos índios - por
inclusão devem estar os pobres - não cabe aspirar o que, para esses representantes da
classe conservadora, lhes pertence por serem os donos do dinheiro. Assim
mesmo, as coisas são simples e diretas na cabeça de tais personagens. Como
se pode chegar a tal nível de insensibilidade diante das questões da sociedade? Como podem interesses mesquinhos se expressarem de forma tão simples, calma e fácil? Mas é assim, mesmo, nenhum sentimento de
solidariedade pode vir de tais pessoas dado se julgarem diferentes, superiores, afinal, devem pensar, são donas da riqueza.

Pobres coitados. "Faz de conta que nada mudará."

. disse...

João, nao me considero superior, nem melhor nem nada disso.... apenas acho que lugar de indio e na aldeia... simplesmente isso