quinta-feira, 19 de julho de 2007

BÓIAS-FRIAS DA "FLORESTANIA"


ONU já prepara ataques ao etanol

Jamil Chade


A 'diplomacia do etanol' do Brasil sofrerá um duro ataque na Assembléia-Geral da ONU. O Estado apurou que um relatório será apresentado aos mais de 190 membros em setembro em Nova York, alertando para o risco de que o crescimento da produção de etanol acabe agravando a situação da fome no mundo. O autor do documento é o suíço Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação. Essa será a primeira vez que um relatório sobre o assunto será apresentado à Assembléia-Geral.

Apesar de não ter o peso de uma resolução, o documento poderá ser seguido por pedidos de estudo mais aprofundado sobre o etanol antes que seja usado como opção sustentável.

Há cerca de um mês, o governo cubano sugeriu à Organização Internacional do Trabalho (OIT) que um grupo de trabalho fosse criado para investigar a situação dos bóias-frias que trabalham em canaviais no Brasil. O governo brasileiro se apressou a reparar os estragos diplomáticos causados pela sugestão de Cuba e fez uma reunião de emergência com embaixadores e ministros de Havana na sede da ONU para tentar impedir que a idéia fosse adiante.

Já Ziegler irá se concentrar no impacto sobre a fome. O documento apresenta como seu argumento principal o fato de que o uso de terras para a produção de combustível já está tendo um impacto direto nos preços dos alimentos.

Em muitos mercados, o milho dobrou de preço por causa da produção de etanol. Ziegler, que já visitou o Brasil em missões oficiais, alerta que o problema não é apenas gerado com o etanol americano, feito a partir do milho. Para ele, o etanol de cana-de-acúcar também gera efeitos 'perversos', já que ocupa terras que poderiam ser usadas para outros cultivos.

Jamil Chade é repórter do jornal O Estado de S. Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Altino:

Peça etnográfica de impacto assustador!
Heranças do "Governo da Floresta": i) conversão de áreas extrativistas em pasto pra gado (consequência da estratégia tecnológica de apostar no famigerado manejo florestal (madeireiro) "comunitário" e ii) canaviais pra alimentar os flex chineses.

Cenário futuro: paisagem rasteira sem pista de pouso pra passarinho!

Lamentável...

Alexandre