terça-feira, 1 de novembro de 2005

ÍNDIOS ISOLADOS



"...por que estes homens são livres e ezentos da minha jurisdição, que os não pode obrigar a sahirem das suas terras para tomarem hum modo de vida de que elles se não agradão, o que se não he rigorozo captiveiro, em certo modo o parece, porque offende a liberdade".


(D. João VI, Rei de Portugal, ao governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, 1718)


Caríssimo Altino,


leitora eventual de seu blog, pois vivo enfiada no mato, nem sempre com acesso à "civilização", o tenho como importante rederencial da florestania acreana. Portanto, espero sua solidária compreensão nesta tentativa de usufruir de seu espaço como "ponte".

Sou jornalista, mas antes disto, indigenista. E lá se vão 20 anos de saudável ostracismo junto à populações indígenas na Amazônia. Gostaria de repassar um convite para nosso prezadíssimo Lúcio Flávio Pinto porque não tenho como contatá-lo em curto prazo.

Lúcio, entre as muitas coisas e causas fundamentais que tão diligentemente tem abraçado na Amazônia, produziu, juntamente com o Raimundo José Pinto e o Ricardo Arnt, o clássico do indigenismo "Panará - a Volta dos Índios Gigantes", editado pelo Instituto Sociambiental, a partir da sensível experiência do fotógrafo Pedro Martinelli.

Estou atualmente em Santarém do Tapajós e me escandaliza tristemente a ausência de divulgação na terrinha do prá lá de merecido Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa conquistado pelo Lúcio Flávio Pinto, bem como o desconhecimento quase geral de sua relevante obra jornalística.

Aqui em Santarém, só muito "vezenquando" o jornal "O Estado do Tapajós" reproduz alguma coisa do "Jornal Pessoal". Parece que não há mesmo profeta em sua própria terra, como já dizia Jesus Cristinho.

Já que Maomé não vai até a montanha, a imprensa brasileira deveria exigir um "habeas corpus honoris causa permanente" para o Lúcio Flávio Pinto.

Estaremos realizando em Belém, de 8 a 11 de novembro, o I Encontro Internacional Sobre Povos Indígenas Isolados na Amazônia.
Trata-se de uma promoção da oordenação Geral de Índios Isolados da FUnai e do Centro de Trabalho Indigenista.

A divulgação está deixando muitíssimo a desejar, mas o encontro pretende a discussão entre especialistas para a produção de instrumentos jurídicos adequados e compatíveis com a gravidade das ameaças que os chamados "índios isolados" têm vivenciado na Amazônia.


Palestrantes do porte do Dr. Dalmo Dallari e do antropólogo Patrick Menget(International Survival) estarão por lá. Os trabalhos estão sendo coordenados pelo sertanista Sydney Possuelo.

Bem, parafraseando o próprio Lúcio Flávio, "índios isolados" não são para amadores, mas os que melhor se envolvem com eles são os que os amam. Pois então, maninho, você pode atender os reclames desta parceira oculta, e passar a bola adiante para o nosso "Passageiro da Utopia"?

É claro que o convite é extensivo à você, caso estejas em plagas paraenses no aludido período. Qualquer esclarecimento adicional, aqui está meu e-mail. E estás desde já autorizado a repassá-lo ao mesmo, se possível.

Que coisa, hein! Ter de fazer ponte entre Santarém e Belém via Acre! A seca desidratou até nossa comunicação local. Segue em anexo o programa do evento, para vocês darem uma "zoiada".

Obrigadíssima, grande abraço e saudações tapajoaras.

Rosa Cartagenes
Santarém - Pará

Nota do blog:
Caríssima parceira oculta, sua mensagem foi repassada ao Lúcio Flávio Pinto. Dê mais notícias ao final do encontro. Bom trabalho!

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre esse seminário sobre índios isolados na Amazonia, gostaria de lembrar que o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Junior est{a sendo boicotado pelo Sydney Possuelo, coordenador de Indios Isolados na Funai. Alem de não ter sido convidado para o seminário -para humilhar, o Sydney convidou um subordinado dele-, Meirelles sofre todo tipo de boicote do chefe da Coordenaç]ao Geral de Indios Isolados, dirigido pelo Sydney, a tal ponto que tem atrapalhado o trabalho que o Meirelles está realizando aqui no estado junto a vários grupos isolados aqui no Acre, especialmente na fronteira internacional com o Peru. Txai