sábado, 17 de fevereiro de 2007

TASHKA ESCLARECE

Líder indígena contesta versão da assessoria do senador Tião Viana de que a etnia yawanawá já apóia os estudos de prospecção de gás e petróleo na área indígena do Rio Gregório



Joaquim Tashka Yawanawá

O título "Tashka apóia prospecção" é desrespeitoso. Melhor seria "Tashka atende convite do senador e vai consultar seu povo sobre prospecção na terra indígena do Rio Gregório". Vejo precipitação de Flaviano Schneider, da assessoria de imprensa do senador Tião Viana, ao distribuir a inverdade de que o povo yawanawa já apóia os estudos de prospecção de gás e petróleo no Juruá.

Para tomar uma decisão dessa, temos que fazer profunda reflexão com a participação da comunidade, pesquisar a experiência de outros povos indígenas e visitar os que tiveram experiências positivas e negativas com a exploração do petróleo, a exemplo do povo U´wa, da Colombia, e Achuar, do Equador.

Nunca decido isoladamente, pois não sou George Bush, que age assim e faz a sua própria guerra.

Fui convidado a comparecer na manhã de ontem ao escritório do senador Tião Viana, juntamente com minha esposa Laura e minha irmã Raimunda Putani. Fomos conversar com a Sílvia, uma das assessoras do senador, que acompanha nosso projeto de criação de pequenos animais.

Conversamos com a Sílvia na sala onde também trabalha Flaviano Schneider. Após a conversa, encontramos o senador, que nos convidou para entrar em sua sala. Aceitamos apenas para cumprimentá-lo e agradecê-lo pelo apoio que tem prestado ao povo yawanawá, especialmente com o envio da equipe da Saúde Itinerante.

O senador nos recebeu, como sempre, com carinho e atenção. Após nos ouvir, falou empolgado do projeto de prospeção de gás natural aqui no Acre. Falei que estava acompanhando o debate aberto pelo blog do jornalista Altino Machado e que havia assistido ao vídeo da entrevista dele.

Falei que tinha gostado do trecho no qual ele deixa bem claro que as comunidades tradicionais não serão obrigadas a permitir a prospecção em suas áreas. Tião Viana nos perguntou se tínhamos interesse em participar. Respondi que viajarei para minha aldeia após o Carnaval e que iria debater o tema com a comunidade. E que voltaria a falar com ele, tendo o senador nos deixado a vontade na opção.

O senador Tião Viana e o irmão dele, o ex-governador Jorge Viana, têm grande afinidade com o povo yawanawa. Nós temos estima, consideração e respeito por ambos, pois são parceiros e apoiadores do nosso povo. Já estiveram várias vezes na comunidade e por isso conquistaram nosso respeito e amizade.

Após sair do gabinete, telefonei para o Biraci Nixiwaka, outra liderança yawanawá, a quem relatei sobre a nossa reunião com o senador. Nixiwaka disse não acreditar que a iniciativa do senador fosse nos trazer danos socioambientais em razão da seriedade com que tem tratado nosso povo e a questão indígena no âmbito nacional e regional.

Antes desse debate sobre prospecção, o povo yawanawá já estava na fase inicial de um projeto de biodiesel. Ele está sendo apoiado por várias organizações nacionais e internacionais. Queremos produzir o biodiesel a partir do cocão e do murmuru, nativos de nossa terra indígena, em parceria com todas as comunidades que habitam a região de Tarauacá e Feijó.

Além disso, estamos implantando um usina de biodiesel na cidade de Tarauacá, onde já funciona a usina de processamento de óleo de andiroba. Queremos viabilizar de forma sustentável nossos recursos naturais, sem causar danos ao meio ambiente e viabilizar social e economicamente nosssas comunidades.

Atualmente, estamos pesquisando a respeito das máquinas que serão usadas no beneficiamento. Encontramos uma, de médio porte, que produz dois mil litros de biodisel por dia usando produtos naturais. Nosso objetivo é ter um posto indígena de biodisel, que produza totalmente com a matéria-prima existente na região. Isso não significa que estamos fechados para outras possibilidades.

Não acredito que estejamos sobre uma Arábia saudita ou poços de gás natural.
Caso seja encontrado algum recurso natural que possa ser explorado, seremos obrigados a fazer uma grande reflexão sobre se existe a real necessidade de explorá-lo, pois teremos que ter noção dos impactos e que ganhos reais poderíamos ter sem que seja afetada a nossa cultura e o meio ambiente.

Enquanto estive no gabinete do senador, não declarei que todos nós temos um preço. Não somos obrigados a aceitar nenhuma proposta arbitrária que possa contrariar a nossa tradição e afetar o nosso meio ambiente. Em nenhum momento o povo yawanawá vai aceitar explorar seus recursos naturais visando apenas o lucro econômico. Nosso patrimônio natural não está a venda por dinheiro nenhum, não estamos loucos por dinheiro. O pouco que temos através de nossas parcerias tem sido suficiente para sustentar nosso povo.

Mas nós entendemos que poderemos explorar nossos recursos naturais na medida que essa exploração não signifique danos às pessoas e ao meio ambiente e que sejam assegurados benefícios reais para nosso povo.

Nasci ambientalista. Não frequento a academia, tampouco cultivo árvores ou jardins no quintal apenas para dizer que sou ambientalista. Não há quem possa discutir comigo sobre o quanto a floresta é mais importante para o povo indígena. Nós somos 100% dependentes da floresta para viver.

O que está exposto é uma questão polêmica. Assim como o senador, acho que mais pessoas devem se manifestar. Não é de meu interesse defender nenhum projeto que não conheça profundamente e não aceito ser desrespeitado. O respeito deve ser extensivo à soberania de meu povo e à memória de nossos ancestrais, sem ameaças ao futuro de nossas gerações.

29 comentários:

Anônimo disse...

Caro Altino,

Parabéns por ter tido a coragem de trazer o debate sobre a prospecção de petróleo e gás aqui no Acre. O debate é sempre salutar e nos enriquece, mesmo que as idéias possam parecer discrepantes. O senador tem lá as suas razões mas nem por isso os contrários devam se calar.
A coluna "Bom Dia" do jornal A Tribuna, no meu entendimento, exagera um pouco ao discordar do Miguel e chega mesmo a adotar um tom ofensivo. Aqui, neste ponto, preciso esclarecer que entrei no debate enquanto cidadão e minhas opiniões não refletem necessariamente o pensamento da entidade a qual estou ligado.
Sugiro, para aumentar a seriedade do debate, que o próprio senador organize uma audiência pública até para que a população em geral possa tomar conhecimento do debate, pois, isso mexe com a vida de todos os acreanos e acreanas.

Desejo um bom trabalho a você e também ao senador, ao Miguel.....

Anônimo disse...

Caro Tashka,

Devo lhe dizer que senti um frio na barriga ao lêr sua declaração publicada na página de ontem do Blog do Altino. Acredite que passei um dia atormentado e quase não consegui dormir diteito ontem a noite...

HOJE ao reler para ver a atualidade e a repercusão dessas notícias "bombásticas" eu senti um grande alívio ao ler sua declaração, feita com suas palavras do mesmo evento, enfim sua versão. Eu me sinto
aliviada, confesso.

Você conhece o mundo pois tem chance de viajar e sei que você viveu nos EUA,,. O Senando Tião Viana é um Político e tem lábia, se não não estaria onde está. Ele claro que vai "vender" sua idéia custe o que custar e ai convencer quem quiser ouvir, Senandor Tião é convencido que ele tem razão e...

Quem sabe um dia o nome dele vai constar gravada numa placa de bronze na cabeceira de uma ponte qualquer, numa beira de rio ou igarapé do Acre. Ele cita o exemplo do ALASKA ou dos campos de trigo no EUA, em completa harmonia e plena co-habitação com a Natureza e o homem... E os POÇOS de PETRÓLEO!

Ele esqueceu de dar uma olhada nos livros de História (!) pois quando o "branco" Norte Americano começou a explorar o Petróleo e muitas outras riquezas do solo -não encontraram tantos obstáculos pela frente. Nesse meio-tempo o AMERICANO NATIVO já havia sido DIZIMADO (genocídio)...

Para chegar onde os EUA estão HOJE, exemplo de riqueza e POGRESSO é bom não esquecer que primeiro eles tiveram que SUJEITAR e submeter os que estavam lá antes... e no caminho. Porque você não tenta convencê-lo que a melhor idéia e saída para essa questão de ENERGIA é o BIODIESEL?

Melhor EMBAIXADOR que você em pessoa não existe, nesse contexto. Elas por elas, vencerá a RAZÃO e coerência. O próprio Senador pediu diálogo e questionou a INTELIGÊNCIA.

Boa sorte, Um abraço,

Silvana

Anônimo disse...

Altino

Pôxa- que tensão, hein? Me senti uma mierda desde ontem com toda essas histórias. Sabe, eu queria te dizer- É FÁCIL para mim como vc mesmo me disse uma vez- CRITICAR pois não vivo no Acre nem preciso “ralar” como muito dos meus parentes e amigos...
Por isso mesmo acho que eu POSSO criticar pois não estou perto e me dá uma certa objetividade.

Como também tenho uns aninhos de experienca na vida o que dá segurança em QUESTIONAR. Eu não tenho NADA pessoal com os Vianas e com o Tião- Tenho até que dizer- admiro que ele fez carreira e se deu bem, conheço muitas pessoas que são brilhantes mas não possuem DETERMINAÇÃO. Pelo menos ele tem isso.

Já poderia ser um PASSO para eu ter RESPEITO por ele, mas nesse caso específico do PETRÓLEO acho que ele pisou na bola!
A Europa e muitos países do mundo estão QUERENDO SE LIVRAR dessa praga que é o gás e petróleo num atentado DESESPERADOR de evitar mais danos trágicos à terra e a Humanidade!

A gente agora não vai viver a catástrofe mas nossos FILHOS e NETOS sim. Hoje a procura de ENERGIA alternativa (SOLAR, EOLICA, BIODIESEL, etc) fazem partes de prioridades em países que entendem que VAI ser necessário fazer MUDANÇAS drásticas!
Então o SENADOR faz uma proposta dessas?

MESMO azendo se ESTUDOS eu pessoalmente não acredito que na PRÁTICA isso vai funcionar. Porque é no BRASIL e porque é na AMAZONIA. Você se lembra certa vez vc escreveu no seu BLOG que as formigas atacaram seu COMPUTADOR?
Meu Deus! Basta SIMPLES raciocínio para isso...

Eu queria tanto que a gente estivesse perto para CONVERSAR sabe, eu te diria uma lista de RAZÕES que eu acho certos projetos não funcionam no Brasil,
Porque eu VÍ!!!!!!!!!


Um exemplo.

Em LANZAROTTE nas Canárias onde temos um flat e o Martin meu marido vai há mais de 30 anos era SELVAGEM
E só tinha casas e porto pequenos com PESCADORES. Hoje é um dos lugares mais famosos na lista de FÉRIAs e evasão do mundo.

HOUVE todo um PROCESSO de adaptação e hoje é um lugar MODERNO, Claro que teve seus sacrifícios mas foi feita de uma maneira INTELIGENTE E as ILHAS e TODA a população VIVE DE TURISMO! Com recursos DO PRÓPRIO LUGAR!

Até a ÁGUA é tratada (água do MAR transformada em Doce)... A energia é SOLAR e dos VENTOS...

O ACRE tem CONDIÇÕES de VIVER DO TURISMO!! Te falei de fazer um centro para CINEMA ARTE, lembra? Isso TRAZ DIVISAS para a região- é uma opção também....Meu Deus! Com essas confusões eu tenho vontade de LARGAR tudo aqui e ir FAZER POLITICA no ACRE!

Não é uma loucura?

Mil beijos para você.

SIlvana

Anônimo disse...

Muito obrigado Tashka!!!
Que vençam os deuses e os astronautas que se f.

Anônimo disse...

Também levei um susto enorme. Já fiz imagens terríveis do Acre, sendo destruído pela exploração de petróleo. A riqueza do chamado primeiro mundo é suja, exterminadora, fria. Que achem petróleo em Sao Paulo, Rio de Janeiro, Cubatão, onde tudo já foi destruído pelo desenvolvimento. E deixem a Serra do Divisor em Paz! Como todo o Acre.

Eu luto à minha maneira por um mundo melhor, semi-destruído pela minha cultura branca. E quando leio que um dos últimos paraísos está cada vez mais ameaçado por políticas de estado, não sei mais pelo que irei lutar. Tenho o sentimento entao de desistir agora, chutar o balde e deixar o mundo acabar. Mas nao quero desistir. O dia que a última Samauma tombar, será o dia mais triste do mundo. Pensem nisso. Riqueza de primeiro mundo é a fome do resto.

Anônimo disse...

Há que muito o que falar a partir da fala do indígena. Mas duas questões me chamaram, nesse primeiro momento atenção: 1)o estrago que uma assessoria de político faz com a verdade. Esse tipo de coisa tem sido comum nos jornais locais e no final do ano o senador nos manda aquele livro de matérias "jornalísticas" cheias de inverdades. 2) só a ingunidade do indígena pode explicar a gratidão que seu povo tem com um político por causa do "programa eleitoral da saúde intinerante". Aliás, a obrigação nem é do estado do acre, muito menos do senador (que deve limitar-se ao processo legislativo e à fiscalização do bom uso do dinheiro público). A saúde indigena é uma obrigação do Governo Federal, através da FUNASA, devendo a FUNAI e o Ministério Público Federal fiscalizar. No mais, quero parabenizar o Joaquim pela coragem e dignidade de reparar a verdade em nome de seu povo.

Anônimo disse...

Bando de indios preguiçosos, vao caçar pra comer vagabundos...querem viver como gente urbana entao vem trabalhar na cidade, ficam ai na mata vivendo do nosso dinheiro. Criem vergonha na cara e deixa o governo trabalhar! o acre precisa de desenvolvimento. Ficar escutando indios que passa o dia deitados numa rede na mata e complicado.

Anônimo disse...

Acho simplemente nefasto quem escreve e se esconde por trás de "anônimo". Principalmente quando a questão em debate é muito importante. Nós lutamos tanto por liberdade de expressão! Tanta gente morreu por causa da repressão! Esconder a própria identidade numa questão como essa é uma traição àqueles mortos, é gostar mesmo daquele clima de ditadura.É temer a liberdade e gostar de chafurdar na lama.O senador Tião Viana é médico, tem formação científica, e sabe da resistência dos ambientalistas, não só do Acre, com relação aos projetos do PAC do Governo Lula para a Amazônia. O nosso velhíssimo problema é a falta de articulação com os movimentos organizados dos outros estados da nossa região. As coisas ficam parecendo localizadas, pontuais.E comentários sórdidos como esse em relação aos indígenas do Acre é típico de gente egocêntrica que adora provocar e não tem compromisso com coisa alguma.

Anônimo disse...

"Afinal, para onde vai toda a riqueza proporcionada pelo petróleo?"
"O delta do rio Níger abriga alguns dos depósitos de petróleo mais ricos do mundo, mas os nigerianos que vivem ali estão mais pobres do que nunca, a violência no país cresce de maneira vertiginosas e a terra e a água estão contaminadas. O que deu errado?"
Esse é apenas um dos questionamentos feito pela excelente reportagem da edição de fevereiro de 2007 da revista National Geographic Brasil intitulado de "A maldição do Ouro Negro: Esperança e Traição no Delta do Níger."
Vale a pena dar uma conferida na matéria. http://nationalgeographic.abril.com.br/ng/edicoes/83/reportagens/mt_207542.shtml

Anônimo disse...

Altino, acho que o último comentário postado é um insulto a um grupo étnico. É uma manifestação exacerbada de preconceito ignorância e desconhecimento, e isto ao meu ver deveria ser abolido de seu blog. Isto não enriquece em nada o debate, apenas desvia o foco principal do assunto.

Celival Lobo disse...

Celival Nazareno

Caro Altino, a questão da exploração do petróleo em terras indígenas, no Acre, é assunto sério, e por isso mesmo, vergonhoso ver que tem gente do próprio Estado, lutando contra a causa indígena. Os anônimos, por exemplo, que se escondem no anonimato pensando que poderão esconder sua natureza fascista, egoísta e entreguista.
A questão deve ser debatida por toda a sociedade acreana - brancos e índios.
Não é um senador ou um cacique somente, de forma unilateral, que devem decidir o destino da maioria das pessoas direta ou indiretamente envolvida neste processo.
Duas questão simples devem ser levadas em conta, antes de mais nada: a primeirea, é até que ponto a exploração de petróleo, em território acreano, será benéfico ao povo do Estado; e a segunda, o que perde o povo acreano (índios no meio), com esse negócio. Essas duas questrões devem ser analisadas com seriedade, serenidade e de forma civilizada, com transparência e sem enganações.
O povo indígena deve ser consultado, a comunidade acreana como um todo deve ser copnsultada, o Senado, a Câmara, os Três Poderes da República devem ser consultados. Estamos cansados de decisões tomadas lá em cima e que, mais tarde, deixam como consequência mais problemas e misérias para os mais pobres, índios principalmente.
Deve ser uma consulta ampla e não a toque de caixa, como se fosse a última coisa a ser feita.
Se o petróleo ajuda o povo, que se explore o petróleo. Se não, que encontremos outra solução.

Anônimo disse...

Mas tudo aqui é atrasado mesmo, com as potências mundiais buscando novas formas de energia (renováveis) e com o histórico de destruição nos locais onde se instalaram plataformas de exploração de petróleo, cito a matéria da national geografic brasil que bem mostra o exemplo da Nigéria.... os políticos e autoridades deveriam pensar na riqueza que temos nas mãos antes de pensar nos petrodólares. Exemplos reais temos aos montes de que o petróleo é um ouro negro maldito...

Anônimo disse...

Sinceramente...

O Acre tem que acabar de vez com esse mito de floresta, de natureza. Não sejamos hipócritas. Todas essas pessoas que defendem essa "preservação" toda, vivem longe da mata propriamente dita. A realizade é outras caros defensores. O que rega esse interesse todo é o salário que ingressa em suas contas no final do mês. Visitem algum dia a beira do Rio Môa, do Rio Juruá e vejam a miséria que assola os acreanos "amarrados" pelas "cordas" da preservação. Passe um dia visitando o "badejo de cima" no igarapé das piabas olhando na cara das pessoas comendo jacuba pra poder ao menos brigar com a malária. Não esqueça de ir de carro, porque são 8 horas a pé, e na volta dê uma carona às dezenas de pessoas doentes que não tem carro e que procuram um hospital.

Chega de tapar o sol com a peneira. Duvido que uma dessas pessoas que se dizem tão preocupada com essa natureza toda continue pensando assim se conhecesse a miséria do povo que vive na "natureza".

Quanto aos índios, deixem de fazer política. Seus interesses não estão na Cidade não. Está dentro de um rio ou em um buraco de tatu.

Jonas Amado Araújo
Madrid - España

Anônimo disse...

neguin foge das questões colocadas pelos anônimos. Observe que os jornais de sábado e domingo já mancheteiam uma grande mentira, aquela que de que o povo indígena apoia o senador...

Anônimo disse...

Caro Jonas,

Tu estais em Madrid? Não me diga que aí também há "Badejo"? de cima, do meio...? ou que tu comes jacuba.
Meu caro, volte para cá pois, aqui temos a melhor farinha para fazer a sua jacuba e temos um senador que é médico e que luta contra a malária e em favor dos doentes em geral, com dedicação especial ao vale do juruá e seus 'Badejos'.
Saia do terceiro mundo. Venha para o primeiro mundo da florestania e seja um 'florestão' feliz.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Caro Jonas Araújo,

Agora me passou uma coisa pela cabeça e gostaria de comentar. Certa vez estive na Espanha, não em Madrid. Na verdade passei por madrid, mas fiquei de fato em Pamplona. Depois de alguns dias 'endoidei' para comer feijoada, arroz com piqui, arroz de carreteiro, feijão com couve, alguma coisa que pelo menos me lembrasse o Brasil. A farinha do Acre, a mesma da sua jacuba, estava em minha cabeça como uma fixação, quase uma doença ou síndrome de abstinência.
Fui a um supermercado, onde uma senhora pouco gentil me tratou com desdém mas fez questão de dizer alguma coisa em quase português: "vocês reviran tuto e nan levan nada". Eu estava com uma lata daquele feijão, tipo feijoada, que só presta para quem está longe e com saudade da terra natal. Naquele momento fui tomado por um nacionalismo quase militar e disse à senhora: _ Vocês é que reviraram a minha terra toda e de lá retiraram tudo que puderam, até essa m. de feijão. Disse outras coisas e não comprei o feijão. Liguei para a minha mãe, que ainda era viva, e no dia seguinte já estava no mesmo supermercado fazendo as compras de última hora. Voltei ao Brasil.
Cada vez que estou comendo o meu 'mandim' assado na braza com a farinha do Juruá, penso naquela pobre senhora de Pamplona que julga o mundo a partir de lá.
Volte Jonas! aqui tem feijão de praia e a melhor farinha. O badejo te espera e o salário, a gente dá um jeito.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Caro Lindomar Padilha...

Não me estranha nem um pouco quando vocês respondem com ironia. Afinal é sempre com um certo "ar" de humor que vocês defendem nossa "natureza". Conheço você pessoalmente e muito me admirira que você passe a utilizar tamanha ironia pra defender suas ideias. Quanto a farinha, me resta um pouco ainda, mas agradeceria o envio de mais alguns quilos.
Aproveito pra pedir encarecidamente sua fórmula de ser um "florestão" feliz. Com ela em mãos, irei aos quatro cantos da floresta mostrar para os povos que vivem nela que a fórmula da felicidade estava o tempo todo com vocês, o problema é que não sabiam como encontra-los.

Jonas Amado Araújo
Madrid - 3o Mundo.

Anônimo disse...

Valeu Jonas. A farinha vai na primeira oportunidade, agora a fórmula é segredo.
Boa sorte por aí.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Arre...

Dessa vez eu fico com o rapaz ai de fora.

[],s

Anônimo disse...

Prezado Altino:

Gostaria de manifestar meu desconforto diante de sua moderação. Um "anônimo" acima postou palavras ofensivas e preconceituosas em relação aos Povos Indígenas. Tolerância excessiva ou vacilo seu?? Espero acreditar na primeira opção. Este é um blog decente e as pessoas gostam de se manifestar (particularmente num texto esclarecedor do amigo Tashka, em torno de questão polêmica). A fala acima nada contribui para este debate. Abraços irmão, Alexandre.

Anônimo disse...

Prezado Altino,

Me senti muito ofendida pelo comentário racista que um anônimo deixou csobre os povos indígenas do Acre em seu blog. Achei ainda mais estranho que você publicasse algo deste nível.
Para mim, é como se um nazista estivesse se expressando sobre os povos judeus, que foram massacrados e torturados, só porque são pessoas que tem outro tipo de cultura e religião, o qual não é crime nenhum ser diferente, viver diferente ou se expressar fora do “normal” de outras pessoas.
Eu espero que essa pessoa não esqueça da história brutal vivida pelos povos indigenas do Acre e de outras naçoes do mundo, antes de se atrever a escrever de esse jeito.

Laura Soriano

Anônimo disse...

Gostei do embate verbal entre o Lindomar Padilha e o Jonas Amado Araújo defendendo seus pontos de vista, que mesmo diferentes, tem pontos de contato e fundamentalmente o mesmo objetivo, isto é, o bem estar dos povos da floresta. O importante é que o alto nível do debate se manteve. Bem melhor que canalhices racistas anônimamente postadas. Parabéns aos dois.

Anônimo disse...

Numa população de mais de 200 milhões de habitantes não há somente nossos irmãos indígenas, cuja opinião deve ser levada em consideração. Mas em projeto de tamanha relevância deve-se considerar também e principalmente uma consulta aos homens e mulheres de pensamento, que em nosso país não são poucos e que vêem com mais clareza e menos passionalidade as consequências, já que normalmente são guiados apenas pela razão sem maiores interesses secundários. Uma decisão embasada apenas na opinião de pequenos grupos de nossos irmãos indígenas será certamente uma decisão demagógica.

Anônimo disse...

A questão é de fato complexa e merece um debate mais abrangente, Neste sentido concordo com a posição do Lindomar e creio que o senador deveria pensar bem na sugestão de uma audiência pública como sugeriu o Lindomar.
Hoje a CNBB lançou a campanha da fraternidade cujo tema é justamente a Amazônia. Não poderia haver um momento mais oportuno para uma reflexão. É pena que o Miguel, sa SOS Amazônia, tenha se afastado do debate e se limitado a apenas prestar contas ao senador.

Paulo Henrique

Anônimo disse...

Ola, Altino!
Acompanhando o debate do Projeto do Gás-Petróleo no Acre...

Concordo absolutamente com o que diz Paulo Henrique, acho que as
pessoas que VIVEM na região é que deveriam ser consultadas ANTES que
qualquer projeto dessa envergadura fosse implantado, afinal não é
bem esse o princípio da DEMOCRACIA?
Os Senhores Políticos votados ou não como os Secretários de ONGs
devem ter lá suas doses de EGOcentrismo, ai o perigo (então o que
Paulo Henrique chamou "Acerto de Contas") pois quem sofre as
consequencias é a POPULAÇÃO.

Estive pesquisando e lendo alguns documentos---- basedos no DISCURSO
do Senador Tião Viana.
Tenho a impressão que ele não tem acompanhado as ATUALIDADES do
Alasca que ele citou dizendo ser tão "Linda Experiência".
O projeto do Senador Tião, segundo ele mesmo, se basea nas idéias do
Senador Eduardo Suplicy
( este mesmo em seu SITE, entre outras citacões- a "Carta ao
Presidente Evo Morales", Jornal do Brasil, data da Publicação:
01/01/06 ) discursa o SUCESSO do Alasca (!)
Pôxa parece que esses Nossos Senadores não estão lendo jornais e
Revistas do MOMENTO...
Boa as intenções deles- mas a meu ver não correspondem à REALIDADE
Brasileira, pois MESMO no Alasca, a exploração não é tão bem vista
como se supõe.
Ela foi e continua sendo sobretudo projeto de POLÍTICOS e não dos
Nativos, num discurso tal o do Governador que diz que apioa a
exploração evidentemente para "O BEM do Povo do Alasca pois ele não
quer que vivam como num país de Terceiro Mundo".

Veja bem, os Nativos do Alasca podem ter rendas das royalties do
PETRÓLEO que certamente transformaram suas vidas (economicamente
falando) - mas a QUE PREÇO?
Da devastação do Meio Ambiente.
Isso hoje pode se comprovar (Aquecimento Global, Poluição, Crises
Energética e do DIREITO dos habitantes, Devastação no habitat Animal,
etc...) que entraram em jogo.

Segundo o Sr. EVON PETER, que é o líder do Movimento que Representa
os NATIVOS do Alasca, o consumo do óleo do Alasca NÃO É SUSTENTÁVEL,
visto queo óleo é uma fonte ESGOTÁVEL, de maneira que mais eles
dependem do óleo mais NEGATIVOS impactos a exploração trará para a
vida Humana e para o Meio Ambiente.
Ele diz que " A prática da exploração do Petróleo está ligada
diretamente e indiretamente à Violação dos Direitos dos homens do
Alasca e também dos que vivem fora do Alasca, pois a queima dos
fósseis é a maior causa da emissão do CO2 o que resulta no
AQUECIMENTO GLOBAL."
Esse documento pode ser encontrado no SITE do ALASKA NATIVE MOVEMENT
www.nativemovement.org
Assim que no REDOIL (Alaska Native Grassroots Network)
www.ienearth.org/redoil-up/redoil.html

Segundo documento que eu encontrei na página da NATIONAL GEOGRAPHIC
MAGAZINE (Maio de 2006) "FALL OF THE WILD", os habitantes do Alasca
descrevem o crescimento da infra estrutura do ARTICO desde a
exploração do Petróleo, é comparado à uma cicatriz que você adquire
quando você é criança e cai, brincando. Cicatriz essa que se ameniza,
se "disfarça", mas NUNCA DESAPARECE...

Anônimo disse...

Caro Walmir de Lima Lopes...

Concordo com você. Achei interessante a discursão dos dois ai em cima. Mas pra fazer a verdade não sei quem tem a razão.

Sou a favor da preservação sim, mas admito que o Jonas foi mais direto ao ponto.

Gostaria da opnião de vocês.

Elias Barbosa
Mâncio Lima - AC

Anônimo disse...

Caríssimo Elias,

Que bom que você tenha vindo ao debate. Antes de tomadas de decisões importantes a prudência nos convida a fazermos um estudo das consequências. Eu tenho sugerido que façamos este estudo, que ponderemos.
A Constituição Federal em seu Capítulo VIII, que trada dos índios, em seu art. 231, parágrafo 3º, estabelece que " o aproveitamento dos recursos hidricos, incluíndo os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei". No parágrafo 6º o texto constitucional acrescenta que "...ressalvado relevante interesse público..."
Assim, entendo que ouvir as comunidades afetadas é uma obrigação constitucional e não apenas um gesto de boa vontade. As populações não-indigenas, nós em geral, devemos ser ouvidos principalmente porque a discussão passa pelo Congresso Nacional e os que lá estão são nossos representantes e quando os elegemos, para esse último mandato, não estava em pauta esse debate. Portanto, é fundamental a nossa participação como cidadãos e cidadãs, preocupados com o nosso bem estar e o de nossos filhos e netos. É por essa razão que insisto que o mínimo que poderia ser feito era a realização de eventos destinados a essa reflexão, como audiências públicas por exemplo.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Caro Elias, minha opinião sincera é que o projeto é tão relevante, considerando os exemplos maléficos ao meio ambiente, alguns já citados e outros ainda não, que os brasileiros não devem entregar essa decisão nas mãos de seus representantes, mas ratifica-la ou não através de um referendo popular após exaustivos debates públicos sobre o assunto. Creio não existir argumento consistente o suficiente para sustentar que esse projeto não envenenará mesmo que lentamente nossas florestas e seus ecosistemas, do Acre ao Pará. Todo argumento nesse sentido poderá ser facilmente rebatido, tanto por argumentos científicos como, principalmente, pelos argumentos da razão. Apenas como exemplo de um leigo no assunto, se ocorrer um acidente ambiental na bacia acreana, numa reação em cadeia via cursos d'água, os danos ambientais serão transferidos automaticamente e em progressão quase geométrica às bacias subjacentes. Estas considerações de minha parte podem ser apenas elucubrações sem substância, mas que são assustadoras são. Atenciosamente. Walmir

Anônimo disse...

Caro Walmir,

Tentei postar um comentário ontem mas acho que tive problemas com a minha conexão. Em linhas gerais eu disse, no comentário, que concordo com suas posições em parte. Não creio que um referendo seria uma boa. Entenda que os políticos e o capital estão, como sempre, do outro lado, contra a vontade popular. Se houvesse um referendo seria a vitória da insensatez pois a imprensa também está do outro lado, como você já percebeu. Aliás, grande parte desses ditos "jornalistas" se utilizam de consessão pública para se posicionarem contra o bem e o interesse público. Defendem exclusivamente o interesse privado. Transformar o público em privado é característica fundamental de nossos governandtes. Veja o que fizeram com as florestas públicas. Privatizaram-nas e chamam de consessão. O problema central do debate é a quem interessa o petróleo?
O petróleo servirá para continuar patrocinando o bem estar do dito primeiro mundo e de alguns ricos irresponsáveis que se recusam a ceder, um pouco que seja, em seu consumo doentil. Enquanto os pobres morrem de inanição eles morrem de obesidade e compulsão. Dos seis bilhões de seres humanos, apenas algo em torno de um bilhão e meio gozam dos benefícios do "progresso" gerado pela sociedade do consumo. Os outros quatro bilhões e meio estão às margens desse desenvolvimento que proporciona bem estar a alguns previlegiados. É preciso que os mais ricos diminuam a emissão de poluentes. A questão é que não querem e, para isso, compram as nossas matas, os nossos rios, o nosso petróleo, o nosso gás, os nossos governantes e lamentavelmente, as consciências de muitos. O petróleo que polui nos Estados Unidos polui aqui no acre. A vida é um grande sistema e o Acre não é uma redoma em que estaremos imunes aos desastres que já estão sendo provocados pela sociedade de consumo capitalista insâna. O debate tem que ser aprofundado em nome da vida.

Lindomar Padilha