sexta-feira, 29 de setembro de 2006

JUSTIÇA NA BOLÍVIA

A juíza Irma Villavicencio Suárez (foto), de Santa Cruz de la Sierra, determinou a prisão temporária do médico boliviano Carlos Vaca Justiniano, acusado de abusar sexualmente e de torturar uma brasileira em Montero, cidade onde ela fazia estágio final para formatura em medicina. A juíza considerou inconsistentes os argumentos da defesa, que tentava obter a liberdade do médico. A vitima e o agressor voltaram a se encontrar em audiência pública acompanhada pela imprensa e populares.

Vaca estava detido desde a quarta-feira, após o depoimento que prestou ao fiscal do Ministério Público de Santa Cruz, Carlos Montano Alvarez.

Prevaleceu o argumento do Ministério Público de que o agressor poderia fugir ou coagir a vítima e suas testemunhas. Dessa vez a brasileira contou com apoio judicial do consulado e da advogada contratada por sua família.


O delinqüente boliviano, ainda na presença da juíza, chegou a ameaçar de morte uma assistente da acusação e soltou palavrões quando os policiais o conduziram de volta à prisão. Ele voltou a insistir no argumento torpe de que a justiça boliviana estava defendendo "uma mulher brasileira".

Uma irmã do médico (foto) se ajoelhou aos pés da brasileira e pediu, após a audiência, para que desistisse do processo judicial.

- Imploro clemência a você. Meu irmão é bonito e você pode casar com ele. Atenda meu apelo e desista da ação, pelo amor de Deus - implorou, diante de aproximadamente 40 jornalistas que acompanharam a audiência pública.

A prisão temporária na Bolívia pode durar até seis meses. Para se livrar dela o agressor terá que recorrer à justiça com argumentos bastante consistentes. Mesmo que a justiça venha a atendê-lo, terá que pagar fiança.

Um policial de Montero, a 40 quilômetros de Santa Cruz, procurou a advogada da brasileira para contar ter visto a médica sair cambaleante de um carro, sendo conduzida pelo agressor até à casa dela, na noite se sexta-feira. O policial será apresentado à justiça boliviana como mais uma testemunha em defesa da brasileira.

A médica e seus familiares (a mãe e um irmão) que estão na Bolívia foram levados para a audiência, de Montero até Santa Cruz, em carro do consulado brasileiro. Havia 20 policiais a escoltá-los. Estão sob a proteção do consulado e devem retornar ao Acre até o final da próxima semana.

Mais informações no diário El Deber, de Santa Cruz, cuja reportagem é claramente solidária ao seu patrício.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Se queres ser universal, fala da tua aldeia" (Liev Tolstoi)

Parabéns, Altino! O seu blog está fazendo a diferença no acompanhamento do caso da médica brasileira violentada na Bolívia. Este é um exemplo que mostra a força de um blog independente, que, sem deixar de ser modesto, se torna universal.

Anônimo disse...

Apenas desejo que tudo se desenrole justamente, como deve ser...

Anônimo disse...

Parabéns Altino pela cobertura jornalística sobre este caso. Parabéns à Juíza Boliviana pelo fato "talvez" inédito de enfrentar uma situação dessa natureza e tomar uma decisão justa. As fotos são a verdade pura de um ato brutal contra uma mulher. A legislação nesse caso é universal no sentido de proteção aos mais frágeis e ela a Juíza levou em consideração isso. A Médica, uma mulher, estrangeira, em país diverso do seu onde as relações com o seu País de origem estão estremecidas pelo País onde se encontra é na verdade uma vítima em potencial de pessoas com este tipo de instinto. Sempre na luta em defesa dos outros é o que admiro em você amigo.

Anônimo disse...

sou boliviano, medico, e fiz o meu estágio perto de montero. não conheço o agresor em questão.

mesmo no caso hipotético da acusação ser falsa, o mais terrivel deste caso é o fato de ter uma agrupação politica, de juntas de bairro, tomando partido num caso que corresponde somente á justiça. lembro que em montero as juntas de bairro apoiaram o partido do agora presidente EVO Morales.

por favor, gente, nem tudo mundo na Bolivia está defendendo o violador. acho MUITO PROVAVEL que o homem seja culpável, na Bolívia as vitimas de estupro geralmente ficam caladas, mais a maior parte da população acha reprovável o estupro, e as veces tomam a justiça nas proprias mãos.

espero que neste caso a justiça prevaleça.

Anônimo disse...

Realmente es muy triste leer los comentarios de personas que vivieron en este pais, pero lamentablemente es cierto.
Pero tambien tengo mucha fé en la Justicia Boliviana, porque hasta ahora el caso va por buen camino.
Solo le pido a Dios que les de mucha fuerza y fé a la familia de la medica brazileira para continuar hasta el final y sobretodo para ayudarla a superar este mal momento.