quarta-feira, 22 de agosto de 2007

EFRÉM RIBEIRO, DIRETO DO PIAUÍ


Ele foi um dos repórteres mais prestigiados da Folha de S. Paulo durante os anos que passou como correspondente do jornal em Manaus. Tive oportunidade de participar de algumas coberturas na Amazônia com a presença dele, quando trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo.

Efrém tratava as pessoas de “senhor” ou “senhora” e tinha verdadeira obsessão por driblar a segurança de qualquer autoridade. Foi assim no Hotel Tropical, em Manaus, com o então presidente Fernando Collor de Mello. Naquele dia, a equipe da Folha que participava da cobertura estava sem "lead".

O repórter driblou a segurança e seguiu o presidente durante o cooper. Aproximou-se dele e o tratou por “você” ao fazer uma pergunta. Collor respondeu:

- Você é a puta que pariu. Eu sou presidente República. Vou estourar a boca do balão.


O ex-ministro Rogério Magri carrega até hoje um processo por corrupção passiva por causa de gravação na qual teria admitido o recebimento de US$ 30 mil para liberar verbas para o Canal da Maternidade, no Acre, sob a responsabilidade da Construtora Norberto Odebrecht, a mesma que anda promovendo eventos por aqui na atualidade.

Magri viajou para a Europa e foi visto passeando por lá com duas loiras. Irmãs de um fazendeiro paulista residente em Rio Branco, as duas mulheres vieram da Europa para cá tentando se esconder do assédio da imprensa.

A Folha mandou Efrém Ribeiro vir de Manaus para tentar entrevistá-las e eu o acompanhei até o escritório do pecuarista. Outro fazendeiro se irritou com as perguntas do Efrém, expulsou-o da entrada do escritório e começou a espancá-lo na rua. Tive que aplicar uma paulada no fazendeiro para que largasse o colega.


Noutra ocasião, conseguimos encontrar o saudoso governador Edmundo Pinto, que disse que não falaria mais comigo porque eu estava sendo muito cruel com críticas à gestão dele. Pinto uniu a ponta dos dedos indicadores e pediu-me para que os apartasse. Eu o atendi e quando o governador deu as costas, Efrém comentou com a mão no queixo:

- O senhor é doido, seu Altino. Ficou de mal com o governador.

Sob temperatura de 40 graus, Efrém Ribeiro andava nas ruas de Manaus ou de Rio Branco de blazer de cores berrantes (verde, laranja ou amarelo), calça sempre preta e camisa com gola de bispo, fechada até o ultimo botão. Certa vez perguntei se não gostava de mulher.

- Seu Altino, a minha noiva é o jornalismo. Eu não consigo pensar em sexo.


Foi muito divertido encontrar no blog "Diário de um juiz", de Carlos Zamith Júnior, um vídeo com essa figuraça polêmica e famosa nas redações do país. Quem conviveu com ele tem sempre alguma história para contar. Veja o que diz Zamith a respeito do vídeo a seguir:

- Efrém é um pouco gago e conta suas fofocas de um jeito todo peculiar (assista o vídeo que você vai entender o “peculiar”). Agora, por favor, assista-o até o final, para ver ele relatar o flagrante de um delegado de polícia cometendo... Não, não vou contar. Assista. Impagável.

18 comentários:

Silvana disse...

Altino,
Acordei que legal ver a foto dos meus avós e papai no teu blog...Desde menina eu via essa foto na parede da casa da minha tia Amazonas e nessa época não entendia o significado histórico dela. Beijos.

Anônimo disse...

Ele é ma-ra-vi-lho-so, teu amigo jornalista, Altino que gás, hein? Quanto energia meu Deus e como ele me fez rir(!!!!) acho que ele do meu lado não ia ter tempo pra "depressão"...

Eduardo Gomes disse...

Caro Altino,

O Efrém tem centenas de histórias engraçadas como as que VC relatou. Uma delas ocorreu na década de 90. Estávamos cobrindo o ataque ao posto do Exército no rio Traíra na cidade de Tabatinga, fronteira do Brasil com a Colômbia, quando foram mortos três soldados, além de outros feridos. À época o comandante do CMA era o general Santa Cruz Abreu. Toda a mídia nacional estava na cidade e eu, pelo jornal Amazonas em Tempo, o único a cobrir os fatos.
Nos dias subsequentes ao fato, o general e seu chefe do Estado maior, Taumaturgo Sotero Vaz, decidiu levar a imprensa até o local onde ocorreu o ataque. Fomos levados até Vila Bittencourt, onde um pequeno grupo foi escolhido para ir até o posto no Rio Traíra.
No retorno fomos colocados em uma roda cercada por militares na pista do pouso de Bitencourt. O general Santa Cruz fez uma preleção nos advertindo sobre veiculação de informações, antes das investigações.
Ao retornarmos para Tabatainga, Efrém no afã de dar um furo, usa o telefone público do aeroporto e aos berros (a ligação era péssima) passa a seguinte informação: que um dos integrantes do grupo era uma mulher que havia atirado no tenente comandante do posto. Só que o local estava coalhado de militares da inteligência à paisana que ouviram o relato de Efrém. O fato foi comunicado ao comandante do 8o. BIS (cujo nome não me recorso) que, imediatamente foi à caça do Efrém, tomando-lhe o bloco de anotações, dando-lhe um esporro daqueles.
Pois bem. Não é que no dia seguinte o Efrém foi até ao quartel para pedir a devolução do bloco. "O senhor pode me devolver o bloco, tirando apenas as folhas usadas", teria dito.
Não precisa dizer que ele foi literalmente enxotado do gabinete do comandante irado em meio a xingamentos. A partir deste fato os milicos se fecharam para imprensa, acabando com o pseudo clima amistoso.

Anônimo disse...

Ó Silvana, tá de mal comigo? Concordo com você. Com um Efrém do lado, não há lugar para depressão.
Olha, me diz como faço para mandar teu livro. Aliás, nem sei se você ainda lembra de mim!!!!! rs
Perdi meu arquivo e o e-mail de vários amigos. Manda teu endereço e Suindara chegará voando aí nas terras da Rainha.
Um beijo grande.
Leila Jalul

Anônimo disse...

Altino essa pessoa é uma figuraça, imagino como deve ser legal a companhia de um cara tão alto astral né...até mais!

Anônimo disse...

Altino, eu era repórter do jornal Zero Hora e estava na ocasião em que o então presidente Collor reagiu à pergunta do Efrém. A frase é "você é o cacete". Lembro nitidamente porque o Collor tinha mania de fazer aquele gesto com a mão fechada e os dedos apertados, balançando o braço para cima. O Efrém é um fenômeno do jornalismo brasileiro. Ele é um repórter nato, é o tipo de profissional que tem faro, e isso não se aprende em universidade. E você, um verdadeiro radar do que acontece na Amazônia, não fica atrás. A diferença é que o seu método de apuração é um pouco mais rebuscado. Acho que são os ares, as frutas, as águas da Amazônia. um beijo com saudade. Ivone Belem

Anônimo disse...

Altino
Pelo amor de Deus, sou super-fã da Leila, ter um livro dela na minha possesão será um deleite!!!!!!!!!! Viu dona Leila? Estive FORA DO AR pois terminava Universidade e depois fui de f´rias (!) Verdade. Cheguei essa semana com toda a corda... Um grande beijos pra Leila e pra vc Altino... que figura o Efrém, olha vai virar lenda... Beijos

Anônimo disse...

Muito bom to rindo até agora.
E tão bom saber que vocês foram loucos normais.
Doidos e loucos e normais para jornalistas.
Que estão sempre querendo driblar a segurança.
Efrém talvez por já te driblado a segurança esqueceu de tratá-lo de senhor não foi mal educado , mais como o homem era presidente ficou uma fera.
O outro critico ao governo acabou com a amizade e ainda teve que ser valente pra defender o amigo das garras de cruéis fazendeiros daquela época.
Parabéns Altin.

Anônimo disse...

Ivone Belém, esse blog parece uma trama!
Menina,até você conheceu o Efrém?
Olha, pergunta para o João Donato sobre a caganeira que ele teve na minha casa, na beira do lago. Ele há de lembrar. Estavam ele, o povo da rua e o projeto Pixinguinha. De tanto comer cupú, ele teve uma desinteria de lascar. Depois chegou o Kid Morengueira.
Tinha jurado à minha mãe, por toda a vida, não me meter em mais nenhuma trapalhada.................
...................................
E ao terminar mais este filme americano, como Holyhood está meio desminlinguida, vou trabalhar para o cinema americano,prá descansar eu vou filçmar la dulce vita ,,,
Não filma agora que a censura não quer cena proibida..............................................................

Eu levei o João para, no lago do Amapá, ver a casa que ele viveu na infância. Foi um dia feliz.
Os pais de João são padrinhos de minha mãe. Eram desbravadores do Acre, tanto quanto João é desbravador da poesia brasileira. E da música, claro!
Até um dia, até talvez, até quem sabe. Vou me perder, vou te perder pela cidade, até um dia, até talvez, até quem sabe.
O resto eu não conto. Só numa noite de luar sem lua. Aí eu escancaro.
João é mil.
Ivone, você é l0.000.
Tenha-me na sua lista de amigos.
Você e joão estão em mim. Tipo sarna boa.
Um beijão da Leila Jalul

Anônimo disse...

Efrém,lá do Piauí Estado atualmente governador pelo PT, como todo nordestino é gozador, acho que deve ter surgido lá pelas bandas do Piauí a expressão: "Nois sofre, mas nois goza".

Anônimo disse...

Altino, é muito curioso esse seu post. Eu que vim morar em Manaus uns anos depois do Efrém, trabalhando para a mesma Folha, ouvi muitas histórias a respeito dele, mas nunca o tinha visto. Eu aposto que quando você veio, depois de mim, também ouviu. Parte do anedotário local.

Abração.

Anônimo disse...

Olha, tá certo que de perto ninguém é normal, mas o cara é realmente único. Tô pra ver coisa mais naturalmente espontânea, desengonçada e hilária na vida. E o vídeo chega a ser cult de tão kitsch. Sem falar na vontade que dá de conhecer a figura de perto.

Cartunista Braga disse...

Esse Efrém é um sábio:
"Petista que não tem uma Hylux, não é um petista bem sucedido!"

Anônimo disse...

Braga, o Efrém e da terra do "Cabeça de Cuia",o Crispim, que matou a mãe com uma ossada de boi, ao voltar de uma pescaria mal sucedida,com fome,perguntou à mãe o que tinha prá comer.Ela respondeu: Somente esse osso,Crispim enfurecido bate com o osso na mãe causando-lhe a morte. Você conhce a lenda? Pois é, lá em Teresina tem um enorme monumento ao Cabeça de Cuia,às margens do rio Parnaíba, onde foi encantado e amaldiçoado pela mãe na agonia da morte, e para desencantar tem que comer sete virgens.Essa lenda tipicamente nordestina, retrata o horror da fome.O lado humorístico do povo, porém diz que Crispim jamis sairá da maldição, pois escassez de virgens tá grande no Piauí. Tem também o machismo nordestino presente na piada.Você com cerense e vizinho de Teresina já deve conhcer essa história.

Cartunista Braga disse...

Se conheço! Afinal, morei no Piauí, um ano antes de desabar para o Acre. Numa terra gostosíssima chamada Bom Jesus do Gurguéia, onde tem os famosos poços de água quente que jorram naturalmente pela força da natureza. É algo de encher os olhos e o coração de tão bonito que é.

Cartunista Braga disse...

Poço Jorrante mais antigo que jorra a cerca de 60 metros, em Cristino Castro, cidade próxima a Bom Jesus do Gurguéia, onde morei no Piauí.
http://culturadopiaui.vilabol.uol.com.br/pocos.htm

Anônimo disse...

Até tu, Braga?
Tiveste o privilégio de conhecer o Efrém? Te invejo.
João Luiís - Manaus-AM

Anônimo disse...

O Braga conheceu até o Crispim, quanto mais o Efrém! Dizem os cabras machos de Teresina que no Piauí nem o vento é fresco!Porém tem poço jorrante que jorra cerca de 60 metros e é muito bonito de ver.