terça-feira, 19 de outubro de 2004

TXAI TERRI AQUINO

Altino vai aí a cópia do e-mail que enviei ainda no início de agosto do corrente ano, mas que você não recebeu porque eu não tinha seu endereço eletrônico correto.

Faça bom uso dele, porque é isso o que penso enquanto antropólogo com quase 30 anos de experiência em nosso Tão Acre, como dizia o saudoso amigo e jornalista acreano, Zé Leite.

Bons dias pra você e, sobretudo, pros índios de nossa terra. Em anexo, segue carta das lideranças indígenas do Acre sobre o mar de lama no convênio UNI-FUNASA.

Nota do blogueiro: quem quiser ler o artigo que escrevi e que originou essa manifestação do antropólogo Terri Vale de Aquino basta clicar em Corrupção une índios e brancos

Eis a opinião do Txai:

Altino, segura essa, que é minha pequena contribuição ao debate sobre a corrupção praticada pelos antigos coordenadores da União das Nações Indígenas (UNI) no convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Espero que a Procuradoria da República no Estado do Acre leve às últimas conseqüências a apuração dos fatos e responsabilize aqueles que efetivamente roubaram recursos públicos destinadas à saúde dos índios do Acre e do Sul do Amazonas.

Ainda não esqueci que foram justamente esses ex-coordenadores da UNI, tendo a frente o Francisco Avelino da Silva (Chico Preto), que, através da Procuradoria da República, levaram a Funai a abrir um processo administrativo contra mim e o Antônio Macedo, justamente para nos demitir desta instituição por justa causa.

Foi justamente por causa desses coordenadores da UNI, hoje destituídos pelo próprio Conselho Deliberativo e Fiscal da entidade, que tive que me exilar durante sete longos anos longe daqui do Acre.

Agora, estou voltando e vejo meus antigos perseguidores sendo acusados pelo próprio Ministério Público Federal e por parte considerável das lideranças indígenas acreanas de terem desviado e roubado grande parte dos recursos do convênio UNI-Funasa.

Até parece ironia do destino que isso esteja ocorrendo justo no momento de meu retorno ao Acre. Quanto ao nosso amigo, o deputado Moisés Diniz, só tenho a dizer que ele tem razão quando diz que também os brancos contribuíram para a situação em que se encontra atualmente a UNI, a começar por aqueles que partidarizaram a questão indígena e cooptaram boa parte dos coordenadores da UNI e outras lideranças indígenas para se filiarem em partidos políticos, sobretudo no partido do nobre deputado, o PC do B.

Essa UNI que está caindo de podre, é também a UNI da dona Denise Garrafiel, do seu Jacó César Picolli, da advogada Jandira Kepp da IECLB e de tantos outros que sempre apoiaram seus antigos coordenadores.

É melhor o nosso deputado ficar quieto. Não adianta esconder o sol, nossa estrela maior, com peneiras e desculpas esfarrapadas, porque senão muitas coisas feias vão aparecer e serem ditas pelos próprios índios que não concordam com a partidarização do movimentos indígena e tampouco se deixaram corromper.

Essa conversa fiada de "índios limpos" (desconheço essa nova categoria de índios aqui no Acre) é papo furado de branco. Diz para o nobre deputado conversar com o procurador da República, o doutor Marcus Vinícius, que ele vai ficar sabendo o que, de fato, já foi apurado sobre os desvios de recursos do convênio UNI-FUNASA e quais os índios e brancos que estão sendo responsabilizados por toda essa sujeira.

Acredito que depois de ouvir o Procurador, ele vai ficar bem quietinho, com o rabo preso entre as próprias pernas. Acho agora que a responsabilidade é toda do nosso brilhante procurador da República, que não deve, no meu humilde entendimento, desfocar a apuração dos fatos, até mesmo porque a omissão e a impunidade não combinam muito bem com Justiça.

As lideranças das organizações e das terras indígenas, além de setores esclarecidos da opinião pública acreana, entre os quais me incluo e, creio, você também, reivindicamos (melhor do que usar a palavra exigimos) transparência e rigor na apuração dos fatos, com a conseqüente punição dos responsáveis, índios e brancos, pelos desvios de recursos públicos destinados pelo governo federal à saúde dos índios de nossa região, que hoje vivem entregues a própria sorte e sem nenhuma assistência em suas aldeias e comunidades.

Com a palavra a sua excelência, o senhor doutor, Marcus Vinícius.

Um abraço do Txai Terri Vale de Aquino.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por favor, explique um pouco mais sobre a frase " essa UNI do seu Jacó Cesar Picolli".
O que aconteceu ?
Obrigada.
Maria Helena