quarta-feira, 23 de maio de 2007

PROTESTO HUNI KUIN

Nota sobre saúde do povo indígena huni kuin (kaxinawá) no município do Jordão

"Nós Huni Kuin das três terras indígenas (Alto Jordão, Baixo Jordão e Seringal Independência), no Rio Tarauacá, estamos todos indignados com a situação da forma como a equipe da FUNASA atende o nosso povo Huni Kui.

Aqui no Jordão, atendimento é muito ruim, as pessoas que trabalham no Pólo Base de Jordão não estão cuidando do seu trabalho e desviado de suas funções, para brincar com nosso povo e nossa saúde.

E muitos do nosso povo estão morrendo de várias doenças, como Malária, Febre amarela, tifóide, viroses, desnutrição infantil, picada de cobra, complicação de partos, etc.

Desde ano passado até este ano morreram mais de 20 Huni Kuin, sem contar os anos retrasados.

Por isso, não queremos mais a saúde do nosso povo nas mãos de pessoas que não têm responsabilidade ou mesmo sem respeito pelo nosso povo Huni Kuin.

O exemplo dessa falta de responsabilidade: ao invés de discutir ou planejar como atender melhor o nossa povo, estão discutindo quem vai assumir a coordenação do órgão, definir quanto vai ganhar salário para comprar um carro novo ou até fazer uma viagem sem necessidade alguma.

A irresponsabilidade dos coordenadores do órgão, o recurso que é para saúde indígena está sendo guardado para apoiar política, corruptor, isso é um crime.

Enquanto isso, o nosso povo morrendo.

No setor de saúde, os recursos aumentaram e a qualidade do atendimento piorou e muito. Os casos de morte, por doenças evitáveis, se multiplicam nos últimos dois anos.

Muitas coisas foram mal feitas nos últimos anos. As recomendações do nosso povo não foram atendidas nem sequer ouvidas. Essa é a realidade aqui no Município de Jordão. Não só no Jordão, também está acontecendo em todo o Estado do Acre com os povos indígenas.

Por isso estamos cancelando a partir de agora o convênio com a FUNASA, aqui no Pólo Base do Jordão. Estamos fechando o Pólo Base até que as pessoas competentes venham resolver o problema do Pólo Base. Já pedimos muito e até agora ninguém veio. Não queremos mais meninos que brincam com a nossa saúde ou com nosso povo.

A ações de saúde pública indígena devem ser completamente revistas, nos âmbitos municipal, estadual e federal, com extrema urgência: Convênio/Funasa e Conselhos Municipais de Saúde.

Mas, nós continuamos lutando contra a impunidade, a corrupção e a falta de responsabilidade.

Daqui para frente queremos aliados verdadeiros. Quem quiser se juntar é de coração e não para aproveitar apenas a imagem e tirar partido disso.

O caminho de hoje é para melhor. O momento é importante, devemos todos trabalhar com qualidade e responsabilidade nas ações do movimento social. Vamos botar as palavras na prática.

Esse é o tempo da geração da política brasileira: quem está se organizado vai lutar até o fim para sobreviver. Para não se criarem mal entendidos no futuro, estamos afinando a música para seguir para frente e não para trás, como caranguejo. Vamos todos no rumo do poente do sol para conquistar o nosso direito.

O direito de mudar para melhor e não de esperar que mintam para nós. Queremos viver apenas com igualdade, dignidade e liberdade. São direitos humanos universais e básicos. Queremos também garantir o nosso maior tesouro: nossa cultura da floresta, nossos desenhos, nossas terras, nossa natureza. Essa é a verdade da gente. Não queremos ser clones de nós mesmos.

Só assim, daremos valor a nossa continuidade como pessoas da floresta, respeitando e sendo respeitados com liberdade e igualdade, da forma como somos".

Assinado pelas lideranças Huni Kuin.

Adauto Barbosa Huni Kuin.
Sabino Huni Kuin
Nilo Pereira Huni Kuin
Ibã Huni Kuin
João Sales Huni Kuin
Sálvio Alves Barbosa Huni Kuin
Iran Pinheiro Huni Kuin
Pedro Barbosa Huni Kuin
Vigulino Pinheiro Huni Kuin
Elias Paulino Huni Kuin
José Osair Siã Huni Kuin
Fabiano Maia Huni Kuin
Ozélia Sales Huni Kuin

2 comentários:

ALTINO MACHADO disse...

Comentário enviado pela Fátima Almeida:

- Procurem a Perpétua Almeida, pois ela é quem contrata e demite para cargos de confiança na Funasa. Bem melhor nomear "o dono dos porcos", ou seja, responsabilizar quem deve ser de fato responsabilizado. E esperar o pronunciamento dela, de preferência no blog, onde ela, inclusive, já se pronunciou sobre outro fato.

Anônimo disse...

Sou solidária ao povo do Jordão quando eles dizem que a saúde pública deve ser revista: é fato que os recursos aumentaram, numa rápida consulta em www.fns.saude.gov.br/sultadafundoafundo.asp pode-se constatar, por exemplo, que a Prefeitura de Rio Branco recebeu em 2006 mais de 1 milhão, exatos R$1.090,450,00; em 2007 já reberam quase meio milhão somente nos 5 primeiros meses (435,000,00), fora a verba da FUNDHACRE), para prestar atendimento diferenciado aos indígenas que se deslocam para cidade que totalizou R$ 516.000,00 e neste ano 172.000,00. Em Jordão (de onde vem o protestos) os recursos em 2006 chegou ao montante de 903.600,00 e 336.000, em 2007. Assis BRasil o montante foi de 1.007.100,00; em 2007 já chegou a 361.600,00, sem contar com a verba destinada ao hospital de Assis BRasil em 2006 que foi de 72.000,00 e agora em 2007 já receberam 24.000,00
Tarauacá recebeu 902.250,00 e em 2007 335.000,00 sendo que o hospital de Tarauacá em 2006 recebeu 94.524,00 e 31.508 em 2007. Vale ressaltar que a esse montante se somam os recusos que a FUNASA recebe para atender a remoção de pacientes das aldeiais, adquirir medicmentos, combustível, dentre outros insumos.
Dos 22 municípios do Acre, 13 recebem incentivos para atendimento aos povos indígenas, que não são poucos, estes municípios citados é um exemplo. A julgar pelos indicadores de óbitos indígenas, que permanecem altos, não podemos afirmar que o atendimento tem sido diretamente proporcional ao montante de recursos repassados pelo governo federal. Não se conseguiu alterar o quadro de mortalidade e morbidade.
Na verdade, faltam gestores comprometidos, com conhecimento de causa,que façam uma administração voltada às necessidades de saúde indígena, ingerencia política em excesso, Urge que sejam tomadas medidas que minimamente possam melhorar a qualidade de vida destes povos que são merecedores de atenção, e isso não é nenhum favor nem bondade, é direito fundamental expresso em nossa Lei maior do País