sábado, 24 de março de 2007

A VELHA DIREITA DO ACRE


Na edição de ontem, o jornal A Tribuna anunciou que defendia a qualquer custo a prospecção de petróleo e gás no Acre, mas que daria espaço para o debate envolvendo quem se preocupa com os impactos socioambientais.

O jornal nunca foi de promover debate, mas sabe fazer ataques pessoais contra quem ousa questionar o projeto para o qual o senador Tião Viana (PT) conseguiu aprovar emenda ao Orçamento Geral da União no valor de R$ 75 milhões.

É condenável que os ataques estejam sendo feitos para agradar ao senador e estimulá-lo a pleitear junto ao governador Binho Marques (PT) um tratamento diferenciado para o jornal no rateio da verba destinada à mídia.

Na edição de ontem, o jornal O Globo (não foi a coluna do Noblat) destacou a foto acima. A reação do editorial da Tribuna, por por causa do destaque dado ao Benki no jornal carioca, é desmedida.

Chega a afirmar que o líder indígena, que é irmão de Francisco Piantha, assessor especial do governador, "não passa de um elegante animal exótico para ser mostrado por moderninhos de plantão".


Está se cristalizando no Acre, em torno da defesa da prospecção de gás e petróleo, um movimento de direita bem ao estilo tacanho daquele que alardeava na imprensa local que Chico Mendes e seus aliados formavam um bando de vagabundos contra o desenvolvimento regional.

Foi assim quando o líder sindical e ecologista Chico Mendes andava no Acre com a atriz Lucélia Santos ou recebia diariamente personalidades do Brasil e do exterior dispostas a reforçar a luta dos seringueiros em defesa das florestas.

Foi assim quando Chico Mendes viajou sozinho até Miami, para encontrar o antropólogo americano Steve Schwartzman e o cineasta inglês Adrian Cowell, e de lá seguiram até Washington.

Chico Mendes foi exigir do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que cumprisse o acordo assinado com o Brasil, que previa a implantação do Plano de Proteção do Meio Ambiente e das Comunidades Indígenas (PMACI).

O seringueiro voltou ao Brasil cobrando do governo que executasse o acordo assinado com o BID, cuja cópia ele pegou em Washington.

Foi assim, ainda, quando Chico Mendes ganhou o prêmio Global 500, da ONU, e Mary Allegretti indicou Marco Antonio Salgado Mendes para acompanhá-lo na solenidade em Nova Iorque.

É verdadeira a máxima de que a história se repete como farsa.

Reproduzo metade das notas de opinião do jornal:

Petróleo e índios
Os Ashaninkas se manifestaram contra a exploração de petróleo no Acre, mas seu cacique, Benki, está com outras preocupações maiores: circula no eixo Rio-São Paulo-Brasília acompanhado da atriz global Letícia Spiller, debatendo em ciclos sobre a água. O avião em que viaja deve ser movido a essências amazônicas, já que ele é tão contra o petróleo.

Global
O cacique virou o xodó dos atores globais com a gravação da minissérie, o que, até agora, não rendeu um tostão para sua aldeia, que reclama de atendimento médico e atenção. Padre Paulino revelou que é crítica a situação dos ashaninkas em sena Madureira (sic). Para o cacique, que está todo lampeiro e sorridente na coluna do jornalista Ricardo Noblat, no Globo de ontem, tudo corre muito bem, obrigado.

Lobby
São por coisas como essas que cansa um pouco esse lobby ambiental contra qualquer coisa que cheire e progresso no Acre. O cacique protesta contra a derrubada da mata Atlântica? Não, fatura coma exposição na Rede Globo e impede qualquer coisa para o progresso acreano. Não quer ouvir falar em manejo florestal, só em manejo de talheres em almoços com celebridades no Rio de Janeiro, onde não passa de um elegante animal exótico para ser mostrado por moderninhos de plantão. Lá pode tudo, aqui, só o radicalismo infantil.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que sorrisos lindos! Isso é de matar de inveja qualque pobre mortal, quanto mais as hienas. É sério, é inveja! O Benki é um ser iluminado e muito cativante. A Tribuna que resolveu defender a prospecção a qualquer custo, está perdendo oportunidade de se estabelecer como uma tribuna popular.Parabéns ao Benki e ao seu blog Altino, que não se curvam diante das hienas do poder.

Anônimo disse...

Bravo, Altino. Eu me sinto feliz em saber que existe pelo menos um espaço jornalístico no Acre (pela Intenet) que divulga a notícia tal ela é, com inteligência e discernimento, capaz de levantar o véu da ignorância e do mau caratismo que infelizmente –diga-se de passagem- continua a infectar a sociedade Acreana. Indecentes os comentários dessa coluna de “A Tribuna”, a propósito, ela certamente reflete o que muitos Acreanos gostariam de ler e certamente é condescendente ao que muitos Acreanos acreditam, ser a revelação da verdade.
Olhando para trás, para a experiência e luta do passado, luta de Chico Mendes e dos que valorizaram suas reivindicações, como você mesmo citou, no Brasil e no mundo, me pergunto: Será que já não era o tempo da sociedade Acreana dar uma revisada nos erros do passado? Não existe mais um chefe com o carisma e determinação do Chico Mendes para liderar, mas será que o que aconteceu não inspira os Acreanos a preservar o que eles tem?
Então segundo “A Tribuna”, os Indígenas são animais exóticos, enfim uma sorte de brinquedos, diria no meu linguajar... “marionetes”.
O Sr. Lindomar Padilha escreveu sobre a questão do gás/petróleo e disse com razão sim, a maioria dos Acreanos são funcionários públicos, trabalham com órgãos públicos ligados aos políticos do governo e suas campanhas partidárias, seus interesses, claro, ganham (e esperam ganhar dinheiro do Governo) para ficar do lado do que o governo faz e prega.
Nada “exótica” essa posição. Nada de exotismo não ter opinião própria. Nem um pingo de “exotismo” não se ter convicções. Mas claro, esses ai não são marionetes não...
Silvana

Beth Begonha disse...

Olá Altino,
sinceramente estou chocada com essa frase "não passa de um animal exótico"... Deus do céu, esta pessoa deve ser enquadrada por crime de racismo, danos morais e tudo mais que o código penal prevê, porque isso está muito longe de ser um debate temático: é agressão injustificável e mui constrangedora a qualquer ser humano que tenha um mínimo de noção de ética.
Além do mais, um pouco de literatura viria bem a calhar, para melhorar a qualidade do texto.
Beth Begonha