segunda-feira, 27 de agosto de 2007

RESPIRANDO, ÀS VEZES

Antônio Alves

A secura de agosto mode a dos piores, com sol vermelho e lua amarela de fumaça. Tudo quente: a água, por sinal mui pouca, a terra de rachar a sola e o vento que sopra confuso pra toda banda. Viver difícil em tudo, começando pelo respirar, essa sufocação. E o doençal se espalhando, pegando velho e moço, e sem pena de criança.

Querem política? Pois eu faço o desagrado, que nasci com o direito de dizer o que penso: a Frente Popular é a fumaça do verão da política, por essas bandas. Trágica ironia, formou-se para vingar o povo, a sociedade, o movimento social. Para abrir todas as portas e janelas da democracia, debater tudo às claras, garantir a voz de todos. Agora controla tudo com avareza. Na imprensa, nas prefeituras, no Ministério Público, na Assembléia, no Tribunal, nos sindicatos, na associação dos jogadores de peteca, no raio que o parta, em qualquer lugar que tiver uma eleição, uma pergunta, uma escolha, logo aparece o comitê de controle para fazer a operação-abafa.

No governo tem aqueles que fazem o que podem e os outros, que fazem o que mandam. Trinta e tantos mil funcionários ocupados em fazer qualquer coisa todos os dias e receber qualquer coisa no fim do mês. Atendem o público no balcão e os líderes no sofá. Lá fora fica a oposição. Uma direita ressentida como sempre e mais desmoralizada do que nunca. Uma meia dúzia de três ou quatro empatadores de esquerda, gritando palavras gastas. Uns armados de faca, outros de baladeira, investem furiosamente contra a fumaça e saem tossindo sua derrota.

O verão vai passar, em algumas semanas, quando chegarem as chuvas da redenção. A estiagem da política será mais longa, mas talvez as ambições em conflito provoquem um racha na Frente Popular em um dia não muito distante. No mais, como dizem os velhos chavões, o futuro a Deus pertence e a longo prazo todos estaremos mortos.

Nesse ente, ao contrário do que dizem as canções, vou para onde tenha cuva ou coisa parecida. Daqui a uns dias viajarei nas águas poucas do Juruá para conhecer a escola ashaninka na boca do Amônia e rever os amigos contanauas no Tejo. Respirarei a fumaça abrandada pela floresta.

Pensarei.

Antônio Alves é da assessoria do governador Binho Marques. Escreve de quando em vez no blog O Espírito da Coisa.

7 comentários:

Anônimo disse...

Chuveu, Toinho! Que coisa boa cheiro de terra molhada, essa chuva é a mais valorizada de todas, depois de dias e dias secos,chuveu!Essa tarde chuveu chuva, com direito a trovoadas e vento frio.O Acre sem chuva é feio, muito feio e sem futuro. Boa água, bênção divina! Estou feliz como um nordestino que fugiu da tirana seca em 1887 e encontra a salvação em terras distantes e molhadas. porém confesso que durante esses dias sem chuva achei que a tirana seca tinha me alcançado outra vez. Chuveu!

Anônimo disse...

Este tipo de texto que escreve este Senhor, Toinho, não traz nada proveitoso. É uma mistura de alguem que quer escrever algo mas não sabe escrever e nem sabe o que escrever. É meio romântico e ao mesmo tempo quer ser agressivo.

Dá até vontade de rir, Toinho.

Abraços.

Anônimo disse...

Toinho, vc está certo. Mas a sociedade tem que amadurecer junto. Caso contrário a barbárie pode voltar. Claro que o quadro político atual é muito favorável à esquerda. Várias lideranças estão muito bem consolidadas. No entanto eu também acho que a promiscuidade alimentada pela gestão com a finalidade de sufocar o contrário não é bom para ninguém. O problema é que a política virou negócio, perdeu o sentido de debate programático ou ideológico. PS -Vai ter revanche de xadrez?

Anônimo disse...

Toim do Vieira!
Tomara que um anjo bom faça teu batelão errar o caminho e subir o MOA no rumo da Contamana. Mais acima,bem mais acima, depois de umas árvores daquelas grandes, que o Altino fotografou lá prás bandas do Pará, pega a esquerda e sobe o Rio Azul até a cabeceira.
Vais pensar melhor e, quem sabe, proporcionar o tal racha tão esperado, para que fujamos dessa unanimidade.

Anônimo disse...

O urubu caga bolacha, mas a frente não racha tão cedo.O Petecão tá ensaiando uma candidatura à prefeito de Rio Branco,Fernando Melo tem namoro secreto com o PMDB, que chora um olho e remela o outro para tê-lo como candidato. A dobradinha Jacaré X Petecão pode se desfazer. O jogo é para "profissa" e a turma do JV é forte. O pau quebra mas não racha. Agora, quem plantou vento que colha tempestede...

Anônimo disse...

Será que o Petecão acredita que teve aquela quantidade de votos, que sem o esquema "caminhão-pipa" ele terá como obter toda aquela votação$$$. Incomoda o patrulhamento do governo da FPA, mas só em imaginar PMDB de novo, praças pintadas de azul, rotatória mal-feita inuagurada coim banda de música: Arghhhhhhh, dá vontade de votimar.
Enfim, se correr o bicho pega se ficar o bicho come.

Anônimo disse...

O abuso do azul camitério de fato era mesmo mutio feio, porém o vermelho nos uniformes e alguns prédios, também. O azul e o vermelho são as cores mais fortes, é só não largar a mão na tinta.Pensando bem...é melhor deixar o bicho comer, pois assim não se tem a canseira da corrida , como diz a Ministra: relaxa e goza!