quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

DAIME E KAMBÔ



A antropóloga Edilene Coffaci de Lima sugere a leitura de uma reportagem da revista Trip e comenta:

- O sapinho verde, de fato, virou um grande sucesso. Note uma vez mais que o aplicador se diz índio katukina.

Sob o título Vacinado, a revista avisa que, de passagem pela Paraíba, o repórter Bruno Torturra Nogueira(foto), não resistiu aos encantos de uma perereca - o anfíbio, bem entendido - e se rendeu a seu veneno. "Uma viagem, de fato, mas interna: mente e corpo em 40 minutos de vômito, medo e delírio".

- Um sonho estranho evapora na memória quando meus olhos abrem de repente, como em um susto, cinco minutos antes das seis da manhã. Babava em cima do cobertor, e não larguei da mão direita a caneta Bic nas três horas de sono que tive naquele quarto de hotel na Paraíba. Campina Grande, para ser exato. No caderno aberto em cima da cama, as duas últimas linhas das três páginas que escrevi na madrugada eram apenas rabiscos, garranchos de quem não se conformava com o abraço de Morfeu. Uma caligrafia torta para idéias pretensiosas – as deslumbradas impressões de minha primeira experiência com Santo Daime. Setecentos litros da bebida santa haviam sido preparados na noite anterior em uma enorme cerimônia. Eu era o único jornalista presente e não dispensei o copo americano que me foi servido. Não vomitei uma só vez. O efeito, nada fraco, é uma profunda, e portanto estranha, lucidez. Nas seis horas sob o efeito, concentração absoluta. Algo inédito para um resignado disléxico. E quando deitei a cabeça no hotel entendi onde estava Deus naquela bebida. A luz branca da lua que entrava pela janela era sólida. Estava presente no ar. Meu pensamento brotava ordenado, linear como um texto. E, se eu insistia em fechar os olhos, memórias vivas tomavam o escuro e tudo ficava branco. Uma intuição convicta encheu minha alma (sim, leitores, eu tenho uma): tudo vai dar certo. E despejei imagens no caderno. Mas o chá sagrado foi apenas o couvert. Não há tempo nem para ler a tal verborragia. Em 30 minutos deveria estar em um sítio próximo dali para entender melhor do que se trata uma potente secreção de um anfíbio, uma tal de “Medicina do Kambô”, a vacina do sapo - relata Bruno Torturra Nogueira.

Clique aqui para ler a deslumbrada reportagem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Altino
aqui é Bruno, autor da matéria
o que achou do relato?
fiquei muito interessado em entender melhor do que se trata a vacina

abraço

Anônimo disse...

Bruno, seu relato foi honesto na medida em que você mesmo confessou deslumbramento. Envia seu e-mail para altinoma@uol.com.br que a gente conversa melhor. Grato pela visita. Abraço.