quarta-feira, 19 de julho de 2006

O AMOR SOB O CÉU



Juarez Nogueira


Registre-se a importância do Simpósio "Amazonas Fonte de Vida" como louvável iniciativa de dizer ao homem humanidade. Que bom, ver o Patriarca Bartolomeu pisar na lama, ver a ministra Marina aí contestar a acefalia da fé, ver gente reunida pelo reconhecimento da obra divina.


Triste, ver o veio aberto pela soja, suja mancha parece no corpo da floresta. Mais triste pensar que isso acontece porque o estômago ronca mais alto que qualquer consciência ou ideologia e porque a Legislação e a Educação vão de passo manquitola contra a tratoragem movida pelo interesse político e econômico - de poucos, para poucos, com poucos.

Mas é sobretudo esperançoso reconhecer, como Einstein, cientista de fé, esse esforço de humanidade para atingir uma consciência de valores e reforçar e ampliar seus efeitos sobre a conduta humana.

Eu já disse neste mesmo espaço: que no sexto dia Deus criou o homem para ajudá-lo a tomar conta da criação. No sétimo, Ele tirou para descansar, e muita gente acha que ainda está no sétimo dia, solta no paraíso (já bastante ameaçado, é necessário lembrar), que o descanso é eterno e que Deus está dormindo...


E pensa, confiante de que a Providência divina atenta e misericordiosa cuidará milagrosamente de tudo, que o bom Pai generoso compreenderá as necessidades e vicissitudes desses seus filhos homens e vai se compadecer com seus rogos apenas.

Cá pra nós, no que é da tarefa humana, de que humanamente devemos dar e prestar conta, Deus não faz cair uma folha de árvore. No máximo, Ele se enternece, se alegra, reconhece que não tem motivos para se arrepender quando deu um sopro divino no fio maculado da natureza, ao ver que uns tantos desses filhos cuidam de viver em equilíbrio com a natureza que, de resto, é viver em equilíbrio com o próprio Deus.

Aí, Ele fica feliz como numa brincadeira de criança: Deus joga a bola do mundo para nós, nós devolvemos para Ele, a brincadeira continua, a Terra por si move, o universo por si tece o amor sob o céu que nos abriga.

Altino, abrace por mim, essa gente daí.

Juarez Nogueira é escritor. Mora em Divininópolis (MG). Tirei a foto acima, às 5h13 da manhã de domingo, no Rio Negro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, boa noite.
Sempre que vejo o nome de Juarez aqui no blog, já me preparo para a emoção.
Mas, creio que dessa vez, ele foi além da beleza sempre presente em seus textos.
Quando ao talento se junta o amor ao Criador e às suas criaturas, como neste artigo, o coração parece muito pequeno para conseguir abarcar a beleza das palavras e dos sentimentos que despertam.
Obrigada por essa beleza.

beijos

Anônimo disse...

Fala altino. Tudo índio bem,por las plagas amazônicas ? Meu bom,como escreve bem esse cabra Juarez nogueira.É divino,
e não é toa, que mora em Divinópolis.
Eu continuo estando !!!

Te abraço