segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

LÓGICA FUZZY

Laécio Carvalho de Barros

Prezado Altino,

li alguns comentários seus no blog da Glória Perez, autora da minissérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes". O que me motivou a escrever essa mensagem para você foi a curiosidade sobre o canto do uirapuru, gravado por Dalgas Frish no Acre, que, pelo que li, trata-se do Uirapuru verdadeiro. É possivel encontrar essa gravação?

Saí do Acre em 1968, com 14 anos de idade. Morava no bairro da Cadeia Velha. Sou Filho de Luciano Carneiro de Barros. Ele foi guarda e tambem delegado do 1º DP na década de 60. Tenho muitos parentes no Acre. Possivelmente você deve conhecer meu irmão, o Luis Carvalho Carneiro, funcionário da Fundação Cultural. Lembro muito bem do Colégio Acreano e do professor Raimundo Louro. Fui coroinha e lembro bem, ainda, dos padre José e Peregrino.

Sou professor livre docente da Unicamp, no Departamento de Matemática Aplicada. Trabalho com modelos de biomatemática e epidemiologia. A ferramenta matemática que tenho utilizado, além das clássicas equações diferenciais (eu sei que isso é meio técnico pra você) é a Lógica Fuzzy. Esse é um tema relativamente novo em ciências exatas, principalmente matemática.

Resumidamente, essa tal Lógica Fuzzy permite "incluir" na matemática tradicional temas subjetivos, nebulosos e imprecisos observados no nosso mundo real. Com ela, conceitos não necessariamente dicotômicos (que assumem apenas o status verdadeiro ou falso) são tratados matematicamente com o mesmo rigor que a matemátcia clássica. Do ponto de vista filosófico, é uma lógica que vai além da aristotélica, incluindo esta.

Eu tenho uma home page - na verdade, um rascunho de home page - onde aparecem [leia] algumas informações a meu respeito e meus trabalhos.

Em "publicações" aparece a capa de um livro que escrevi, em co-autoria com o professor Rodney, sobre Lógica Fuzzy e Biomatemática. É uma publicação recente e ainda precisa ser feito uma revisão geral. Na verdade isso está sendo feito. Pretendo publicar a segunda edição no fim desse ano.

Bem, moro aqui há muitos anos, porém sempre com um olho aí. Leio com alguma fequência os jornais daí. Claro que é uma leitura por alto. Apenas o que aparece na internet.

Voltei ao Acre em 1984, em 1994 e 1995. As duas últimas vezes, a convite do meu irmão, para dar uns cursos para índios e seringueiros.

Tenho acompanhado a minissérie. Gosto bastante, principalmente quando aparece a parte do seringal e imagens daquele Rio Acre que, quem um dia viu, de longe o reconhece. Ele me trás muitas recordações. Passei minha infância nele ou ao lado dele.

Por falar na minisserie, voce consegue transmitir um recado para o pessoal que a organiza? Sei que não tenho direito de me meter, mas as músicas são muito ruins. Não dizem nada a respeito de nossa região.

A de abertura é muito "chocha". Exceto a Bachiana no. 5, que não é muito a cara da região, mas intelectualmente tem algo a ver, as demais são ruins (como musicas). Além de não dizer nada sobre Acre, Amazonas, Pará.

Se querem algo palatável para o publico brasileiro em geral (não só da região), coloquem pelo menos uma Fafá de Belém cantando músicas do Waldemar Henrique, que dedicou a vida à região.

Abraços acreanos.

Caro Laécio, espero que minha resposta, com aquelas indicações, sirvam para que você possa obter a gravação do canto do Uirapuru. Esse blog tem servido para me conectar a tantos conterrâneos espalhados pelo mundo. Vivo insistindo para seu irmão Luis Carvalho colaborar, mas ele permanece arredio como bom índio branco que é. Para saber mais a respeito do doutor acreano, clique aqui.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Altino!
Que legal vc publicar a carta do nosso conterrâneo, o Laércio e que simplicidade de pessoa (é que ai no Brasil foi "Doutor", meu irmão- é gente de outro planeta, né? )... Parabéns pela pubicação do website dele e da carta.
Já havia lhe dito que seu SuperBlog a gente pega vício em lêr- certamente que para quem vive muito longe, vc leva a gente para perto do Acre.
Falando nisso um amigo meu jornalista de Belém me escreveu para dizer que leu meu comentário no teu blog que saiu no 'Jornal Pessoal' do Lúcio Flávio- mundinho pequeno, heim? Em todo caso foi legal saber que vc é lido e relido. Aqui em Londres está passando na "Globo Internacional" a Novela da Sra. Perez. Ela passa uma semana atrazada, em relação ao Brasil. Imagine que a maior experiencia (e emoção) dessa novela aqui para mim é de rever a Amazônia, as paissagens, a água barrenta dos rios... Prefiro não fazer comentários nem críticas, tenho feito o possível para ser imparcial - do ponto de vista professional. Decidi que vou APRECIAR e passar um bom momento, uma perfeita telespectadora! No entanto a experência mais inesperada para mim, tem sido a reação da minha mãe. Ela está com 83 anos e saiu do Pará (Jurity, no Baixo Amazonas) para ir morar no Seringal Mercês quando se casou (com 13 anos) com meu pai. Lá ela viveu de 1938 até a década de 70. Pois bem, cada IMAGEM de MATA e RIO, algumas passagens do Seringal eu me viro para ouvir seus relatos- algumas vezes relacionados ao Capítulo. Outro dia ela me contou( mais) uma história que começa sempre... "Lá no Seringal... tinha um "freguês" que estava lá no "Centro" cortando, ai um pau caiu na cabeça dele, por milagre ele não morreu, mas chegou assim, carregado na rêde, na "Margem". Foi um Deus-me-Acude"! Ai tinha- sempre tinha no "Barracão" alcool, agulha... Mas que depressa eu lavei minhas mãos, desinfetei o instumento (a agulha) e costurei o couro da cabeça dele. Pois Deus me ajudou, ele se recuperou e ficou bomzinho"... Ele sempre me agradecia de ter salvado a vida dele. Na verdade virei madriha dele de fogueira"....
Não é fantástico????
Altino, eu acho incrível- estou ouvindo narrações maravilhosas da vida da minha mãe que eu desconhecia. Sabe tem tanta coisa que eu sei pela boca de meu falecido pai e também da mamãe mas às vezes falta ocasião para a conversa. Pelo menos com essa novela temos tempo juntas para falar disso... Um beijão, da amiga, SIlvana

Anônimo disse...

Caro Laécio, também sou acreano da Cadeia Velha, fiquei bastante feliz com sua chegada ao Blog do Altino, pois mostramos ao mundo, através dele, que o Acre não é só um celeiro que abriga biodiversidade, mas que também exporta cérebros privilegiados nas mais diversas áreas da Cultura, da Política e da Ciência, entre outras.
Visitei sua HP e achei interessante a capacidade de abstração do aluno que achou a falha no desenho de Debret. Iniciei o Curso de Engenharia Operacional Mecânica pela Universidade Santa Ursula no RJ, embora não o tenha concluído.A cana entra e sai pelo lado errado. Gostaria de saber se a Paranormalidade poderia ser analisada futuramente sob o prisma da lógica Fuzzi. Abração e Boas Vindas!

Anônimo disse...

Caro Altino, estou impressionado com sua eficiencia bem como com o poder de comunicação que tem seu blog.
Estou escrevendo para agradecer às palavras carinhosas da Silvana e também do Walmir.
Caro Walmir, tenho saudades da cadeia velha. Não me considero(e de fato não tenho)com cérebro privilegiado. Apenas caminhei (e ainda caminho) numa trilha onde me identifico intelectualmente. É muito importante fazer o que gosta. Poderia muito bem estar exercendo outra atividade (como ser um Padre - fui coroinha; um bancário - já fui; office-boy - fui quando cheguei do Acre ...)na nossa sociedade. Quando fui para a universidade tive dúvidas sobre o que escolher, entre matemática, física ou quimica. Mas uma coisa me ajudou muito a decidir por matemática: No Grupo Escolar Primeiro de Maio eu me saia bem com as contas. No Colégio Acreano tirava notas muito boas em matemática com o Professor João de Almeida. Isso me fez pensar e decidir por matemática.Quanto ao potencial da Lógica Fuzzy em Paranormalidade confesso que nunca vi. Isso não significa que não exista nada feito. Muito menos que não seja possível de aplicar essa ferramenta. Se ouver interesse de sua parte, posso enviar algumas coisas que já dei uma olhada a respeito de fuzzy em psicologia.
Abraços
Laecio.

Unknown disse...

Laécio, também sou acreana, de Sena Madureira e moro em Campinas, há 20 anos, sempre em Barão Geraldo, portanto, somos vizinhos. Fico aqui, bisbilhotando blogs, orkut, sempre à procura de notícias e amigos da terrinha. Não tem jeito mesmo quando se tem o umbigo enterrado por lá. Poderíamos tentar um encontro de acreanos por aqui? Já fiz alguns em anos passados e foi muito bom.
Um grande abraço

Anônimo disse...

Cara Núbia, será um prazer participar desse encontro. No entanto, para marcarmos alguma coisa é melhor por e-mail voce não acha?