quarta-feira, 27 de setembro de 2006

PRESO MÉDICO ESTUPRADOR

Falha assistência judicial do consulado brasileiro

O médico Carlos Vaca Justiniano, que abusou sexualmente de uma médica brasileira em Montero, foi preso nesta noite após depoimento ao fiscal do Ministério Público de Santa Cruz, Carlos Montano Alvarez. A vitima e o agressor passaram quase seis horas sendo ouvidas em audiência pública acompanhada pela imprensa e populares.


Apesar dos apelos do governador Jorge Viana e do senador Tião Viana ao Ministério das Relações Exteriores, para que seja prestado apoio judicial permanente, bem como proteção de vida e imagem, a médica brasileira compareceu praticamente sozinha à audiência.

Ela confirmou o relato de estupro mediante ingestão forçada de substância entorpecente seguida de espancamento sofrido na madrugada de sexta-feira.


O médico, diretor do Hospital de Montero, onde a brasileira fazia estágio final para formatura em medicina, foi preso para evitar a coerção de testemunhas e também por ter apresentado documentos falsos, como uma declaração de bons antecedentes. Ele tem prazo de 24 horas para se justificar à promotoria.

O advogado do médico chegou a criticar a advogada boliviana Lady Roca por atuar na defesa de uma mulher brasileira em seu país. Após a ordem de prisão do médico, Lady Roca impediu, ainda dentro da sala de audiência, uma tentativa de suborno dos policiais pelo advogado.

Ela acompanhou os policiais e o médico até a cela de um quartel onde o agressor está preso.


- Havia o risco de que os policiais fossem subornados no caminho da prisão e liberrassem o criminoso - afirmou Lady Roca.

No final da audiência, a brasileira teve que ser protegida pela polícia porque o médico havia contratado um grupo de homens para ofendê-la com palavrões.

Os depoimentos foram acompanhados por mais de 20 jornalistas, a quem a médica concedeu uma entrevista. Ela disse que não necessitava mais ocultar o seu rosto na Bolívia.


- Espero que a minha atitude de mostrar o rosto sirva para motivar as mulheres bolivianas vítimas de abuso sexual a denunciar seus agressores. Eu acredito que a justiça da Bolívia vai punir exemplarmente o médico criminoso. Tenho orgulho de ter passado muitos anos de minha vida aqui em Santa Cruz para voltar para o meu país com o diploma de médica que sonhei. Vou superar essa experiência trágica com a certeza de que será positiva para a minha carreira profissional - afirmou a brasileira.

O advogado do Consulado-Geral em Santa Cruz prestou assessoramento jurídico preliminar, mas não tem atuado no caso conjuntamente com a advogada contratada pela família.

Após o registro da ocorrência junto à polícia da cidade de Montero, foram feitos exames no hospital daquela cidade, que, como era de se esperar, resultaram negativos.


O fato induziu as autoridades policiais a levarem o caso para o Juiz da Comarca. Esse determinou a realização de novos exames num Hospital de Santa Cruz, cujos resultados foram positivos.

Comentário da poeta amapaense Márcia Corrêa, do blog Papel de Seda:

"É como matar uma borboleta só porque ela voa, é leve e tem cores nas asas. É como sugar da menina, num lapso de tempo, a parte de sua alma que balanceia o caminhar, liberta o sorriso sem hora marcada, sopra os cabelos daquele jeito descontraído. É como roubar de seu quarto arrumado aquela caixinha de lembranças mais puras, onde ela guarda o que foi, o que é e o que sonha ser. É como cortar as cordas do balanço do quintal, só porque elas rangem quando a menina canta pra cima e pra baixo impulsionando os pés na árvore vizinha. Essa dor dói distante, pois é dor antiga de todas as mulheres. É dor vazia de acalanto, oca de afagos. É dor de abandono e de solidão, é quando a gente entende com maior precisão o sentido da indignação. Por ora, apenas posso emprestar meu coração para chorar junto. Quem sabe assim, como os galos de João Cabral, corações chorando juntos possam tecer um pranto único, que dilua essa dor o mais breve possível, para que o sol faça novamente seu ninho no coração da jovem brasileira."

Comentário da poeta goiana Saramar, do blog Abrindo janelas:

"Altino, bom dia. Nesta triste história, três coisas chamam a atenção: a coragem desta moça, a indiferença das autoridades brasileiras e a baixeza (perdão) desse monstro que a vitimou. Com o disse o seu amigo na carta em que descreve a situação da Bolívia, não creio em punição, infelizmente. Porém, a menina violada, com sua coragem, deu um tapa na cara das autoridades coniventes com criminosos. Por favor, transmita a ela minha solidariedade e admiração".

8 comentários:

Anônimo disse...

É como matar uma borboleta só porque ela voa, é leve e tem cores nas asas. É como sugar da menina, num lapso de tempo, a parte de sua alma que balanceia o caminhar, liberta o sorriso sem hora marcada, sopra os cabelos daquele jeito descontraído. É como roubar de seu quarto arrumado aquela caixinha de lembranças mais puras, onde ela guarda o que foi, o que é e o que sonha ser. É como cortar as cordas do balanço do quintal, só porque elas rangem quando a menina canta pra cima e pra baixo impulsionando os pés na árvore vizinha. Essa dor dói distante, pois é dor antiga de todas as mulheres. É dor vazia de acalanto, oca de afagos. É dor de abandono e de solidão, é quando a gente entender com maior precisão o sentido da indignação. Por ora, apenas posso emprestar meu coração para chorar junto. Quem sabe assim, como os galos de João Cabral, corações chorando juntos possam tecer um pranto único, que dilua essa dor o mais breve possível, para que o sol faça novamente seu ninho no coração da jovem brasileira.

Anônimo disse...

Altino, bom dia.
Nesta triste história, três coisas chamam a atenção: a coragem desta moça, a indiferença das autoridades brasileiras e a baixeza (perdão) desse monstro que a vitimou.
Com o disse o seu amigo na carta em que descreve a situação da Bolívia, não creio em punição, infelizmente. Porém, a menina violadam com sua coragem, deu um tapa na cara das autoridades coniventes com criminosos.
Por favor, transmita a ela minha solidariedade e admiração.

beijos

Anônimo disse...

Bom dia Altino,
Tenho aconpanhado, pelo blog, o caso da médica brasileira na Bolivia e todos os dias resolvo manifestar o apoio e indiganação que nós, as defensoras e defesores dos direitos humanos, sentimos em casos como esse, onde está presente a "supremacia" da força bruta e o preconceito típicos de criaturas como esssas que, na verdade representam um grande atraso no processo civilizatório da humanidade.
Mas então porque a relutância em manifestar apoio e solidariedade? Porque tenho vergonha da nossa impotencia, de um lado de realmente garantir que o crime não fique impume "como é de praxe acontecer", de outro, constatar diarimente que em tantos anos de lutas de movimentos de deireitos humanos, inclusive na Bolivia, não conseguimos conquistar grandes avanços na construção de uma cultura sem preconseito,sem violência, uma cultura de respeito, de paz, de um processo civilizatório que não deixe a verganha como herança para as futgaras gerações.
Mesmo assim, queremos nos somar a tantas outras pessoas para manisfestar o nosso repúdio a esse ato e a nossa solidariedade à vìtima e sua familia. Sabemos que as dores e as marcas da violência são imensas,mas acreditamos que terão forças para superá-las.
Raimunda Bezerra da Silva Klein
Coordenadora Geral do CDDHEP

Anônimo disse...

Altino,
Li com muita tristeza o fato vivido pela médica brasileira e lembrei-me de uma reportagem da revista STERN. O título da reportagem era "Estupro: morte na alma". É revoltante o que foi feito pelo médico Vaca que, aproveitando-se de sua posição, enganou a menina. Ele merece uma capação, incondicional e radical. Ela merece apoio dos pais, amigos e das autoridades. Sem essa de indenização. Essa dor é irreparável.

Falando de bichos, encantei-me com a montagem do professor Juarez para a peça de George Orwell, A Revolução dos Bichos. Tive o privilégio de assistir a esse espetáculo magnífico, e digo magnífico não apenas pe

Anônimo disse...

Altino,
Li com muita tristeza o fato vivido pela médica brasileira e lembrei-me de uma reportagem da revista STERN. O título da reportagem era "Estupro: morte na alma". É revoltante o que foi feito pelo médico Vaca que, aproveitando-se de sua posição, enganou a menina. Ele merece uma capação, incondicional e radical. Ela merece apoio dos pais, amigos e das autoridades. Sem essa de indenização. Essa dor é irreparável.

Falando de bichos, encantei-me com a montagem do professor Juarez para a peça de George Orwell, A Revolução dos Bichos. Tive o privilégio de assistir a esse espetáculo magnífico, e digo magnífico não apenas pela contemporaneidade dos diálogos, pela leitura irrepreensível dos estereótipos autoritários e corruptos presentes, todos os tempos, em todos os lugares, pelas músicas selecionadas - inclusive a sátira às eguinhas pocotós -, o cenário (embora improvisado) feito de folhas e serragem, os vídeos com foto de Sebastião Salgado (Sem-Terra) e "O Grito", de Edvard Munch, entre outros, mas principalmente pelo envolvimento dos alunos, meninas e meninos de 13/14 anos que, naquele palco épico, sabiam, entenderam o que estavam narrando. E acredito, mesmo, que aprenderam diferenciar um homem de um porco. Até mesmo os pais se tocaram profundamente, haja vista as manifestações que eu vi após a apresentação, dizendo que os filhos tinham aproveitado muito daquele processo de criação coletiva. Parabéns ao professor Juarez e meus votos de que essa ação imitada por outros tantos professores que não se contentam em apenas passar conteúdos e, sim, propiciar aos alunos a oportunidade de construir instrumentos de cidadania.

Parabéns, Altino. Seu blog está cada vez melhor. Continue.
Abraço,

Vilma Botrel Coutinho de Melo
Prof. de Literaturas Estrangeiras Modernas

Anônimo disse...

Altino,
Li com muita tristeza o fato vivido pela médica brasileira e lembrei-me de uma reportagem da revista STERN. O título da reportagem era "Estupro: morte na alma". É revoltante o que foi feito pelo médico Vaca que, aproveitando-se de sua posição, enganou a menina. Ele merece uma capação, incondicional e radical. Ela merece apoio dos pais, amigos e das autoridades. Sem essa de indenização. Essa dor é irreparável.

Falando de bichos, encantei-me com a montagem do professor Juarez para a peça de George Orwell, A Revolução dos Bichos. Tive o privilégio de assistir a esse espetáculo magnífico, e digo magnífico não apenas pela contemporaneidade dos diálogos, pela leitura irrepreensível dos estereótipos autoritários e corruptos presentes, todos os tempos, em todos os lugares, pelas músicas selecionadas - inclusive a sátira às eguinhas pocotós -, o cenário (embora improvisado) feito de folhas e serragem, os vídeos com foto de Sebastião Salgado (Sem-Terra) e "O Grito", de Edvard Munch, entre outros, mas principalmente pelo envolvimento dos alunos, meninas e meninos de 13/14 anos que, naquele palco épico, sabiam, entenderam o que estavam narrando. E acredito, mesmo, que aprenderam diferenciar um homem de um porco. Até mesmo os pais se tocaram profundamente, haja vista as manifestações que eu vi após a apresentação, dizendo que os filhos tinham aproveitado muito daquele processo de criação coletiva. Parabéns ao professor Juarez e meus votos de que essa ação imitada por outros tantos professores que não se contentam em apenas passar conteúdos e, sim, propiciar aos alunos a oportunidade de construir instrumentos de cidadania.

Parabéns, Altino. Seu blog está cada vez melhor. Continue.
Abraço,

Vilma Botrel Coutinho de Melo
Prof. de Literaturas Estrangeiras Modernas

Anônimo disse...

Altino

Admiro muito suas matérias, essa esta chocante. Até quando iremos ser vítima de uma sociedade ijusta e um sistema de segurança que não funciona?

Deixo aqui minha solidariedade para com a MULHER E MINHA ADMIRAÇÃO PELA CORAGEM.

Abraços

Anônimo disse...

Olá Altino,
Parabéns pela cobertura do chocante caso da médica acreana. Mais uma vez seu blog mostrando ser único e independente.
Tocantes são as palavras poéticas de Márcia Corrêa que refletem bem o que significa toda essa violência. Violência da qual são vítimas mulheres, jovens e crianças em todo o mundo. Infelizmente as palavras tratam de algo que é grotesco, mas que faz parte da nossa realidade. Essa foi a forma com a qual a poetisa encontrou para expressar sua indignação.
Parabenizo Márcia pelas lindas palavras e solidariedade.
Abraço forte,