sexta-feira, 24 de novembro de 2006

GLÓRIA ACREANA

De Galvez a Chico Mendes

Lysias Ênio

Tudo começou lá nos idos de 1800 e lá vai chumbo, quando um grupo de cearenses, fugindo da seca, debandou para as “Tierras no Discubiertas", como era assinalada nos mapas da época. Movidos pela fome, com um sonho no bolso e outro na cabeça, passaram muito além de nossas fronteiras, povoando os altos rios acreanos.

Por volta de 1880, a região estava quase totalmente ocupada por brasileiros, o que levou a Bolívia a tentar a retomada das terras que por direito lhe pertencia nos termos do Tratado de Ayacucho (1867). Com isto não concordaram os brasileiros e decidiram enfrentar as autoridades estrangeiras.

A Insurreição Acreana, iniciada em 1898, foi marcada por lutas armadas, barricadas, muito chumbo e muita bala para sufocar a resistência boliviana.

Capítulos dessa história, envolvendo alguns dos bravos revolucionários, serão mostrados em uma minissérie assinada pela acreana Glória Perez, nascida em Rio Branco, em 1948. Daí a justa homenagem que lhe presta a Casa do Acre no Rio de Janeiro, em reconhecimento ao relevante serviço de difusão da história política e social do Povo da Floresta.

Destaque especial ao espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Árias, que proclamou o Estado Independente do Acre (14/7/1899), e do gaúcho José Plácido de Castro que, à frente de seringueiros, foi o responsável pela tomada de Puerto Alonso, transformada em Porto Acre (24/1/1903).

A saga acreana chega até a modernidade, destacando o importante papel de Chico Mendes (Francisco Alves Mendes Filho), na questão dos seringueiros. Premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o prêmio "Global 500" e neste mesmo ano agraciado com a "Medalha do meio ambiente" da organização "Better World Society", Chico Mendes chamou a atenção mundial para a questão das Reservas Extrativistas dos seringueiros que ele representava. Foi covardemente assassinado em Xapuri, em 1988.

O Acre é fonte inesgotável de riquezas históricas, folclóricas, e de manifestações artísticas, fruto da miscigenação de brasileiros de diversas origens que, junto com as populações indígenas nativas da região, formam um rico mosaico de culturas e etnias.

Produzir "Glória Acreana - De Galvez a Chico Mendes" significa abrir espaço para um produto musical dirigido ao mercado brasileiro e, também, internacional, pelo interesse que a MPB desperta, graças à diversidade de gêneros, influências de etnias, além da inimitável “bossa”, o jeitinho brasileiro de registrar através do seu cancioneiro o testemunho sócio-cultural da nossa história.

Visando a produção e difusão da produção cultural acreana, o projeto contempla a produção de dois renomados artistas do cenário musical brasileiro contemporâneo: os cantores, intrumentistas e compositores acreanos Sérgio Souto e João Donato, reunidos pela primeira vez, num espelho que reflete diferentes tendências e fases de suas criações musicais.

O poeta Lysias Ênio, irmão e principal letrista de João Donato, é diretor do show "Glória Acreana - De Galvez a Chico Mendes", que acontecerá no Rio, no dia 18 de dezembro, no Teatro do Sesi. Como todos estão empenhados em difundir, desenvolver e proteger a história do Acre, dando a conhecer o imenso potencial de sua gente, coisas e costumes, integrado-o com a identidade nacional brasileira, seria muito oportuno que convidassem para o show alguns outros bons compositores que permanecem cá, nas "Tierras no Discubiertas", como o Pia Vila e seu mastigadinho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mon Dieu!!

Anônimo disse...

Altino!!

Pra ser sincera, eu desconhecia 100% a história do Acre, mas seu Blog, juntamente com o entusiasmo que é acompanhar passo a passo a criação da Glória, me fizeram apaixonar pelo Estado, aliás não pelo Estado, mas pela história MARAVILHOSA que com enorme cuidado é mostrada por vcs Acreanos!
Parabéns pelo Blog, e pode ter certeza que o seu Blog está contribuindo enormemente para que a cultura e a Maravilhosa e a história do Estado seja divulgada para todos!
Parabéns mais uma vez!